O Santo Rosário através das Visões da Beata Ana Catarina Emmerich
A Beata Ana Catarina Emmerich, mística alemã do século XIX, teve visões sobre a vida de Jesus e Maria. Neste artigo, apresentamos suas visões sobre o Santo Rosário.
A Beata Ana Catarina Emmerich (8 de setembro de 1774 — 9 de fevereiro de 1824), a grande mística alemã, passou sua vida oculta em piedosa contemplação. Esta mulher pobre foi desprezada pelo mundo e viveu seus dias em reclusão monástica, inicialmente em um convento agostiniano e, mais tarde, após a dissolução de seu convento, em aposentos simples na casa de uma piedosa viúva. Ana sofreu em corpo e espírito com diversos sofrimentos sobrenaturais, culminando na experiência dos estigmas.
Desde seus primeiros anos, Ana foi agraciada com uma alma extraordinariamente sensível e uma intimidade quase inata com as coisas do Deus Todo-Poderoso, de tal forma que ela fez amizade com seu anjo da guarda e chegou a experimentar, em oração, visões sensoriais das vidas de Nosso Senhor Bendito, de Sua santa Mãe e de muitos outros personagens da história da salvação.
Os registros de suas visões foram publicados e estão disponíveis em formato impresso e digital pela The Catholic Way Press. Essas revelações são uma lente para as verdades da Sagrada Tradição e nos oferecem muitos detalhes que não foram registrados na Sagrada Escritura. Muitas obras de arte, literatura e devocionais populares extraíram detalhes importantes das revelações concedidas a esta humilde religiosa alemã; ao mesmo tempo, algumas das joias reveladas à Beata Ana Catarina permaneceram ocultas, pouco conhecidas e raramente mencionadas, mesmo em círculos piedosos. Alguns leitores podem inicialmente achar algumas dessas revelações contidas nos mistérios do Rosário aparentemente "fantásticas", ou seja, muito além do ordinário. Sempre que tal pensamento surgir, peço-lhe que se permita meditar sobre o mistério e lembre-se sempre de que não estamos tratando de eventos de um conteúdo meramente humano, mas sim de eventos impregnados do sobrenatural. Se a vida dos grandes santos—como São Padre Pio, Santa Teresa de Ávila, Santa Gemma Galgani e muitos outros—foi repleta de fenômenos místicos, não seria natural presumir que o Santo dos Santos, o Deus-homem, e Sua santa Mãe, teriam vidas em um plano espiritual muito acima do nosso, habitando um ambiente permeado pelo angélico, pela oposição demoníaca e pela exaltação da natureza criada ao reconhecer seus Senhores e Criadores?
O compilador deste pequeno livro não reivindica originalidade, expertise ou invenção; ele apenas se propõe a ter revisado cuidadosamente os escritos desta mulher devota e piedosa e os organizado de maneira a facilitar a recitação do Santo Rosário. Para alguns dos mistérios, nossa santa nos ofereceu muitos detalhes belíssimos, e é esperança do editor que a meditação sobre esses breves segmentos inspire os leitores a aprofundar-se ainda mais em seus escritos e, quem sabe, até a preparar uma compilação semelhante—e, espera-se, muito mais ampla—do que a aqui apresentada.
Se estiver rezando o Rosário sozinho, sugere-se que leia o texto introdutório antes de iniciar o Pai Nosso; em seguida, os dez parágrafos de meditação podem ser lidos antes ou durante cada Ave-Maria. Em um grupo, um líder deve ler cada parágrafo em voz alta e iniciar cada Ave-Maria. A experiência do editor mostra que, para uso privado, com uma leitura silenciosa e orante de cada passagem, a recitação de cinco mistérios levará pelo menos 30 minutos, podendo chegar a 45 para algumas pessoas. Se sentir a graça de Deus movendo-o a uma contemplação mais simples de um mistério enquanto lê um parágrafo, não resista ao Espírito Santo—permita-se descansar no afeto (a resposta do coração) que o Deus Todo-Poderoso desperta dentro de sua alma.
Rezemos pelas intenções de Nossa Senhora, pela conversão de todo o mundo à única verdadeira Fé Católica, pela santificação do clero e pelo alívio das almas sofredoras no Purgatório.
Além dos Quinze Mistérios do Santo Rosário, também foram incluídas MEDITAÇÕES para aqueles que desejam contemplar os mistérios propostos pelo Papa São João Paulo II—os Mistérios da Luz—e, adicionalmente, um outro conjunto de mistérios preparados pelo autor, os Mistérios da Esperança. Esses mistérios adicionais permitem ao leitor contemplar eventos revelados por nossa visionária que antecedem os Mistérios Gozosos. Eles são: a Criação, a Promessa do Redentor e da Corredentora a nossos Primeiros Pais, o Nascimento da Imaculada Virgem Maria, a Apresentação de Maria no Templo e os Castos Esponsais de Maria e José.
É costume iniciar o Santo Rosário com o Sinal da Cruz, o Credo dos Apóstolos e, em seguida, pelas intenções do Santo Padre, um Pai Nosso, uma Ave-Maria e um Glória ao Pai. Após a recitação dos cinco mistérios, conclui-se com algumas orações centradas na Salve Rainha, que estão contidas no final desta obra.
Sumário
- Mistérios Gozosos
- Mistérios Dolorosos
- Mistérios Gloriosos
- Mistérios Luminosos
- Mistérios da Esperança
Mistérios gozosos (#misterios-gozosos)
A Anunciação
O fruto deste mistério: O Dom da Piedade
Aqui, em Nazaré, é diferente de Jerusalém, onde as mulheres devem permanecer no átrio exterior e não podem entrar no Templo, onde apenas os sacerdotes podem adentrar o Santo Lugar. Aqui, em Nazaré, nesta igreja, uma virgem é, ela mesma, o Templo, e o Santíssimo está dentro dela, e o sumo sacerdote está dentro dela, e ela está sozinha com Ele. Oh, como isso é belo e maravilhoso, e, ao mesmo tempo, tão simples e natural! Cumpriram-se as palavras de Davi no Salmo 45: “O Altíssimo santificou o seu próprio tabernáculo; Deus está no meio dele, não será abalado”.
PAI NOSSO
Pai nosso que estais no céu, santificado seja o Vosso nome; venha a nós o Vosso reino; seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
AVE-MARIA x10
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.
MEDITAÇÕES
- Pouco depois do casamento da Santíssima Virgem, vi-a na casa de José, em Nazaré, para onde fui conduzida pelo meu guia. José havia partido com dois jumentos—creio que para buscar suas ferramentas ou algo que herdara. Parecia-me que ele estava a caminho de casa. A Santíssima Virgem entrou e foi até a cortina atrás de sua cama, onde vestiu uma longa túnica branca de lã, usada para a oração, com um largo cinto, e cobriu a cabeça com um véu branco-amarelado.
- Maria deixou o véu cair sobre o rosto e cruzou as mãos (mas não os dedos) diante do peito. Vi-a orando fervorosamente por muito tempo, com o rosto erguido para o céu. Ela implorava a Deus pela redenção, pelo Rei prometido, e suplicava que sua oração pudesse ter alguma participação em Sua vinda. Permaneceu ajoelhada por longo tempo, em êxtase de oração; então inclinou a cabeça sobre o peito.
- Mas agora, à sua direita, uma torrente de luz desceu em linha oblíqua do teto do quarto, de tal forma que me senti pressionada contra a parede próxima à porta.
- Vi, nessa luz, um jovem resplandecente e branco, com longos cabelos dourados, descendo diante dela. Era o Anjo Gabriel. Ele afastou suavemente os braços do corpo enquanto falava com ela. Vi as palavras saindo de sua boca como letras brilhantes; eu as li e as ouvi.
- Maria virou ligeiramente a cabeça velada para a direita, mas estava tímida e não olhou para cima. O anjo continuou a falar e, como que por sua ordem, Maria virou-se um pouco para ele, levantou ligeiramente o véu e respondeu. O anjo falou novamente, e Maria ergueu o véu, olhou para ele e respondeu com as palavras santas: "Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra."
- A Santíssima Virgem foi envolvida em êxtase. O quarto ficou repleto de luz; já não via mais o brilho da lâmpada acesa, nem o teto do aposento. O céu parecia abrir-se, um caminho de luz fez-me olhar acima do anjo, e na fonte desse fluxo luminoso vi uma figura da Santíssima Trindade na forma de um esplendor triangular que irradiava sobre si mesmo. Nisso reconheci—aquilo que só pode ser adorado e jamais expresso—o Deus Todo-Poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo, e, no entanto, um só Deus onipotente.
- Assim que a Santíssima Virgem pronunciou as palavras "Faça-se em mim segundo a tua palavra", vi o Espírito Santo na aparência de uma figura alada, mas não na forma de uma pomba, como comumente se representa. A cabeça era semelhante ao rosto de um homem, e a luz se expandia como asas ao lado da figura, do peito e das mãos da qual vi três raios de luz descendo para o lado direito da Santíssima Virgem e unindo-se ao alcançá-la. Essa luz que se derramava sobre ela fez com que Maria se tornasse completamente inundada de brilho e como que transparente; tudo o que era opaco pareceu desaparecer como as trevas diante dessa luz. Naquele momento, ela foi tão penetrada pela luz que nada escuro ou oculto permaneceu nela; todo o seu ser resplandecia e era impregnado pela claridade divina.
- Enquanto eu via tudo isso no quarto de Maria, tive uma sensação estranha. Eu estava em um estado de constante temor, como se estivesse sendo perseguida, e subitamente vi uma serpente horrenda rastejando pela casa e subindo os degraus até a porta onde eu estava. A criatura abominável alcançou o terceiro degrau quando a luz se derramou sobre a Santíssima Virgem. A serpente tinha entre noventa centímetros e um metro de comprimento, uma cabeça larga e achatada, e, sob o peito, duas patas curtas e esqueléticas, semelhantes às asas de um morcego, com as quais se impulsionava para frente. Estava coberta de manchas de cores horríveis e me lembrou a serpente do Jardim do Éden, mas terrivelmente deformada. Quando o anjo desapareceu do quarto da Santíssima Virgem, ele pisou a cabeça desse monstro que jazia diante da porta, e ele soltou um grito tão horrendo que estremeci. Então vi três espíritos aparecerem, expulsando o monstro da frente da casa com golpes e chutes.
- Depois que o anjo desapareceu, vi a Santíssima Virgem envolta no mais profundo êxtase. Vi que ela reconhecia a Encarnação do Redentor prometido dentro de si, na forma de uma pequenina figura humana de luz, perfeitamente formada em todas as suas partes, até os minúsculos dedos.
- Foi à meia-noite que vi esse mistério acontecer. Depois de algum tempo, Ana e outras mulheres entraram no quarto de Maria. Haviam sido despertadas por uma estranha comoção na natureza. Uma nuvem de luz apareceu sobre a casa. Quando viram a Santíssima Virgem ajoelhada sob a lâmpada, em êxtase de oração, retiraram-se respeitosamente.
GLÓRIA AO PAI
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
ORAÇÃO DE FÁTIMA
Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu, e socorrei principalmente as que mais precisarem da Vossa misericórdia.
A Visitação
Fruto deste Mistério: Devoção a Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiramente presente no Santíssimo Sacramento do Altar.
Com a saudação do Anjo, a Santíssima Virgem foi consagrada como a Igreja. Com as palavras: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”, o Verbo entrou nela, saudado pela Igreja, por sua serva. Deus estava agora em Seu Templo, Maria era agora o Templo e a Arca da Nova Aliança. A saudação de Isabel e o movimento de João no ventre de sua mãe foram o primeiro ato de adoração da comunidade na presença desta Santa Realidade. Quando a Santíssima Virgem proferiu o Magnificat, a Igreja da Nova Aliança, das novas Núpcias, celebrou pela primeira vez o cumprimento das promessas divinas da Antiga Aliança, das antigas Núpcias, e derramou sua ação de graças com um Te Deum laudamus. Ah, quem pode expressar a maravilha de ver a devoção da Igreja para com o Salvador antes mesmo de Seu Nascimento!
PAI NOSSO
Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o Vosso nome; venha a nós o Vosso Reino; seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
AVE-MARIA 10x
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.
MEDITAÇÕES
- Alguns dias após a Anunciação, São José retornou a Nazaré e fez novos arranjos para trabalhar em sua oficina na casa. Ele nunca tinha morado em Nazaré antes e não tinha passado mais do que alguns dias ali. José nada sabia da Encarnação; Maria era a Mãe do Senhor, mas também a serva do Senhor, e ela guardava Seu segredo com toda humildade.
- Quando a Santíssima Virgem sentiu que o Verbo se havia feito Carne em seu ventre, teve um grande desejo de visitar imediatamente sua prima Isabel, em Juttah, perto de Hebron, a quem o anjo lhe dissera estar grávida de seis meses.
- A casa de Zacarias ficava no alto de uma colina, isolada. Outras casas estavam agrupadas ao redor. Não muito longe, um riacho caudaloso descia da montanha. Parecia-me o momento em que Zacarias estava retornando para casa após a Páscoa em Jerusalém. Vi Isabel, movida por um grande anseio, saindo de casa e caminhando por um longo trecho a caminho de Jerusalém. Vi como Zacarias ficou alarmado ao encontrar Isabel tão longe de casa, em sua condição. Ela lhe disse que sentia um grande agito no coração, pois não conseguia parar de pensar que sua prima Maria de Nazaré estava vindo visitá-la.
- Zacarias tentou afastar essa impressão de sua mente e explicou-lhe, por gestos e escrevendo em uma tábua, quão improvável era que uma mulher recém-casada empreendesse uma viagem tão longa naquele momento. Eles voltaram juntos para casa. No entanto, Isabel não conseguia abandonar essa expectativa, pois sonhara que uma de suas parentes se tornara mãe do prometido Messias. Imediatamente pensou em Maria, ansiou por vê-la e, em espírito, percebeu-a à distância, a caminho.
- No dia seguinte, Isabel permaneceu por um longo tempo esperando e observando a estrada à espera da visitante. Depois, levantou-se e caminhou uma longa distância para encontrá-la. Sua cabeça estava coberta com um véu. Ela conhecia a Santíssima Virgem apenas por ouvir falar. Maria a viu de longe e a reconheceu imediatamente. Correu ao seu encontro, enquanto José, discretamente, permaneceu para trás.
- Elas se cumprimentaram calorosamente com as mãos estendidas e, naquele momento, vi um brilho resplandecente na Santíssima Virgem e, como se fosse, um raio de luz passando dela para Isabel, enchendo-a de uma alegria maravilhosa. Elas não permaneceram perto das pessoas das casas, mas seguiram, de braços dados, pelo pátio até a casa. Na porta, Isabel mais uma vez deu as boas-vindas a Maria, e então entraram.
- Vi novamente uma radiância que emanava de Maria para Isabel, que ficou repleta de luz. Seu coração foi preenchido de santa alegria. Ela recuou, ergueu a mão e exclamou, cheia de humildade, alegria e exaltação:
“Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! E de onde me vem esta honra de vir a mim a mãe do meu Senhor? Pois assim que a voz da tua saudação chegou aos meus ouvidos, o menino saltou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada és tu que creste, porque se cumprirão as coisas que te foram ditas pelo Senhor.”
- Ao dizer estas últimas palavras, Isabel levou Maria para o pequeno aposento que havia preparado, para que pudesse sentar-se e descansar após sua viagem. Era apenas a alguns passos dali. Maria soltou o braço de Isabel, que segurava, cruzou as mãos sobre o peito e recitou o Magnificat com exultação. Vi que Isabel seguiu em oração durante todo o Magnificat, no mesmo estado de exaltação. Oh, eu estava tão feliz! Rezei com elas o tempo todo e depois me sentei perto delas: oh, eu estava tão feliz!
- À noite, enquanto observava as duas santas mulheres em oração, tive muitas visões e explicações sobre o Magnificat e sobre a vinda do Santíssimo Sacramento na atual condição da Santíssima Virgem. A partir da passagem do Magnificat “Manifestou o poder do seu braço”, vi várias imagens do Antigo Testamento simbolizando o Santíssimo Sacramento do Altar. Vi muitas coisas, de Abraão a Isaías, e de Isaías à Santíssima Virgem. Em tudo, sempre contemplava a vinda do Santíssimo Sacramento à Igreja de Jesus Cristo, que ainda repousava no ventre de Sua Mãe.
- Durante a oração de Maria, vi uma sucessão contínua de todos os seus ancestrais. Ao longo do tempo, seguiam-se três vezes quatorze gerações, nas quais o filho sucedia diretamente ao pai. De cada um desses casamentos, vi um raio de luz projetado em direção a Maria, que permanecia em oração. Toda a visão crescia diante dos meus olhos como uma árvore genealógica feita de ramos de luz, tornando-se cada vez mais nobre, até que, finalmente, em um ponto mais definido dessa árvore luminosa, vi brilhar ainda mais fortemente a santa e imaculada carne e sangue de Maria, da qual Deus se tornaria Homem. Rezei a ela com anseio e esperança, feliz como uma criança que contempla a árvore de Natal iluminada diante de si. Foi uma imagem da vinda de Jesus Cristo na carne e de Seu Santíssimo Sacramento.
GLÓRIA AO PAI
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre, por todos os séculos dos séculos. Amém.
ORAÇÃO DE FÁTIMA
Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem da Vossa misericórdia.
O Nascimento de Jesus Cristo
Fruto deste Mistério: Perfeita Conformidade com a Santa Vontade de Deus.
Nestas imagens do Nascimento de Cristo, que vejo como um evento histórico e não apenas como uma Festa da Igreja, não percebo tanta alegria radiante e extática na natureza como na noite de Natal, quando a visão que tenho expressa um significado interior. Vi, nesta visão, uma alegria incomum e um movimento extraordinário à meia-noite em muitos lugares, até os confins da terra. Vi os corações de muitos homens bons cheios de um anseio jubiloso, enquanto todos os ímpios eram tomados por grande temor. Vi muitos animais cheios de alegria; em alguns lugares, vi flores, ervas e arbustos brotando, e árvores absorvendo refrigério e espalhando perfumes doces. Vi muitas fontes de água jorrando e aumentando.
PAI NOSSO
Pai nosso que estais no céu, santificado seja o Vosso nome. Venha a nós o Vosso Reino. Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
AVE-MARIA x10
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.
MEDITAÇÕES
- Vi a Santíssima Virgem na casa. Ela estava avançada na gravidez e sentada em um quarto trabalhando com outras mulheres. Ana pensava que Maria daria à luz em sua casa, e que todos os seus parentes viriam visitá-la ali. Por isso, preparou tudo de maneira muito generosa, com cobertores e tapetes especialmente bonitos.
- Hoje vi a Santíssima Virgem e sua mãe Ana na casa em Nazaré, onde José lhes revelou o que lhe havia sido dito na noite anterior. Depois disso, retornaram à casa de Ana, e eu as vi se preparando para partir imediatamente. Ana estava aflita. A Santíssima Virgem devia saber que daria à luz em Belém, mas permaneceu em silêncio por humildade. Ela sabia disso pelos escritos dos Profetas sobre o nascimento do Messias, todos os quais guardava em seu pequeno armário em Nazaré.
- Nesta manhã, vi os santos viajantes chegarem a um campo aberto chamado Ginim, a seis horas de viagem de Nazaré, onde o anjo havia aparecido a José dois dias antes. Ana possuía um pasto ali e os empregados foram chamados para buscar a jovem jumenta que José deveria levar consigo. Ela ora corria à frente deles, ora ao lado. Ana e Maria de Cléofas despediram-se com ternura dos viajantes e voltaram para casa com os empregados.
- Vi a Sagrada Família algumas horas de viagem além desse último lugar, seguindo à noite em direção a uma montanha por um vale muito frio. Parecia haver geada no chão. José falou a Maria sobre a boa hospedagem que esperava encontrar para ela em Belém. Disse que conhecia uma casa com pessoas muito boas, onde encontrariam um alojamento confortável por um custo muito baixo. Era melhor pagar algo do que ser acolhido de graça, disse ele. Falava muito bem de Belém em geral e consolava a Santíssima Virgem de todas as formas possíveis. (Isso me entristeceu, porque eu sabia bem que as coisas se desenrolariam de forma muito diferente. Até mesmo este homem santo cedeu a esperanças humanas).
- José voltou para ela muito aflito; não encontrara abrigo. Seus amigos, sobre os quais falara à Santíssima Virgem, mal o reconheceram. Ele estava em lágrimas, e Maria o consolou. Disse que não tivera sucesso, mas sabia de um lugar fora da cidade, pertencente aos pastores, que muitas vezes iam para lá com seus rebanhos. Ali, pelo menos, encontrariam abrigo. Disse que conhecia o lugar desde a infância; quando seus irmãos o atormentavam, ele frequentemente fugia para se esconder ali e rezar. Foi-me contado muito sobre a caverna da Natividade e seu significado simbólico e profético nos tempos do Antigo Testamento.
- Maria disse a São José que essa noite, à meia-noite, seria a hora do nascimento da criança, pois então se completariam os nove meses desde a Anunciação. Ela pediu que ele fizesse tudo o que fosse possível para que pudessem honrar da melhor forma possível a criança prometida por Deus e concebida sobrenaturalmente. Pediu-lhe também que se unisse a ela em oração pelos corações endurecidos que haviam lhes negado abrigo.
- José ficou à entrada da caverna onde preparara seu local de descanso. Ao olhar para a Santíssima Virgem, viu-a com o rosto voltado para o leste, ajoelhada no leito, de costas para ele. Viu-a cercada por chamas, e toda a caverna parecia estar repleta de luz sobrenatural. Contemplou-a como Moisés diante da sarça ardente; então retirou-se para seu pequeno aposento, cheio de santo temor, e lançou-se ao chão em oração.
- Vi o esplendor ao redor da Santíssima Virgem aumentar cada vez mais. A luz das lâmpadas acesas por José já não era visível. A Santíssima Virgem estava ajoelhada sobre o tapete, envolta numa túnica ampla e solta ao seu redor, com o rosto voltado para o leste. À meia-noite, estava arrebatada em êxtase de oração. Vi-a elevada da terra, de modo que pude ver o chão abaixo dela. Suas mãos estavam cruzadas sobre o peito. O esplendor ao seu redor aumentava; tudo, até mesmo as coisas inanimadas, pareciam vibrar de alegria interior. As pedras do teto, das paredes e do chão da caverna pareciam ganhar vida na luz. Então, já não vi mais o teto da caverna; um caminho de luz se abriu acima de Maria, subindo com glória crescente até as alturas do céu.
- A Santíssima Virgem, elevada em êxtase, agora contemplava para baixo, adorando seu Deus, de quem se tornara Mãe e que jazia sobre a terra diante dela na forma de um frágil recém-nascido. Vi nosso Redentor como uma criança pequenina, resplandecente com uma luz que sobrepujava todo o brilho ao redor, e deitado sobre o tapete aos pés da Santíssima Virgem.
- Cerca de uma hora após o nascimento, Maria chamou São José, que ainda estava em oração. Quando se aproximou, ele prostrou-se no chão em santa alegria e humildade. Só quando Maria lhe pediu que acolhesse com alegria e gratidão o santo dom do Altíssimo, ele se levantou, tomou o Menino Jesus nos braços e louvou a Deus com lágrimas de felicidade.
GLÓRIA AO PAI
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre, por todos os séculos dos séculos. Amém.
ORAÇÃO DE FÁTIMA
Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu, especialmente as que mais precisarem da Vossa misericórdia.
A Purificação de Maria e a Apresentação do Menino Jesus no Templo
Fruto deste Mistério: Santa Preparação para encontrar o Senhor.
Os dias estavam quase cumpridos quando a Santíssima Virgem deveria, conforme a Lei, apresentar e resgatar seu primogênito no Templo. Tudo foi preparado para a viagem da Sagrada Família, primeiro ao Templo e depois para sua casa em Nazaré. Maria rezava o tempo todo e parecia se preparar para a cerimônia que se aproximava. Ao mesmo tempo, foi-me revelado como alguém deve se preparar para receber a Sagrada Comunhão.
PAI NOSSO
Pai nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
AVE-MARIA (10x)
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.
MEDITAÇÕES
- Tive uma visão do ancião Simeão. Ele era um homem magro, muito idoso, com uma barba curta. Era um sacerdote comum, casado e com três filhos adultos. Vi Simeão, que morava perto do Templo, atravessar uma passagem estreita e escura nas muralhas do Templo até uma pequena cela abobadada, construída na espessura da parede. O velho Simeão ajoelhou-se nessa pequena cela, absorto em oração. Então, a aparição de um anjo surgiu diante dele e o advertiu para que tomasse cuidado com a primeira criança que seria apresentada na manhã seguinte, pois este era o Messias que ele tanto esperava. Depois de vê-Lo, ele logo morreria. Vi isso com muita clareza; o aposento estava iluminado, e o santo ancião brilhava de alegria. Depois, vi-o ir para casa e contar com grande júbilo à sua esposa o que lhe fora anunciado. Após sua esposa ir para a cama, vi Simeão voltar à oração.
- Esta manhã, enquanto ainda estava escuro, vi a Sagrada Família, acompanhada pelos hóspedes da estalagem, deixando o local e dirigindo-se a Jerusalém, ao Templo, com os cestos de oferendas e com o jumentinho carregado para a viagem. Entraram em um pátio murado do Templo. Enquanto José e o estalajadeiro abrigavam o jumentinho em um estábulo, a Santíssima Virgem e seu Filho foram gentilmente recebidos por uma mulher idosa e conduzidos ao Templo por um corredor coberto. Levava-se uma luz, pois ainda era noite. Assim que entraram no corredor, o velho sacerdote Simeão veio ao encontro da Santíssima Virgem, cheio de expectativa.
- A Santíssima Virgem foi conduzida por sua guia até os pátios exteriores do Templo, onde a cerimônia ocorreu. Ali, foi recebida por Noemi, sua antiga professora, e por Ana, ambas residentes nessa parte do Templo. Ana, a quem José entregou o cesto com as oferendas, seguiu Maria juntamente com Noemi. As pombas estavam na parte inferior do cesto; acima delas havia um compartimento com frutas. José entrou por outra porta na área reservada aos homens. Muitas lâmpadas ardiam nas paredes, formando pirâmides de luz.
- Simeão aproximou-se então da Santíssima Virgem, que segurava o Menino Jesus em seus braços, envolto em uma manta azul-celeste, e a conduziu até a mesa onde ela depositou a Criança no berço. A partir desse momento, vi uma luz indescritível preencher o Templo. Vi que o próprio Deus estava presente, e sobre o Menino, os céus se abriram para revelar o Trono da Santíssima Trindade.
- Simeão permaneceu de pé ao lado de Maria, diante da mesa de oferenda. O sacerdote que estava atrás dela ergueu o Menino Jesus do berço e O segurou em direção aos diferentes lados do Templo, fazendo uma longa oração. Depois, entregou a Criança a Simeão, que O devolveu aos braços de Maria e rezou sobre ela e o Menino, lendo de um pergaminho pendurado ao seu lado.
- No final da cerimônia, Simeão aproximou-se de Maria, tomou o Menino Jesus em seus braços e falou longamente em êxtase de alegria, agradecendo a Deus por ter cumprido Sua Promessa. Ele concluiu com o cântico do Nunc Dimittis. Após a apresentação, José se aproximou, e ele e Maria ouviram com grande reverência as palavras inspiradas de Simeão dirigidas à Santíssima Virgem.
- Quando Simeão terminou de falar, a profetisa Ana também foi tomada pela inspiração e proclamou em alta voz sobre o Menino Jesus, saudando Sua Mãe como bem-aventurada. Vi que os presentes estavam profundamente comovidos com tudo isso. Os sacerdotes também pareciam perceber algo do que estava acontecendo; os corações de todos os presentes foram grandemente tocados, e todos demonstravam profunda reverência ao Menino e à Sua Mãe. Maria resplandecia como uma rosa celestial.
- A Sagrada Família, aparentemente, fez a mais humilde das oferendas; mas José entregou secretamente a Ana e ao velho Simeão várias peças triangulares de ouro, destinadas especialmente às jovens pobres que estavam sendo criadas no Templo e não tinham condições de arcar com os custos.
- Vi que Simeão adoeceu imediatamente ao retornar para casa, após sua profecia na Apresentação de Jesus. Mas ele falava com muita alegria à sua esposa e filhos. Esta noite, vi que hoje seria o dia de sua morte. De muitas coisas que vi, só posso recordar isto: Simeão, deitado em seu leito, falou com fervor à sua esposa e filhos sobre a salvação que chegara a Israel e sobre tudo o que o anjo lhe anunciara. Sua alegria era comovente.
- Vi um altar surgir no centro de uma Igreja—não um altar como os de nossas igrejas hoje, mas um altar simples. Sobre ele havia uma pequena árvore, semelhante à Árvore do Conhecimento no Jardim do Éden, com folhas largas e pendentes. Então vi a Santíssima Virgem erguer-se diante do altar com o Menino Jesus em seus braços, como se tivesse surgido da terra; e vi a árvore sobre o altar curvar-se diante dela e depois secar. Penso que o murchar da Árvore do Conhecimento ao surgir Maria e a passagem do Menino no altar para a Santíssima Trindade significavam a reunificação da humanidade com Deus.
GLÓRIA AO PAI
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
ORAÇÃO DE FÁTIMA
Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu e socorrei principalmente as que mais precisarem da Vossa misericórdia. Amém.
O Encontro do Menino Jesus no Templo
Fruto deste Mistério: Submissão do Intelecto e da Vontade aos Ensinamentos de Jesus Cristo.
Jesus já ensinava há duas horas quando José e Maria entraram no Templo. Eles perguntaram sobre seu Filho aos levitas que conheciam e receberam a resposta de que Ele estava com os doutores na sala de ensino. Mas, como não tinham permissão para entrar naquele local, enviaram um dos levitas para chamar Jesus. Jesus enviou-lhes a mensagem de que deveria primeiro terminar o que estava fazendo. Maria ficou muito aflita com o fato de Ele não obedecer imediatamente, pois esta foi a primeira vez que Ele deu a entender a Seus pais que tinha outras ordens além das deles para cumprir. José ficou impressionado e admirado, mas manteve um silêncio humilde.
PAI NOSSO
Pai nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso Reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
AVE-MARIA (10x)
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.
MEDITAÇÕES
- Eu vi Jesus ajudando Seus pais de todas as formas possíveis, tanto em casa quanto na rua e sempre que surgia a oportunidade, auxiliando alegremente e com disposição a todos. Ele ajudava Seu pai adotivo em seu ofício ou dedicava-Se à oração e contemplação. Era um modelo para todas as crianças de Nazaré. A partir de Seus doze anos, Jesus sempre se comportava como um mestre entre Seus companheiros. Ele frequentemente sentava-se entre eles para instruí-los ou caminhava pelo campo com eles.
- Jesus era alto e esbelto, com um rosto delicado e uma expressão radiante; embora pálido, tinha uma aparência saudável. Seus cabelos dourados, perfeitamente lisos, eram repartidos sobre Sua alta e aberta testa e caíam sobre Seus ombros. Ele vestia uma túnica longa de cor cinza-amarronzada, que chegava até os pés, com mangas largas ao redor das mãos. Aos oito anos de idade, Jesus foi pela primeira vez com Seus pais a Jerusalém para a Páscoa e, a partir de então, fazia essa peregrinação anualmente.
- Desde essas primeiras visitas, Jesus já chamava a atenção em Jerusalém entre os amigos com quem Ele e Seus pais ficavam, bem como entre os sacerdotes e doutores. Falava-se sobre a piedade e inteligência da Criança, sobre o extraordinário Filho de José, da mesma forma que entre nós, durante peregrinações anuais, algumas pessoas piedosas e humildes podem ser notadas e reconhecidas no ano seguinte. Assim, quando fez a viagem pela quinta vez aos doze anos, Jesus já tinha alguns conhecidos na cidade. Seus pais costumavam viajar com as pessoas de sua região e sabiam que Jesus, que já fazia essa jornada há anos, sempre caminhava com os outros jovens de Nazaré.
- Mas, desta vez, Jesus separou-Se de Seus companheiros perto do Monte das Oliveiras. Os companheiros pensaram que Ele havia seguido com Seus pais, que vinham atrás, enquanto Maria e José acreditaram que Ele estivesse à frente, com os jovens de Nazaré. No entanto, Jesus havia ido para o lado de Jerusalém mais próximo de Belém, ao mesmo albergue onde a Sagrada Família se hospedara antes da Purificação de Maria.
- Quando os grupos finalmente se reuniram, a angústia de Maria e José ao perceberem Sua ausência foi enorme. Retornaram imediatamente a Jerusalém, procurando-O pelo caminho e em toda a cidade, mas não conseguiram encontrá-Lo, pois Ele não estava onde costumavam ficar hospedados. Jesus havia dormido no albergue perto do portão de Belém, onde as pessoas O conheciam e conheciam Seus pais.
- O menino Jesus havia se juntado a outros jovens em Jerusalém e visitado duas escolas da cidade: no primeiro dia, uma; no segundo, outra. Na manhã do terceiro dia, foi a uma terceira escola no Templo e, à tarde, entrou no próprio Templo, onde Seus pais O encontraram. Essas escolas eram diferentes entre si e nem todas ensinavam apenas a Lei; outras matérias também eram ensinadas. A última ficava próxima ao Templo e dela eram escolhidos os levitas e sacerdotes.
- Jesus, com Suas perguntas e respostas, causou tanta admiração e embaraço entre os doutores e rabinos de todas essas escolas que eles decidiram, na tarde do terceiro dia, humilhá-Lo publicamente no salão de ensino do Templo, na presença dos mais renomados rabinos de diversas áreas do conhecimento. Eles haviam combinado isso entre si, pois, embora inicialmente impressionados, sentiram-se desafiados por Ele.
- Eles se reuniram no salão de ensino público, no pórtico do Templo, diante do Santuário, no local onde mais tarde Jesus também ensinaria. Vi Jesus sentado em uma grande cadeira, que Ele não preenchia completamente. Ao redor d'Ele havia um grupo de judeus idosos, vestidos como sacerdotes, ouvindo-O atentamente, mas demonstrando grande fúria. Tive medo de que O atacassem. Ele falava com facilidade sobre astronomia, arquitetura, agricultura, geometria, aritmética, jurisprudência e muitos outros assuntos, aplicando tudo de forma magistral à Lei, às Profecias, ao Templo, aos mistérios do culto e dos sacrifícios. Seus ouvintes passaram da admiração e surpresa à fúria e vergonha. Eles se enfureceram ao ouvir verdades que nunca tinham conhecido ou compreendido antes.
- O menino Jesus continuou ensinando por mais uma hora e então saiu do salão. Encontrou Seus pais no pórtico das mulheres. Seus ouvintes ficaram confusos, perplexos e furiosos. Maria aproximou-se de Jesus e disse: “Filho, por que fizeste isso conosco? Eis que Teu pai e eu Te procuramos, aflitos!”.
- Mas Jesus respondeu gravemente: “Por que Me procuráveis? Não sabíeis que devo estar nas coisas de Meu Pai?”. Mas eles não compreenderam Suas palavras. Logo depois, começaram a viagem de volta para casa. Os presentes olhavam a cena com admiração, e temi que pudessem atacar o Menino, pois percebi que alguns estavam furiosos. No entanto, apesar da multidão, um caminho foi aberto para que a Sagrada Família pudesse partir em paz.
GLÓRIA AO PAI
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
ORAÇÃO DE FÁTIMA
Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem da Vossa misericórdia.
SALVE, RAINHA
Salve, Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, salve! A vós bradamos, os degredados filhos de Eva. A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei. E depois deste desterro, mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre. Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria.
Rogai por nós, santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Oremos
Ó Deus, cujo Filho unigênito, por Sua vida, morte e ressurreição, nos adquiriu as recompensas da vida eterna, concedei, nós vos suplicamos, que, meditando sobre estes mistérios do Santíssimo Rosário da Bem-Aventurada Virgem Maria, possamos imitar o que eles contêm e obter o que prometem. Pelo mesmo Cristo, nosso Senhor. Amém.
ORAÇÃO A SÃO MIGUEL ARCANJO
São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate. Sede o nosso refúgio contra as maldades e ciladas do demônio. Ordene-lhe Deus, instantemente o pedimos, e vós, Príncipe da Milícia Celeste, pelo poder divino, precipitai no inferno a Satanás e a todos os espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as almas. Amém.
LEMBRAI-VOS (MEMORARE)
Lembrai-vos, ó piedosíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que recorreram à vossa proteção, imploraram o vosso auxílio e buscaram a vossa intercessão fosse por vós desamparado. Animado, pois, com igual confiança, a vós recorro, ó Virgem das virgens, minha Mãe. A vós venho, diante de vós me prostro, gemendo sob o peso dos meus pecados. Não desprezeis as minhas súplicas, ó Mãe do Verbo Encarnado, mas dignai-vos de as ouvir e atender. Amém.
Que a Assistência Divina permaneça sempre conosco, e que as almas dos fiéis defuntos, pela misericórdia de Deus, descansem em paz. Amém.
Mistérios dolorosos
A Agonia no Jardim
O Fruto deste Mistério: Horror ao Pecado.
Getsêmani, no Monte das Oliveiras, para onde eles estavam indo, ficava a meia hora do Cenáculo. Jesus, por vezes, passava a noite ali com Seus Apóstolos, instruindo-os. O jardim continha arbustos magníficos e muitas árvores frutíferas. O Jardim das Oliveiras era separado do de Getsêmani por uma estrada e situava-se mais acima na montanha. Era aberto, cercado apenas por um aterro de terra. Era menor que o jardim de recreio de Getsêmani, um recanto retirado da montanha, repleto de grutas, terraços e oliveiras. Um lado era mais bem cuidado. O local escolhido por Jesus era o mais selvagem. A princípio, Jesus ajoelhou-se calmamente em oração, mas, após um tempo, Sua alma encolheu-se de horror diante da multidão e gravidade dos pecados e da ingratidão dos homens contra Deus. A tristeza foi tão avassaladora, a agonia de coração que caiu sobre Ele foi tão intensa que, tremendo e estremecendo, Ele orou implorando:
"Abba, Pai, se for possível, afasta de Mim este cálice! Meu Pai, todas as coisas Te são possíveis. Afasta de Mim este cálice!"
Então, recuperando-Se, acrescentou:
"Mas não seja o que Eu quero, mas sim o que Tu queres."
Sua vontade e a do Pai eram uma só. Mas agora, por amor, tendo-Se entregue à fraqueza de Sua natureza humana, Ele estremeceu ao pensar na morte. Retorcendo Suas mãos, balançava-Se de um lado para o outro, e o suor da agonia cobria Seu rosto.
PAI NOSSO
Pai nosso que estais no Céu, santificado seja o Vosso nome. Venha a nós o Vosso Reino. Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
AVE-MARIA x10
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.
MEDITAÇÕES
- Ao deixar o Cenáculo, Jesus encontrou Sua Mãe, Maria Cléofas e Madalena, que O suplicaram, implorando que não fosse ao Monte das Oliveiras, pois se dizia que ali seria preso. Jesus consolou-as com poucas palavras e passou rapidamente por elas. Era então por volta das nove horas da noite. Seguiram apressadamente pela estrada por onde Pedro e João haviam subido naquela manhã ao Cenáculo e dirigiram-se ao Monte das Oliveiras. Ele conduziu os Onze por um caminho pouco frequentado, através do Vale de Josafá. Ao saírem da casa, vi a lua, que ainda não estava totalmente cheia, surgindo sobre a montanha. Enquanto caminhava pelo Vale de Josafá com os Apóstolos, o Senhor disse que um dia retornaria ali, mas não pobre e indefeso como então estava, e sim para julgar o mundo. Naquele dia, os homens tremeriam de medo e clamariam: "Ó montanhas, cobri-nos!" Mas os discípulos não entenderam Suas palavras. Pensaram, como já haviam feito outras vezes naquela noite, que, por fraqueza e exaustão, Ele falava de maneira confusa.
- Os Apóstolos ainda estavam cheios de entusiasmo e devoção, inspirados pela recepção da Santíssima Eucaristia e pelo amoroso e solene discurso de Jesus logo após. Eles O cercavam ansiosamente, expressando Seu amor de diferentes maneiras e protestando que nunca O abandonariam. Mas, ao ouvir Jesus continuar a falar no mesmo tom, Pedro exclamou: Ainda que todos se escandalizem por causa de Ti, eu nunca me escandalizarei! O Senhor respondeu: Em verdade, te digo: nesta noite, antes que o galo cante, tu Me negarás três vezes. Eles caminhavam e paravam alternadamente, e a tristeza de Jesus continuava a aumentar. Os Apóstolos tentaram dissipá-la com argumentos humanos, assegurando-Lhe que o oposto do que Ele temia aconteceria. Mas, vendo que seus esforços eram inúteis, começaram a duvidar e a cair em tentação.
- Eram cerca de nove horas quando Jesus chegou a Getsêmani com os discípulos. A escuridão havia caído sobre a terra, mas a lua iluminava o céu. Jesus estava muito triste. Ele anunciou aos Apóstolos a aproximação do perigo, e eles ficaram inquietos. Jesus ordenou a oito deles que permanecessem no Jardim de Getsêmani, onde havia um tipo de abrigo feito de ramos e folhagens. Permanecei aqui, disse Ele, enquanto vou ao Meu lugar para orar. Ele levou consigo Pedro, João e Tiago Maior, atravessou a estrada e caminhou por alguns minutos até alcançar o Jardim das Oliveiras, mais acima na montanha. Ele estava indescritivelmente triste, pois sentia a aproximação de Sua agonia e tentação. João perguntou como Ele, que sempre os consolava, podia agora estar tão abatido. Ele respondeu: Minha alma está triste até a morte. Ele olhou ao redor e, de todos os lados, viu a angústia e a tentação se acumulando sobre Ele como densas nuvens repletas de visões aterrorizantes. Foi nesse momento que Ele disse aos três Apóstolos: Permanecei aqui e vigiai Comigo. Orai para não cairdes em tentação!
- Quando Jesus deixou os Apóstolos, vi um grande número de figuras assustadoras cercando-O em um círculo cada vez mais apertado. Sua tristeza e angústia aumentaram. Ele se retirou trêmulo para o fundo da caverna, como alguém que busca abrigo de uma tempestade violenta, e lá Ele orou. Vi as visões terríveis seguindo-O para a gruta, tornando-se cada vez mais e mais distintas. Ah! Era como se aquela caverna estreita englobasse a visão horrível e agonizante de todos os pecados, com seus deleites e seus castigos, cometidos desde a Queda de nossos primeiros pais até o fim do mundo; pois foi aqui no Monte das Oliveiras que Adão e Eva, expulsos do Paraíso, desceram pela primeira vez sobre a terra inóspita, e naquela mesma gruta lamentaram sua miséria com medo e alarme.
- Para fazer satisfação pela origem e desenvolvimento de todos os tipos de pecado e prazeres culpáveis, o mais misericordioso Jesus, por amor a nós pecadores, recebeu em Seu próprio Coração a raiz de toda reconciliação expiatória e dores salvíficas. Ele permitiu que esses sofrimentos infinitos em satisfação pelos pecados sem fim, como uma árvore de dor com mil ramos, penetrassem e se estendessem por todos os membros de Seu Corpo Sagrado, todas as faculdades de Sua Alma Santa. Assim totalmente entregue à Sua Humanidade, Ele caiu de rosto, clamando a Deus em uma tristeza e angústia indescritíveis. Ele viu em inúmeras formas todos os pecados do mundo com sua inata hediondez. Ele tomou tudo sobre Si e ofereceu-Se em Sua oração para satisfazer a justiça de Seu Pai Celestial por toda aquela culpa com Seus próprios sofrimentos.
- Satanás, que, sob uma forma assustadora e com uma zombaria furiosa, se movia entre toda essa abominação, tornava-se a cada momento mais violentamente enfurecido contra Ele. Ele evocava diante dos olhos de Sua alma visões dos pecados dos homens, uma mais frightful do que a outra, e constantemente dirigia à Sagrada Humanidade de Jesus palavras como: "O quê!" Você também tomará tudo isso sobre si? Está pronto para suportar sua penalidade? Como você pode se satisfazer com isso?
- Satan agiu como o fariseu mais astuto e sutil. Ele reprochou a Jesus por causar o massacre dos Santos Inocentes por Herodes, por expor Seus pais à necessidade e ao perigo no Egito, por não ter resgatado João Batista da morte, por provocar a desunião em muitas famílias, por ter protegido pessoas degradadas, recusando-se a curar certos doentes, por prejudicar os gerasenos ao permitir que os possuídos derrubassem seus tonéis e seus porcos se lançassem ao mar. Ele O acusou da culpa de Maria Madalena, já que Ele não impediu seu reerguer ao pecado; de negligenciar Sua própria família; de desperdiçar os bens dos outros; e, em uma palavra, tudo o que o tentador, na hora da morte, teria imposto a um mortal comum que, sem uma intenção alta e santa, tivesse se envolvido em tais assuntos, Satanás agora sugeria à alma trêmula de Jesus com o intuito de fazê-Lo vacilar. Estava oculto para ele que Jesus era o Filho de Deus, e ele O tentava como meramente o mais justo dos homens.
- Enquanto a adorável Humanidade de Cristo agonizava e se contorcia sob esse excesso de sofrimento, vi entre os anjos um sentimento de compaixão por Ele. Parecia haver uma pausa, na qual eles pareciam desejosos de lhe dar consolo, e eu os vi orando a esse respeito diante do trono de Deus. Daquele ponto nos céus em que o sol aparece entre dez e onze da manhã, um estreito caminho de luz se dirigiu a Jesus, e nele vi uma fila de anjos descendo até Ele. Eles lhe impartiram nova força e vigor. O resto da gruta estava cheio das visões terríveis e horríveis do pecado, e com os espíritos malignos zombando e tentando. Jesus tomou tudo sobre Si. No meio dessa confusão de abominação, Seu Coração, o único que amava Deus e o homem perfeitamente, encolheu-se em terror e angústia diante do horror, do fardo de todos aqueles pecados. Ah, eu vi tantas coisas lá! Um ano inteiro não seria suficiente para contá-las!
- Jesus se levantou, mas Seus joelhos trêmulos mal podiam sustentá-Lo. Seu semblante estava bastante desfigurado e quase irreconhecível. Seus lábios estavam brancos, e seus cabelos eriçados. Ele subiu à esquerda da gruta e até um terraço sobre o qual estavam descansando perto um do outro, apoiados em seu braço, as costas de um voltadas para o peito de seu vizinho. Exaustos de fadiga, tristeza e ansiedade sob tentação, eles haviam adormecido. Jesus foi até eles como um homem dominado pela tristeza, a quem o terror leva à companhia de seus amigos, e também como um pastor fiel que, embora ele mesmo tremendo ao máximo, cuida de seu rebanho que ele sabe estar em perigo, pois Ele sabia que eles também estavam em angústia e tentação. Durante toda essa curta distância, vi que as formas horríveis nunca O deixaram. Quando Ele encontrou os Apóstolos dormindo, Ele juntou as mãos e, afundando-se junto deles de tristeza e exaustão, disse: "Simão, você está dormindo?" Ao ouvir essas palavras, eles acordaram e O levantaram. Na Sua derelição espiritual, Ele disse: "O que!" Não podíeis vigiar uma hora comigo?
- Para exercer este amor imensurável pelos pecadores, o Senhor tornou-se homem e irmão dos pecadores, para que assim pudesse assumir sobre Si o castigo de toda a sua culpa. Ele realmente havia contemplado com angústia a imensidão daquela culpa e a grandeza dos sofrimentos expiatórios devidos a ela, mas ao mesmo tempo Ele havia se oferecido alegremente como vítima de expiação à vontade de Seu Pai Celestial. Agora, no entanto, Ele contemplava os sofrimentos, tentações e feridas da futura Igreja, Sua Esposa, que Ele havia adquirido a um preço tão caro, o de Seu próprio Sangue, e via a ingratidão do homem. Diante da alma do Senhor, passaram em revista todos os futuros sofrimentos de Seus Apóstolos, discípulos e amigos, e o pequeno número da Igreja primitiva. À medida que seus números aumentavam, Ele viu heresias e cismas entrando em seu seio, os crimes sacrílegos de todos os sacerdotes ímpios contra o santíssimo sacramento, os escândalos dos séculos até os nossos dias e até o fim do mundo. O terror que senti ao contemplar tudo isso foi tão grande, tão horrível, que meu Noivo Celestial apareceu para mim e, misericordiosamente colocando Sua mão sobre meu peito, disse: “Ninguém jamais viu essas coisas antes, e seu coração se quebraria de medo, se eu não o sustentasse”.
GLÓRIA AO PAI
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre, por todos os séculos dos séculos. Amém.
ORAÇÃO DE FÁTIMA
Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, especialmente as que mais precisarem da Vossa misericórdia.
A Flagelação na Coluna
O Fruto deste Mistério: Penas pelos nossos Pecados.
Pilatos chamou novamente: "Qual dos dois eu soltarei para vocês?" Então surgiu de todo o fórum e de todos os lados um grito unânime: “Larguem este Homem!” Dai-nos Barrabás! Pilatos novamente gritou: “Mas o que farei com Jesus, o Cristo, o Rei dos Judeus?” Com violenta tumulto, todos gritaram: “Crucifiquem-no! Crucifiquem-no!” Pilatos perguntou pela terceira vez: "Por que, que mal Ele fez?" Não encontro nele a menor causa de morte. Eu O flagelarei e depois O soltarei. Mas o grito: “Crucificai-O! Crucificai-O!” irrompeu da multidão como um rugido do Inferno, enquanto os Sumo Sacerdotes e Fariseus, frenéticos de raiva, vociferavam violentamente. Então o pobre e irresoluto Pilatos libertou o infeliz Barrabás e condenou Jesus a ser açoitado! Pilatos, o juiz vil e pusilânime, repetiu várias vezes as palavras covardes: “Não encontro culpa nele, portanto o castigarei e o deixarei ir!” A que os judeus não deram outra resposta senão: "Crucificai-o! Crucificai-o!" Mas Pilatos, ainda esperando cumprir sua primeira resolução de não condenar Jesus à morte, ordenou que Ele fosse açoitado à maneira dos romanos.
PAI NOSSO
Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso nome. Venha o teu reino. Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Dai-nos hoje o nosso pão de cada dia; perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos de todo o mal.
AVE MARIA x10
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.
MEDITAÇÕES
- Os carrascos, golpeando e empurrando Jesus com seus bastões curtos, O conduziram através da multidão enfurecida no fórum até o pilar de açoites, que ficava em frente a uma das salas que cercavam a grande praça ao norte do palácio de Pilatos e não longe do quartel.
- E agora os servos dos carrascos avançaram para encontrar Jesus, carregando seus chicotes, bastões e cordas, que jogaram perto do pilar. Eram seis deles, homens morenos, todos um pouco mais baixos que Jesus, com cabelos grossos e crespos, a quem a natureza havia negado uma barba, exceto um crescimento fino e curto como um cavanhaque. Seus lombos estavam cingidos e o resto de suas vestes consistia em uma jaqueta de couro, ou algum outro material miserável, aberta nas laterais, cobrindo a parte superior do corpo como um escapulário. Seus braços estavam nus, e seus pés calçados com sandálias esfarrapadas. Eram malfeitores vis das fronteiras do Egito que, como escravos e culpados, eram aqui empregados em edifícios e canais. Os mais perversos, os mais abjetos entre eles eram sempre escolhidos para a punição dos criminosos no pretório.
- Esses homens bárbaros frequentemente açoitaram pobres infratores até a morte neste mesmo pilar. Havia algo bestial, até demoníaco, em sua aparência, e eles estavam meio embriagados. Embora o Senhor não oferecesse resistência alguma, eles O golpearam com os punhos e cordas e, com uma fúria frenética, arrastaram-No até o pilar, que estava isolado e não servia de suporte para nenhuma parte do edifício. Não era muito alta, pois um homem alto com os braços estendidos poderia alcançar o topo, que era provido de um anel de ferro. Perto do meio dele, de um lado, havia outros anéis, ou ganchos. É impossível expressar a barbaridade com que aqueles cães furiosos ultrajaram Jesus naquela curta caminhada até o pilar. Arrancaram d'Ele o manto de escárnio de Herodes e quase jogaram o pobre Salvador ao chão.
- Jesus tremia e estremecia diante do pilar. Com Suas próprias mãos, inchadas e sangrentas pelas cordas apertadas, e em tremulante pressa, Ele despediu de Suas vestes, enquanto os algozes O golpeavam e maltratavam. Ele orou e implorou de forma tão tocante e, por um instante, virou a cabeça para Sua Mãe mais aflita, que estava com as santas mulheres em um canto de um dos alpendres ao redor da praça, não longe do local da flagelação. Virando-se para o pilar, como se quisesse se cobrir com ele, Jesus disse: "Desviem os olhos de Mim!" Não sei se Ele disse essas palavras vocalmente ou mentalmente, mas vi como Maria as recebeu, pois no mesmo momento, vi-a se afastar e desmaiar nos braços das santas mulheres que a cercavam, bem veladas.
- E agora Jesus abraçou o pilar com Seus braços. Os algozes, com horríveis imprecações e puxões bárbaros, prenderam Suas sagradas mãos levantadas, por meio de uma estaca de madeira, atrás do anel de ferro na parte superior. Ao fazerem isso, esticaram todo o Seu corpo de tal maneira que Seus pés, firmemente amarrados na base, mal tocavam o chão. Ali estava o Santo dos Santos, despido de roupas, carregado de angústia e ignomínia indescritíveis, estendido no pilar dos criminosos, enquanto dois dos cães de caça, com raiva sanguinária, começaram a rasgar com seus chicotes as costas sagradas de ponta a ponta. As primeiras varas, ou chicotes, que usaram pareciam feitas de madeira branca flexível, ou poderiam ser feixes de tendões de boi, ou tiras de couro branco e duro.
- Nosso Senhor e Salvador, o Filho de Deus, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, tremia e se contorcia como um pobre verme sob os golpes das varas dos criminosos. Ele chorou em uma voz abafada, e um lamento claro e doce, como uma oração amorosa sob tortura excruciante, formou um acompanhamento tocante aos golpes sibilantes de Seus algozes. De vez em quando, os gritos da população e dos fariseus se misturavam com aqueles tons lamentáveis, sagrados, abençoados e plangentes, como terríveis estrondos de trovão de uma nuvem de tempestade furiosa.
- O alvoroço era tão grande que, quando ele queria proferir algumas palavras, o silêncio tinha que ser imposto com o toque de uma trombeta. Nesses momentos podiam ser ouvidos os golpes das varas, os gemidos de Jesus, a blasfêmia dos carrascos e o balido dos cordeiros pascais, que estavam sendo lavados na piscina perto do portão das ovelhas a leste. Após esta primeira purificação, para que não se sujassem novamente, suas mandíbulas foram amordaçadas e foram levados por seus donos ao longo do caminho limpo até o Templo. Em seguida, foram levados para o lado ocidental, onde foram submetidos a outra lavagem cerimonial. O balido impotente dos cordeiros tinha nele algo indescritivelmente comovente. Eram os únicos sons em uníssono com os suspiros do Salvador.
- A multidão judaica mantinha-se a uma certa distância, cerca da largura de uma rua, do local da flagelação. Soldados romanos estavam de pé aqui e ali, mas principalmente ao redor da casa de guarda. Todos os tipos de vagabundos estavam à espreita perto do próprio pilar, alguns em silêncio, outros com expressões de desprezo. Vi muitos deles de repente despertarem para a simpatia, e nesses momentos parecia que um raio repentino de luz partia de Jesus para eles. Justo nesse momento, uma numerosa banda de estrangeiros em camelos passava pelo fórum. Eles olhavam com medo e horror enquanto alguns dos transeuntes lhes explicavam o que estava acontecendo.
- O sangue sagrado de Cristo estava escorrendo pelo chão. Ele tremia e estremecia. A derisão e o escárnio o assaltaram por todos os lados. Os últimos dois açoites golpearam Jesus com chicotes compostos por pequenas correntes, ou tiras, presas a um cabo de ferro, com as extremidades dotadas de pontas de ferro, ou ganchos. Arrancaram pedaços inteiros de pele e carne de Suas costelas. Oh, quem pode descrever a terrível barbaridade daquele espetáculo! Já não havia um ponto são no Corpo do Senhor. Ele olhou, com os olhos nadando em sangue, para Seus torturadores, implorando por misericórdia; mas eles ficaram ainda mais enfurecidos. Vi a Santíssima Virgem, durante a flagelação do nosso Redentor, em um estado de êxtase ininterrupto. Ela viu e sofreu de uma maneira indescritível tudo o que seu Filho estava suportando. Seu castigo, seu martírio, era tão inconcebivelmente grande quanto seu amor mais santo. Baixos gemidos frequentemente escapavam de seus lábios, e seus olhos estavam inflamados de lágrimas.
- Jesus estremeceu de agonia enquanto, com feridas sangrentas, Ele jazia aos pés do pilar. Vi naquele momento algumas garotas ousadas passando. Elas pararam em silêncio diante Dele, segurando-se pelas mãos, e olharam para Ele com nojo feminino, o que renovou a dor de todas as Suas feridas. Ele levantou a cabeça ensanguentada e virou o rosto triste em compaixão para eles. Eles passaram, enquanto os carrascos e soldados riam e gritavam algumas expressões escandalosas atrás deles. Várias vezes durante a flagelação vi anjos chorando ao redor de Jesus e, durante toda aquela amarga e ignominiosa punição que caiu sobre Ele como uma chuva de granizo, ouvi-O oferecendo Sua oração ao Seu Pai pelos pecados da humanidade. Mas agora, enquanto Ele jazia em Seu próprio sangue aos pés da coluna, vi um anjo fortalecê-Lo. Parecia que o anjo lhe tinha dado um pedaço luminoso para comer.
GLÓRIA AO PAI
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre será, mundo sem fim. Amém.
A ORAÇÃO DE FÁTIMA
Ó meu Jesus, perdoa-nos os nossos pecados, livra-nos do fogo do inferno e guia todas as almas para o Céu, especialmente aquelas que mais precisam da Tua Misericórdia.
A Coroação de Espinhos
O Fruto deste Mistério: Submissão à Realeza de Cristo.
Colocaram sobre Ele a coroa de espinhos. Era de duas mãos de altura, espessa e habilmente trançada, com uma borda saliente no topo. Colocaram-na como um atilho ao redor de Sua testa e apertaram-na firmemente na parte de trás, formando assim uma coroa. Foi habilmente trançada com ramos de espinhos de três dedos de espessura, cujos espinhos cresciam para fora. Ao trançar a coroa, o maior número possível deles havia sido intencionalmente pressionado para dentro.
PAI NOSSO
Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso nome. Venha o teu reino. Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Dai-nos hoje o nosso pão de cada dia; perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos de todo o mal.
AVE MARIA x10
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.
MEDITAÇÕES
- Os carrascos se aproximaram novamente e, empurrando Jesus com os pés, mandaram que Ele se levantasse, pois ainda não tinham terminado com o Rei. Eles golpearam Jesus enquanto ele rastejava atrás de sua faixa de linho, que os infames miseráveis chutavam de um lado para o outro com gritos de zombaria, de modo que Jesus, em sua terrível necessidade, teve que rastejar dolorosamente pelo chão em seu próprio sangue como um verme pisoteado, para alcançar seu cinto e com ele cobrir suas laceradas ancas. Então, com golpes e chutes, forçaram-no a se levantar, mas não lhe deram tempo para vestir sua túnica, que jogaram sobre ele com as mangas sobre os ombros. Eles o apressaram para o quartel da guarda por um caminho indireto, ao longo do qual Ele enxugou o sangue do rosto com Sua túnica.
- A coroação e zombaria de Jesus ocorreram no pátio interno da casa da guarda, que ficava no fórum acima das prisões. Era cercado por pilares, e a entrada estava aberta. Havia cerca de cinquenta miseráveis pertencentes ao exército, servos do carcereiro, verdugos, rapazes, escravos e servos de açoites, que participaram ativamente deste maltrato a Jesus. A multidão inicialmente se aglomerou ansiosamente, mas logo foi deslocada pelos mil soldados romanos que cercavam o edifício. Eles se posicionaram em fileira e ordem, zombando e rindo, dando assim aos algozes de Jesus um novo incentivo para multiplicar Seus sofrimentos. Suas piadas e risadas os encorajavam como o aplauso encoraja o ator.
- Havia um buraco no meio do pátio, e para isso eles tinham rolado a base de uma coluna antiga, que talvez já tivesse estado ali. Sobre essa base colocaram um banquinho baixo e redondo com um suporte na parte de trás para levantá-lo, e maliciosamente o cobriram com pedras afiadas e cacos de cerâmica.
- Mais uma vez arrancaram as roupas de Jesus de Seu corpo ferido e jogaram sobre Ele um velho manto militar vermelho, esfarrapado e tão curto que não chegava aos joelhos. Farrapos de borlas amarelas pendiam aqui e ali. Era mantido em um canto da sala dos algozes e usado para jogar sobre os criminosos após a flagelação, seja para secar o sangue ou para zombar deles. Agora arrastaram Jesus até o banco coberto de pedras e cacos de cerâmica, e forçaram violentamente Seu corpo ferido e nu sobre eles.
- Então colocaram sobre Ele a coroa de espinhos e puseram na mão de Jesus uma vara grossa com uma ponta tufada. Tudo isso foi feito com uma solenidade zombeteira, como se realmente estivessem coroando-o rei. Então, arrancaram a vara da Sua mão e com ela golpearam a coroa violentamente, até que Seus olhos se enchessem de sangue. Eles se ajoelharam diante dele, lhe mostraram a língua, bateram e cuspiram em seu rosto, e gritaram: "Salve, Rei dos Judeus!" Com gritos de risadas zombeteiras, eles derrubaram-no junto com o banco, para forçá-lo violentamente a se sentar novamente.
- Não sou capaz de repetir todas as invenções baixas empregadas por aqueles desgraçados para insultar o pobre Salvador. Ah! Sua sede era horrível, pois Ele estava consumido pela febre de Suas feridas, a laceração causada pela flagelação inumana. Ele tremia. A carne em Seus lados estava em muitos lugares rasgada até os ossos. Sua língua contraiu-se convulsivamente. Somente o Sangue sagrado que escorria de Sua cabeça lavava, como que por compaixão, Seus lábios ressecados que pendiam languidamente abertos. Aqueles horríveis monstros, ao ver isso, transformaram Sua boca em um receptáculo para sua própria sujeira repugnante. Jesus suportou esse maltrato por cerca de meia hora, durante a qual a coorte que cercava o pretório em ordem e hierarquia continuou a zombar e rir sem parar.
- E agora eles novamente levaram Jesus, a coroa de espinhos sobre Sua cabeça, o cetro de zombaria em Suas mãos acorrentadas, a manto púrpura jogado sobre Ele, para o palácio de Pilatos. Ele estava irreconhecível. por causa do sangue que enchia Seus olhos e escorria para Sua boca e barba. Seu corpo, coberto de vergões e feridas inchadas, assemelhava-se a um pano mergulhado em sangue, e seu andar era curvado e vacilante. A capa era tão curta que Ele teve que se curvar para se cobrir com ela, pois na coroação haviam novamente rasgado todas as Suas roupas. Quando Ele alcançou o degrau mais baixo da escadaria que levava até Pilatos, até aquele ser de coração duro foi tomado por um arrepio de compaixão e nojo.
- Então Jesus foi levado pelos carrascos até a frente da sacada onde Pilatos estava, para que Ele pudesse ser visto por toda a multidão no fórum. Oh, que espetáculo terrível e de partir o coração! Um silêncio, terrível e sombrio, caiu sobre a multidão quando Jesus, tratado de forma desumana, a figura sagrada e martirizada do Filho de Deus, coberto de sangue e feridas, usando a terrível coroa de espinhos, apareceu e, de seus olhos mergulhados em sangue, lançou um olhar sobre a multidão agitada! Perto estava Pilatos, apontando para Ele com o dedo e gritando para os judeus: "Eis o Homem!"
- Enquanto Jesus, a capa escarlate de zombaria lançada ao redor de Seu corpo lacerado, Sua cabeça perfurada afundando sob o peso da coroa de espinhos, Suas mãos acorrentadas segurando o cetro de zombaria, estava assim diante do palácio de Pilatos, em infinita tristeza e benignidade, dor e amor, como um fantasma sangrento, exposto aos gritos furiosos tanto dos sacerdotes quanto do povo. Os cordeiros pascais, cujo suave balido ainda se misturava com os gritos sanguinários da multidão, como se quisessem testemunhar a Verdade Silenciosa. Agora era o verdadeiro Cordeiro Pascal de Deus, o Mistério revelado, embora não reconhecido, deste dia santo, que cumpria as Profecias e se estendia em silêncio sobre a mesa de sacrifício.
- Pilatos ordenou que fossem feitas preparações para pronunciar a sentença. Suas vestes de cerimônia foram trazidas para ele. Uma coroa, na qual brilhava uma pedra preciosa, foi colocada na cabeça de Pilatos, outro manto foi lançado sobre ele, e um cetro foi levado diante dele. Pilatos, aquele juiz iníquo, que nas últimas horas tão frequentemente e publicamente afirmara a inocência de Jesus, agora proclamou que considerava justa a sentença dos Sumos Sacerdotes, e terminou com as palavras: “Eu também condeno Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus, a ser pregado na cruz”. Então ele ordenou aos carrascos que trouxessem a cruz. A Mãe mais aflita de Jesus, o Filho de Deus, ao ouvir as palavras de Pilatos, ficou como que em estado de morte, pois agora a morte cruel, frightful e ignominiosa de seu santo e amado Filho e Salvador era certa. João e as santas mulheres a afastaram da cena, para que a multidão cega não se tornasse ainda mais culpada ao zombar da dor da Mãe de seu Salvador. Mas Maria não podia descansar. Ela ansiava visitar cada lugar marcado pelos sofrimentos de Jesus.
GLÓRIA AO PAI
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre será, mundo sem fim. Amém.
A ORAÇÃO DE FÁTIMA
Ó meu Jesus, perdoa-nos os nossos pecados, livra-nos do fogo do inferno e guia todas as almas para o Céu, especialmente aquelas que mais precisam da Tua Misericórdia.
Nosso Senhor carregando a cruz
O Fruto deste Mistério: Mortificação dos Sentidos.
A procissão avançou. Com golpes e puxões violentos nas cordas que O amarravam, Jesus foi levado pelo caminho áspero e irregular entre a muralha da cidade e o Monte Calvário em direção ao norte. Em um ponto onde o caminho sinuoso em sua subida se voltava para o sul, o pobre Jesus caiu novamente. Seus algozes O espancaram e O empurraram de forma mais rude do que nunca até que Ele alcançou o topo da rocha, o lugar da execução, quando, com a cruz, Ele caiu pesadamente ao chão.
PAI NOSSO
Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso nome. Venha o teu reino. Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Dai-nos hoje o nosso pão de cada dia; perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos de todo o mal.
AVE MARIA x10
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.
MEDITAÇÕES
- Aqui os Sumos Sacerdotes se separaram do verdadeiro Cordeiro Pascal. Eles se apressaram para o Templo de pedra, para sacrificar e comer o tipo, enquanto permitiam que sua Realização, o verdadeiro Cordeiro de Deus, fosse levado ao altar da Cruz por infames carrascos. Aqui se dividiu o caminho—uma estrada levando ao oculto, a outra ao Sacrifício consumado. Eles entregaram o puro e expiatório Cordeiro Pascal de Deus, a quem haviam zombado externamente com sua atroz barbaridade, a quem haviam tentado macular, a impuros e desumanos carrascos, enquanto eles mesmos se apressavam para o Templo de pedra, lá para sacrificar os cordeiros que haviam sido lavados, purificados e abençoados. Eles haviam, com tímido cuidado, providenciado contra contrair impureza legal externa, enquanto sujavam sua alma com maldade interior, que fervia em raiva, inveja e desprezo. "Seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos!" Com essas palavras, eles haviam cumprido a cerimônia, haviam colocado a mão do sacrifício sobre a cabeça da vítima. Aqui novamente, o caminho se dividiu em dois: um para o Altar da Lei, o outro para o Altar da Graça. A sentença injusta foi pronunciada por volta das dez horas da manhã, segundo o nosso horário.
- Um pequeno grupo permaneceu perto do condenado. Vinte e oito fariseus armados, entre eles aqueles seis inimigos furiosos de Jesus que assistiram à Sua prisão no Monte das Oliveiras, vieram a cavalo ao fórum para acompanhar a procissão. Os carrascos conduziram Jesus ao centro. Vários escravos, arrastando a madeira da cruz, entraram pelo portão do lado ocidental e a jogaram barulhosamente aos Seus pés. Assim que a cruz foi lançada no chão diante d'Ele, Jesus caiu de joelhos, envolveu-a com os braços e a beijou três vezes enquanto murmurava suavemente uma oração de agradecimento ao Seu Pai Celestial pela Redenção da humanidade agora iniciada.
- Os verdugos arrastaram Jesus até uma posição de joelhos; e com dificuldade e pouca ajuda (e essa da mais bárbara espécie) Ele foi forçado a colocar as pesadas vigas sobre o ombro direito e segurá-las firmemente com o braço direito. Vi anjos invisíveis ajudando-O, caso contrário, Ele não teria conseguido levantar a cruz do chão. Eles o puxaram para os pés, e então caiu sobre seu ombro todo o peso da cruz, daquela cruz que, segundo suas próprias palavras sagradas de Verdade Eterna, devemos carregar após Ele.
- E agora começou aquela abençoada procissão triunfal do Rei dos Reis, tão ignominiosa na terra, tão gloriosa aos olhos do Céu. Duas cordas foram amarradas ao fim da cruz, e por elas dois dos algozes a seguravam, para que não pudesse ser arrastada no chão. Ao redor de Jesus, embora a alguma distância, caminhavam os quatro algozes segurando as cordas presas ao cinto de grilhões que prendia Sua cintura. Seu manto estava preso sob os braços. Jesus, com a madeira da cruz amarrada em Seu ombro, lembrou-me de maneira marcante de Isaac carregando a madeira para seu próprio sacrifício na montanha.
- A procissão da Crucificação era liderada por um trompetista, que tocava sua trombeta em cada esquina e proclamava a execução. Alguns passos atrás dele vinha uma multidão de meninos e outros rapazes rudes, carregando bebida, cordas, pregos, cunhas e cestos de ferramentas de todos os tipos, enquanto robustos servos carregavam postes, escadas e os troncos pertencentes às cruzes dos ladrões. As escadas consistiam apenas em postes, através dos quais longos pinos de madeira eram passados. Em seguida, vieram alguns dos fariseus montados, após os quais vinha um rapaz carregando no peito a inscrição que Pilatos havia escrito para a cruz. A coroa de espinhos, que era impossível deixar durante o transporte da cruz, foi retirada da cabeça de Cristo e colocada na extremidade de um bastão, que este rapaz agora carregava sobre o ombro.
- Desde a Última Ceia da noite anterior, sem comida, bebida e sono, sob contínuos maus-tratos que por si só poderiam ter terminado em morte, consumido pela perda de sangue, feridas, febre, sede e uma dor e horror interior indescritíveis, Jesus caminhava com passos vacilantes, as costas curvadas, os pés nus e sangrando. Com a mão direita, Ele segurava o pesado fardo em seu ombro direito, e com a esquerda, cansado, tentava levantar a vestimenta fluida que constantemente impedia seus passos incertos. Os quatro algozes seguravam a uma certa distância as cordas presas ao seu cinto de algemas. Os dois à frente arrastavam-No para a frente, enquanto os dois atrás O incitavam. Dessa forma, Ele não tinha certeza de um passo, e as cordas puxadas constantemente impediam que Ele levantasse o manto. Suas mãos estavam machucadas e inchadas pelas cordas que as haviam apertado firmemente, seu rosto estava coberto de sangue e inchaços, seus cabelos e barba estavam rasgados e emaranhados com sangue, o fardo que carregava e os grilhões pressionavam a roupa de lã grossa contra as feridas de Seu corpo e a lã grudava nas que haviam sido reabertas pela rasgadura de Suas roupas. Zombarias e palavras maliciosas ressoavam por todos os lados. Seus lábios se moviam em oração, Seu olhar era suplicante, perdoador e sofredor.
- Um dos homens disse aos transeuntes: "Quem é aquela mulher em tanta aflição?" E alguém respondeu: "Ela é a Mãe do Galileu". Quando os malfeitores ouviram isso, zombaram da Mãe aflita com palavras de desprezo, apontaram-na com os dedos; e um dos infames, agarrando os pregos destinados à crucificação, segurou-os zombeteiramente diante de seu rosto. Torcendo as mãos, ela olhou para Jesus e, em sua angústia, apoiou-se em um dos pilares do portão. Ela estava pálida como um cadáver, seus lábios lívidos. Os fariseus avançaram montados, depois veio o menino com a inscrição—e oh! a alguns passos atrás dele, o Filho de Deus, seu próprio Filho, o Santo, o Redentor!
- Os carrascos puxaram Jesus para frente com as cordas. Seu rosto estava pálido, ferido e ensanguentado, sua barba pontuda e emaranhada de sangue. De Seus olhos fundos e cheios de sangue, Ele lançou, de sob os espinhos emaranhados e torcidos de Sua coroa, terríveis de se ver, um olhar cheio de ternura sincera sobre Sua Mãe aflita, e pela segunda vez vacilou sob o peso da cruz e caiu de mãos e joelhos no chão. A Mãe mais dolorosa, na veemência de seu amor e angústia, não viu nem soldados nem algozes - viu apenas seu amado, sofrido, maltratado Filho. Torcendo as mãos, ela saltou os poucos degraus entre o portão e os carrascos à frente, e correndo até Jesus, caiu de joelhos com os braços ao redor dele. Ouvi, mas não sei se foram ditas com os lábios ou em espírito, as palavras: "Meu Filho!" —“Minha Mãe!”
- Depois de percorrer uma certa distância pela ampla rua, a procissão passou por um portão em uma antiga muralha interna da cidade. Em frente a este portão havia um amplo espaço aberto onde três ruas se encontravam. Havia uma grande pedra de calçada aqui, sobre a qual Jesus cambaleou e caiu, com a cruz ao seu lado. Ele deitou-se no chão, encostado na pedra, incapaz de se levantar. Justo nesse instante, uma multidão de pessoas bem vestidas passou a caminho do Templo. Eles gritaram com compaixão: "Ai! "A pobre criatura está morrendo!" Confusão surgiu entre a multidão, pois não conseguiam fazer Jesus se levantar. Os fariseus que lideravam a procissão gritaram para os soldados: "Não conseguiremos levá-lo ao Calvário vivo." Vocês devem chamar alguém para ajudá-Lo a carregar a cruz. Nesse momento, apareceu, vindo bem no meio da rua, Simão de Cirene, um pagão, seguido por seus três filhos. A multidão era tão grande que ele não pôde escapar, e assim que os soldados viram por suas vestes que ele era um pobre trabalhador pagão, agarraram-no e arrastaram-no para ajudar a carregar a cruz do galileu. Ele resistiu e mostrou grande relutância, mas eles o forçaram.
- Jesus novamente desmaiou. Ele não caiu ao chão, porque Simão, apoiando a extremidade da cruz sobre a terra, aproximou-se e sustentou Sua forma curvada. O Senhor apoiou-se nele. Ao ver Seu semblante tão absolutamente miserável, as mulheres levantaram um grito alto de tristeza e compaixão e, à maneira judaica de mostrar compaixão, estenderam-Lhe lenços para enxugar o suor. Jesus disse algumas palavras bonitas às mulheres, entre elas, no entanto, lembro-me destas: "Suas lágrimas serão recompensadas, doravante, vocês trilharão outro caminho".
GLÓRIA AO PAI
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre será, mundo sem fim. Amém.
A ORAÇÃO DE FÁTIMA
Ó meu Jesus, perdoa-nos os nossos pecados, livra-nos do fogo do inferno e guia todas as almas para o Céu, especialmente aquelas que mais precisam da Tua Misericórdia.
A Crucificação de Nosso Senhor
O Fruto deste Mistério: A Graça da Perseverança Final.
O medo e a consternação preencheram Jerusalém. Névoa e escuridão sombria pairavam sobre suas ruas. Muitos deitaram-se com as cabeças cobertas em cantos, batendo no peito. Outros, de pé nos telhados das casas, olhavam para o céu e proferiam lamentações. Os animais estavam mugindo e se escondendo, os pássaros voavam baixo e caíam ao chão. O fórum estava deserto. As pessoas tinham corrido para suas casas. A ansiedade e o terror atingiram seu auge no Templo. O sacrifício do cordeiro pascal acabara de começar quando a escuridão da noite caiu repentinamente sobre Jerusalém. Todos ficaram tomados de consternação, enquanto aqui e ali irrompiam gritos altos de desespero. Os Sumo Sacerdotes fizeram tudo o que puderam para manter a paz e a ordem. Anás, terrivelmente atormentado, corria de um canto para outro em seu desejo de se esconder. Jesus, em uma tortura indescritível, suportou na cruz um abandono extremo e uma desolação da alma. Ele orou ao Seu Pai Celestial com aqueles trechos dos Salmos que agora se cumpriam Nele. Eu vi ao redor dele figuras angelicais. Ele suportou em tormento infinito tudo o que uma pobre criatura esmagada e torturada, no maior abandono, sem consolo humano ou divino, sofre quando a fé, a esperança e o amor ficam sozinhos no deserto da tribulação, sem perspectiva de retorno, sem gosto ou sentimento, sem um raio de luz, deixada ali para viver sozinha. Nenhuma palavra pode expressar essa dor. Por este sofrimento, Jesus conquistou para nós a força, ao unir nosso abandono aos méritos dos Seus próprios na cruz, para vencer vitoriosamente em nossa última hora, quando todos os laços e relações com esta vida e modo de existência, com este mundo e suas leis, cessarem; e quando, portanto, as ideias que formamos nesta vida sobre o outro mundo também cessarem. Ele conquistou para nós o mérito de permanecermos firmes em nossa própria última luta, quando também nos sentirmos completamente abandonados.
PAI NOSSO
Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso nome. Venha o teu reino. Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Dai-nos hoje o nosso pão de cada dia; perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos de todo o mal.
AVE MARIA x10
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.
MEDITAÇÕES
- Era cerca de um quarto para as doze quando Jesus, carregado com a cruz, foi arrastado para o local da execução, jogado no chão e Simão afastado. Os carrascos então levantaram Jesus pelas cordas, desmontaram as seções da cruz e as montaram novamente na forma correta. Ah! Que triste e miserável, que figura terrivelmente lacerada, pálida e ensanguentada era a do pobre Jesus enquanto Ele estava naquele lugar de martírio! Os algozes O derrubaram novamente com palavras de zombaria como estas: “Precisamos medir o seu trono, ó Rei!” Mas Jesus se deitou voluntariamente na cruz. Se fosse possível para Ele, em seu estado de exaustão, fazer isso mais rapidamente, eles não teriam necessidade de arrastá-Lo para baixo.
- Jesus agora estava estendido na cruz pelos algozes, Ele mesmo se deitou sobre ela; mas eles o empurraram para baixo nos lugares ocos, puxaram bruscamente Sua mão direita para o buraco do prego no braço direito da cruz e amarraram Seu pulso firmemente. Um ajoelhou-se sobre Seu sagrado peito e segurou a mão fechada; outro colocou o longo e grosso prego, que havia sido afiado até um ponto, sobre a palma de Sua sagrada mão, e desferiu golpes furiosos com o martelo de ferro. Um grito doce, claro e espasmódico de angústia rompeu-se dos lábios do Senhor, e Seu sangue jorrou sobre os braços dos algozes. Os músculos e ligamentos da mão haviam sido rasgados e, pelo prego de três pontas, cravados no buraco estreito.
- Todo o corpo do nosso Bendito Redentor havia sido contraído pelo violento estiramento dos braços para os buracos dos pregos, e Seus joelhos foram forçosamente puxados para cima. Amarraram cordas ao redor da perna direita e, com horrível violência e terrível tortura a Jesus, puxaram o pé para baixo até o bloco e amarraram a perna firmemente com cordas. O corpo de Jesus foi assim horrivelmente distendido. Seu peito cedeu com um som de estalo, e Ele gemeu em voz alta: "Ó Deus!" Ó Deus! Eles tinham amarrado Seus braços e Seu peito também para que Suas mãos não fossem arrancadas dos pregos. O abdômen estava completamente deslocado, e parecia que as costelas se desprendiam do esterno. O sofrimento era horrível.
- Os gemidos de Jesus eram puramente gritos de dor. Misturadas com elas estavam orações ininterruptas, passagens dos Salmos e Profecias, cujas previsões Ele agora estava cumprindo. Durante todo o tempo de Sua amarga Paixão e até o momento da morte, Ele estava envolvido nesse tipo de oração e no cumprimento ininterrupto das Profecias. Ouvi todas as passagens que Ele usou e as repeti com Ele, e quando digo os Salmos, sempre me lembro dos versos que Jesus usou. Mas agora estou tão esmagada pelos tormentos do meu Noivo Celestial que não consigo lembrá-los, vi anjos chorando pairando sobre Jesus durante essa terrível tortura.
- A posição do sol na época da Crucificação de Jesus mostrava que era cerca de um quarto após as doze, e no momento em que a cruz foi levantada, o toque de trompetes e trombones soou do Templo. Anunciou que o sacrifício dos cordeiros pascais havia começado; e ao mesmo tempo, com um pressentimento solene, irrompeu sobre os gritos de zombaria e os altos lamentos ao redor do verdadeiro, sacrificado Cordeiro de Deus. Muitos corações endurecidos estremeceram e pensaram nas palavras do Batista: “Eis o Cordeiro de Deus, que tomou sobre Si os pecados do mundo!”
- Junto com aqueles gritos de zombaria, surgiram outros sons naquele momento terrível—sons de amor e compaixão de Seus devotos seguidores. Em tocantes expressões de compaixão, as vozes mais santas da terra, a de Sua Mãe aflita, das santas mulheres, do discípulo amado e de todos os puros de coração, saudaram o "Verbo Eterno feito Carne" elevado na cruz. Mãos amorosas foram ansiosamente estendidas como se quisessem ajudar o Santo dos Santos, o Noivo das almas, pregado vivo na cruz, tremendo nas mãos de pecadores enfurecidos. Mas quando a cruz levantada caiu com um estrondo no buraco preparado para ela, um momento de profundo silêncio se seguiu. Parecia que um novo sentimento, nunca antes experimentado, caía sobre cada coração. O próprio Inferno sentiu com terror o impacto da cruz caindo e, com gritos de raiva e blasfêmia, levantou-se novamente contra o Senhor em seus instrumentos, os cruéis algozes e fariseus.
- Entre as pobres almas e no Limbo, surgiu a alegria da expectativa ansiosa prestes a se realizar. Eles ouviram aquele estrondo com esperança ansiosa. Soou para eles como a batida do futuro Vencedor à porta da Redenção. Pela primeira vez, a Santa Cruz se ergueu sobre a terra, como outra árvore da vida no Paraíso, e das Chagas de Jesus, ampliadas pelo choque, escorreram quatro correntes sagradas sobre a terra, para lavar a maldição que sobre ela repousava e para fazer dela, para Ele, o novo Adão, frutos de salvação.
- Enquanto Jesus estava sendo pregado na cruz, os ladrões ainda estavam deitados no lado oriental do monte, com as mãos amarradas à travessa fixada em seus ombros, e guardas vigiando-os. Ambos eram suspeitos do assassinato de uma mulher judia que, com seus filhos, estava viajando de Jerusalém para Jope. Os ladrões olharam para Jesus, um orando, o outro zombando. Ambos pertenciam àquela banda de ladrões nas fronteiras do Egito, de quem a Sagrada Família, na fuga para o Egito com o Menino Jesus, recebeu abrigo por uma noite. Dismas era aquele menino leproso que, por conselho de Maria, foi lavado por sua mãe na água usada para banhar o Menino Jesus e instantaneamente curado por ela. A caridade e proteção que sua mãe, apesar de suas companheiras, então concedeu à Sagrada Família, foram recompensadas por aquela purificação exterior e simbólica, que se concretizou no momento da Crucificação, quando, através do Sangue de Jesus, seu filho foi interiormente limpo do pecado. Dismas tinha ido à ruína e não conhecia Jesus; ainda assim, ele não era completamente mau, e a paciência do Senhor o havia tocado. Dismas, em profunda contrição e humilde esperança, levantou a cabeça para Jesus e disse: “Senhor, deixe-me ir para algum lugar de onde você possa me resgatar!” Lembra-te de mim quando entrares no teu Reino! Jesus respondeu-lhe: "Em verdade, em verdade te digo, hoje estarás comigo no Paraíso!"
- A Santíssima Virgem, dominada pelo amor materno, implorava fervorosamente em seu coração a Jesus para que a deixasse morrer com Ele. Naquele momento, o Senhor lançou um olhar sério e compassivo sobre Sua Mãe e, voltando os olhos para João, disse-lhe: “Mulher, eis o teu filho! Ele será seu filho mais verdadeiramente do que se você o tivesse dado à luz. Então Ele elogiou João e disse: "Ele sempre foi inocente e cheio de fé simples". A João, Ele disse: “Eis a tua Mãe!” e João, reverentemente e como um filho, abraçou sob a cruz do Redentor moribundo a Mãe de Jesus, que agora também se tornara sua Mãe. Maria mantinha sua dignidade como a Mulher que iria esmagar a cabeça da serpente. Senti que a mais pura, a mais humilde, a mais obediente das criaturas, aquela que disse ao anjo: "Eis aqui a serva do Senhor!" Seja feita a Tua vontade!—ela que se tornara a Mãe do Verbo Eterno Encarnado, agora que compreendia de seu Filho moribundo que deveria ser a Mãe espiritual de outro filho, em meio à sua dor pela separação e ainda humildemente obediente, pronunciou novamente, embora em seu coração, as palavras: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra!” Senti que naquele momento ela tomou para si todos os filhos de Deus, todos os irmãos de Jesus.
- A hora do Senhor havia chegado. Jesus ofereceu Sua miséria, Sua pobreza, Suas dores, Sua desolação por nós, miseráveis pecadores, para que quem está unido com Jesus no corpo da Igreja não deva desesperar naquela última hora, mesmo que, com a luz e o consolo sendo retirados, ele fique na escuridão. Neste deserto de noite interior, não somos mais obrigados a mergulhar sozinhos e expostos ao perigo. Jesus lançou no abismo do mar amargo da desolação Seu próprio abandono interior e exterior na cruz, deixando assim o cristão não sozinho na desolação da morte, quando a luz da consolação celestial brilha fraca. Para o cristão naquela última hora de perigo, já não há mais nenhuma região escura e desconhecida, nenhuma solidão, nenhum abandono, nenhum desespero; pois Jesus, a Luz, a Verdade e o Caminho, abençoou o caminho sombrio ao atravessá-lo Ele mesmo, e ao plantar Sua cruz nele, afastando dele tudo o que é aterrador. A Santíssima Virgem, apoiada nos braços de Maria Cleofas e Salomé, estava de pé entre Jesus e a cruz do bom ladrão, seu olhar fixo em seu Filho moribundo. Jesus falou: “Está consumado!” e, levantando a cabeça, Ele gritou em alta voz: “Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu Espírito!” O doce e alto grito ecoou pelo Céu e pela terra. Então Ele inclinou a cabeça e entregou o espírito. Vi Sua alma como um fantasma luminoso descendo pela terra perto da cruz até a esfera do Limbo. João e as santas mulheres caíram, de rosto para baixo, prostrados na terra.
GLÓRIA AO PAI
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre será, mundo sem fim. Amém.
A ORAÇÃO DE FÁTIMA
Ó meu Jesus, perdoa-nos os nossos pecados, livra-nos do fogo do inferno e guia todas as almas para o Céu, especialmente aquelas que mais precisam da Tua Misericórdia.
ORAÇÕES FINAIS
SALVE, RAINHA
Salve, Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, salve! A vós bradamos, os degredados filhos de Eva. A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei. E depois deste desterro, mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre. Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria.
Rogai por nós, santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Oremos
Ó Deus, cujo Filho unigênito, por Sua vida, morte e ressurreição, nos adquiriu as recompensas da vida eterna, concedei, nós vos suplicamos, que, meditando sobre estes mistérios do Santíssimo Rosário da Bem-Aventurada Virgem Maria, possamos imitar o que eles contêm e obter o que prometem. Pelo mesmo Cristo, nosso Senhor. Amém.
ORAÇÃO A SÃO MIGUEL ARCANJO
São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate. Sede o nosso refúgio contra as maldades e ciladas do demônio. Ordene-lhe Deus, instantemente o pedimos, e vós, Príncipe da Milícia Celeste, pelo poder divino, precipitai no inferno a Satanás e a todos os espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as almas. Amém.
LEMBRAI-VOS (MEMORARE)
Lembrai-vos, ó piedosíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que recorreram à vossa proteção, imploraram o vosso auxílio e buscaram a vossa intercessão fosse por vós desamparado. Animado, pois, com igual confiança, a vós recorro, ó Virgem das virgens, minha Mãe. A vós venho, diante de vós me prostro, gemendo sob o peso dos meus pecados. Não desprezeis as minhas súplicas, ó Mãe do Verbo Encarnado, mas dignai-vos de as ouvir e atender. Amém.
Que a Assistência Divina permaneça sempre conosco, e que as almas dos fiéis defuntos, pela misericórdia de Deus, descansem em paz. Amém.
Mistérios gloriosos
A Ressurreição
Fruto deste Mistério: Santa Alegria.
João aproximou-se, seguido por Pedro. João ficou do lado de fora da entrada da caverna e inclinou-se para olhar, através das portas externas do sepulcro, as portas semiabertas do túmulo, onde viu os lençóis de linho. Então Pedro chegou. Ele desceu até o sepulcro e entrou no túmulo, no centro do qual viu o sudário de linho. Ele estava enrolado de ambos os lados em direção ao meio, e as especiarias estavam envoltas nele. As faixas estavam dobradas ao redor, como as mulheres costumam fazer ao guardar esses panos. O lenço que cobria o rosto sagrado estava à direita, próximo à parede. Ele também estava dobrado. João seguiu Pedro até o túmulo, viu as mesmas coisas e acreditou na Ressurreição. Tudo o que o Senhor havia dito, tudo o que estava escrito nas Escrituras, agora estava claro para eles. Antes, eles tinham apenas uma compreensão imperfeita.
PAI NOSSO
Pai Nosso que estás nos céus, santificado seja o Vosso nome. Venha a nós o Vosso reino. Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
AVE MARIA x10
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.
MEDITAÇÕES
- Tudo estava calmo e silencioso ao redor do santo sepulcro. Cerca de sete guardas estavam à frente e ao redor, alguns sentados, outros em pé. Durante todo o dia, Cássio permaneceu dentro do sepulcro, na entrada do túmulo propriamente dito, saindo apenas por alguns momentos. Ele ainda estava absorto em recolhimento. Ele esperava algo que sabia que iria acontecer, pois uma graça e luz extraordinárias lhe haviam sido concedidas. Era noite; as lanternas diante do túmulo lançavam uma luz deslumbrante. Eu vi o Corpo Sagrado envolto no sudário, exatamente como havia sido colocado no leito de pedra. Ele estava cercado por uma luz brilhante e, desde o sepultamento, dois anjos guardavam os restos sagrados em adoração, um à cabeceira e outro aos pés. Eles pareciam sacerdotes. Sua postura, com os braços cruzados sobre o peito, lembrava os querubins da Arca da Aliança, exceto que não tinham asas. O túmulo inteiro, e especialmente o local de repouso do Senhor, lembrava de maneira impressionante a Arca da Aliança em diferentes períodos de sua história. A luz e a presença dos anjos podem ter sido visíveis em algum grau para Cássio, e pode ter sido por isso que ele ficou olhando fixamente para as portas fechadas do túmulo, como alguém que adora o Santíssimo Sacramento.
- A bendita alma de Jesus, em esplendor deslumbrante, entre dois anjos guerreiros e cercada por uma multidão de figuras resplandecentes, desceu flutuando pelo teto rochoso do túmulo sobre o corpo sagrado. Parecia inclinar-se sobre ele e fundir-se, por assim dizer, em um só com ele. Eu vi os membros sagrados se movendo sob as faixas, e o corpo vivo e deslumbrante do Senhor, com Sua alma e Sua Divindade, saindo do lado do sudário como se fosse do lado ferido. A visão me lembrou de Eva saindo do lado de Adão. Todo o lugar estava resplandecente de luz e glória.
- Quatro dos guardas foram à cidade para buscar algo; os outros três caíram no chão inconscientes. Eles atribuíram o choque a um terremoto, mas não sabiam a causa. Cássio, no entanto, estava muito agitado e assustado, pois teve uma visão clara do que havia acontecido, sem compreendê-lo totalmente. Ele manteve sua posição e, com grande devoção, esperou o que aconteceria a seguir. Enquanto isso, os soldados ausentes retornaram. A terra tremeu, e um anjo vestido como um guerreiro desceu do céu como um raio até o túmulo, rolou a pedra para o lado e sentou-se sobre ela. O tremor da terra foi tão forte que as lanternas balançaram de um lado para o outro, e as chamas brilharam ao redor. Os guardas caíram atordoados no chão e ficaram lá, rígidos e contorcidos, como se estivessem mortos. Cássio viu de fato a glória que envolvia o santo sepulcro, o rolamento da pedra pelo anjo e ele sentando-se sobre ela, mas não viu o Salvador ressuscitado. Ele se recuperou rapidamente, aproximou-se do leito de pedra, sentiu entre os panos vazios e saiu do sepulcro, onde, cheio de desejo ardente, esperou um pouco, na esperança de testemunhar uma nova e maravilhosa aparição.
- Eu vi o Senhor ressuscitado aparecendo a Sua Santíssima Mãe no Monte Calvário. Ele era transcendente em beleza e glória, Sua postura cheia de seriedade. Sua veste, que era como um manto branco envolto em Seus membros, flutuava ao vento atrás dEle enquanto caminhava. Brilhava em azul e branco, como fumaça ondulando ao sol. Suas feridas eram muito grandes e brilhantes; nas de Suas mãos, podia-se facilmente inserir um dedo. Os lábios das feridas formavam os lados de um triângulo equilátero que se encontravam, por assim dizer, no centro de um círculo, e da palma da mão partiam raios de luz em direção aos dedos. As almas dos primeiros Patriarcas inclinaram-se diante da Santíssima Mãe, a quem Jesus disse algo sobre vê-la novamente. Ele mostrou a ela Suas feridas, e quando ela se ajoelhou para beijar Seus pés, Ele pegou sua mão, levantou-a e desapareceu.
- Quando, ao se aproximarem, as santas mulheres notaram as lanternas dos guardas e os soldados caídos ao redor, ficaram assustadas e seguiram um pouco além do jardim em direção ao Gólgota. Madalena, no entanto, esquecendo-se do perigo, correu para o jardim. Salomé seguiu-a a certa distância, e as outras duas esperaram do lado de fora. Todo o lugar estava resplandecente de luz, e um anjo estava sentado à direita do túmulo. Madalena estava extremamente perturbada. Quando, com corações palpitantes, as mulheres entraram no sepulcro e se aproximaram do túmulo sagrado, viram diante delas os dois anjos do túmulo, vestidos com trajes sacerdotais, brancos e brilhantes. As mulheres se apertaram umas às outras, aterrorizadas, e, cobrindo os rostos com as mãos, curvaram-se tremendo quase até o chão. Um dos anjos dirigiu-se a elas. Ele disse que não deviam temer, nem procurar o Crucificado ali. Ele estava vivo, havia ressuscitado, não estava mais entre os mortos. Então o anjo apontou para o túmulo vazio e ordenou que elas contassem aos discípulos o que tinham visto e ouvido, e que Jesus iria adiante deles para a Galileia.
- Madalena chegou ao Cenáculo como alguém fora de si e bateu violentamente na porta. Alguns dos discípulos ainda dormiam em seus leitos ao longo das paredes, enquanto outros já haviam se levantado e conversavam entre si. Pedro e João abriram a porta. Madalena, sem entrar, apenas pronunciou as palavras: “Tiraram o Senhor do túmulo! Não sabemos onde Ele está”—e correu de volta apressadamente para o jardim do sepulcro. Pedro e João a seguiram, mas João ultrapassou Pedro.
- Madalena estava bastante molhada de orvalho quando chegou novamente ao jardim e correu para o túmulo. Seu manto havia escorregado de sua cabeça para os ombros, e seus longos cabelos estavam soltos. Como estava sozinha, teve medo de entrar no sepulcro de imediato, então esperou no degrau da entrada. Ela se inclinou, tentando ver através das portas baixas da caverna e até o leito de pedra. Seus longos cabelos caíram para frente enquanto ela se inclinava, e ela tentava segurá-los com as mãos, quando viu os dois anjos vestidos com trajes sacerdotais brancos sentados à cabeceira e aos pés do túmulo, e ouviu as palavras: “Mulher, por que choras?” Ela respondeu em alta voz, em sua dor: “Levaram o meu Senhor! Não sei onde O colocaram!” Dizendo isso e vendo apenas os panos de linho, ela se virou chorando, como alguém que procura algo, e como se tivesse que encontrá-Lo. Ela tinha uma vaga premonição de que Jesus estava perto, e mesmo a aparição dos anjos não a distraiu de sua única ideia. Ela não parecia consciente de que era um anjo que falava com ela. Ela só pensava em Jesus; seu único pensamento era: “Jesus não está aqui! Onde está Jesus?”
- A cerca de dez passos do sepulcro, na direção leste, onde o jardim se elevava em direção à cidade, ela avistou, na luz cinzenta do amanhecer, entre os arbustos atrás de uma palmeira, uma figura vestida com uma longa túnica branca. Correndo em sua direção, ela ouviu novamente as palavras: “Mulher, por que choras? A quem procuras?” Ela pensou que era o jardineiro. A aparição não era resplandecente. Parecia uma pessoa vestida com longas roupas brancas, vista ao crepúsculo. Às palavras: “A quem procuras?”, Madalena respondeu imediatamente: “Senhor, se foste tu que O levaste, diz-me onde O colocaste, e eu O levarei!” Ela olhou ao redor, como para ver se Ele não havia sido colocado em algum lugar próximo. Então Jesus, em Sua voz bem conhecida, disse: “Maria!” Reconhecendo a voz, e esquecendo a crucificação, a morte e o sepultamento, agora que Ele estava vivo, ela se virou rapidamente e, como antes, exclamou: “Raboni!” (“Mestre”). Ela caiu de joelhos diante dEle e estendeu os braços em direção aos Seus pés. Mas Jesus levantou a mão para impedi-la, dizendo: “Não Me toques, pois ainda não subi para Meu Pai. Mas vai a Meus irmãos e dize-lhes: Subo para Meu Pai e vosso Pai, para Meu Deus e vosso Deus”. Madalena parecia possuída pela ideia de que Jesus estava vivo como antes, e que tudo era como costumava ser. Eu entendi por essas palavras que os primeiros frutos da alegria pertencem a Deus. Era como se Jesus tivesse dito que Madalena deveria recolher-se e agradecer a Deus pelo mistério da Redenção acabado de se cumprir e Sua vitória sobre a morte.
- Quatro dos soldados retornaram do túmulo e foram diretamente a Pilatos com o relato. Pilatos ouviu cada detalhe com terror secreto, mas, sem demonstrar nada, enviou-os a Anás e Caifás. Anás ficou como um possesso. Ele teve que ser contido e nunca mais apareceu em público. Caifás tornou-se como um louco, consumido por uma raiva secreta. Os quatro soldados foram presos e encarcerados. Os inimigos de Jesus espalharam o boato de que Seu corpo havia sido roubado pelos discípulos; e os fariseus, saduceus e herodianos fizeram com que a mentira fosse propagada por toda parte, publicada em todas as sinagogas do mundo inteiro, acompanhada de calúnias contra Jesus. Suas mentiras pouco lhes valeram, pois após a Ressurreição de Jesus, muitas almas de santos judeus falecidos apareceram aqui e ali para aqueles de seus descendentes ainda suscetíveis à graça e às impressões santas, e aterrorizaram seus corações para a conversão. A muitos dos discípulos também, que, abalados na fé e desanimados, estavam dispersos pelo país, apareceram aparições semelhantes para consolá-los e fortalecê-los na fé.
- Na noite do mesmo dia, muitos dos discípulos e todos os Apóstolos se reuniram no salão da Última Ceia, exceto Tomé, que estava em completo retiro. As portas estavam fechadas. A refeição foi conduzida com cerimônia. Os convidados oraram de pé e comeram reclinados, enquanto Pedro e João ensinavam. Isso foi como a primeira instrução catequética após a morte de Jesus. Eu vi todos presentes radiantes de emoção alegre, olhando na mesma direção. Jesus entrou pelas portas fechadas. Ele estava vestido com uma longa túnica branca, simplesmente cingida. Eles não pareciam realmente conscientes de Sua aproximação até que Ele passou pelos círculos e ficou no meio deles, sob a lâmpada. Então ficaram muito maravilhados e agitados. Ele mostrou-lhes as mãos e os pés e, abrindo Sua túnica, revelou a ferida no lado. Ele falou com eles e, vendo que estavam muito aterrorizados, pediu algo para comer. Eu vi raios de luz saindo de Sua boca. Os Apóstolos e discípulos estavam como que completamente extasiados.
GLÓRIA AO PAI
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e sempre, por todos os séculos. Amém.
ORAÇÃO DE FÁTIMA
Ó meu Jesus, perdoai-nos os nossos pecados, livrai-nos do fogo do inferno, levai todas as almas para o céu, principalmente aquelas que mais precisarem da Vossa misericórdia.
A Ascensão
Fruto deste Mistério: Confiança nas Promessas do Senhor.
Após alguns momentos, quando o esplendor começou a diminuir, toda a assembleia, em profundo silêncio—suas almas agitadas por diversas emoções—fitou o brilho, que permaneceu visível por um longo tempo. Eu vi duas figuras aparecerem nessa luz. Estavam vestidas com longas túnicas brancas, e cada uma segurava um cajado em uma das mãos. Pareciam profetas. Eles se dirigiram à multidão, suas vozes como trombetas ressoando alto e claro. Pareceu-me que certamente poderiam ser ouvidos em Jerusalém. Eles não se moviam, permaneciam perfeitamente imóveis e disseram: “Homens da Galileia, por que estais aí, olhando para o céu? Esse Jesus, que foi elevado ao céu diante de vós, virá do mesmo modo como O vistes partir”. Depois dessas palavras, as figuras desapareceram. O brilho permaneceu por mais algum tempo e então se dissipou como a luz do dia cedendo à escuridão da noite. Os discípulos estavam completamente fora de si, pois agora compreendiam o que havia acontecido. Muitos, aturdidos pela dor e pelo espanto, caíram no chão. Quando o brilho desapareceu completamente, eles se levantaram novamente, e os outros se reuniram ao seu redor. Formaram grupos, a Santíssima Virgem deu um passo à frente, e assim permaneceram por algum tempo, recuperando-se, conversando e olhando para o céu. Por fim, os Apóstolos e discípulos voltaram para a casa da Última Ceia, e a Santíssima Virgem os seguiu. Alguns choravam como crianças que se recusam a ser consoladas, outros estavam perdidos em pensamentos. A Santíssima Virgem, Pedro e João estavam muito calmos e cheios de consolação. No entanto, vi alguns entre os diferentes grupos que permaneceram impassíveis, incrédulos e cheios de dúvidas. Eles se afastaram dos demais.
PAI NOSSO
Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o Vosso nome. Venha a nós o Vosso reino. Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
AVE MARIA x10
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.
MEDITAÇÕES
- Ao amanhecer, Jesus deixou a casa da Última Ceia com os Onze. A Santíssima Virgem os seguiu de perto; os discípulos, a uma pequena distância. Eles passaram pelas ruas de Jerusalém, onde tudo estava quieto, os habitantes ainda mergulhados no sono. A cada momento, o Senhor se tornava mais solene, mais rápido em suas palavras e ações. Na noite anterior, Ele me pareceu muito mais compreensivo em Suas palavras para Seus seguidores. Reconheci o caminho que tomaram como o da procissão do Domingo de Ramos. Vi que Jesus os levou por todos os caminhos que Ele havia percorrido durante Sua Paixão, para inspirá-los com Seus ensinamentos e advertências, despertando neles uma apreciação viva do cumprimento da Promessa. Em cada lugar onde alguma cena de Sua Paixão havia ocorrido, Ele parou por um momento para instruí-los sobre o cumprimento das palavras dos Profetas, sobre as Promessas, e para explicar a relação simbólica do lugar com elas.
- Jesus parou para ensinar e consolar o pequeno rebanho. Enquanto isso, o dia amanheceu brilhante; seus corações se alegraram, e eles até começaram a pensar que Jesus ainda permaneceria com eles.
- Novas multidões de crentes chegaram, mas não vi mulheres entre eles. Jesus novamente tomou o caminho que levava ao Monte Calvário e ao Santo Sepulcro, mas não seguiu até esses pontos; Ele desviou-se e contornou a cidade em direção ao Monte das Oliveiras. Alguns dos lugares nessas estradas, consagrados à oração e santificados pelos ensinamentos de Jesus, e que haviam sido devastados ou cercados pelos judeus, foram agora restaurados pelos discípulos.
- Jesus parou por um momento com a multidão em um local extremamente fresco e encantador, coberto por uma grama longa e bonita. Fiquei surpresa ao ver que ela não estava pisoteada. A multidão que cercava Jesus era tão grande que não pude mais contá-la. Jesus falou com eles por um longo tempo, como alguém que está concluindo seu discurso e chegando ao fim. Seus ouvintes perceberam que a hora da despedida estava próxima, mas ainda não tinham ideia de que o tempo restante seria tão curto.
- O sol já estava alto, já estava bem acima do horizonte. Não sei se me expresso corretamente, pois naquele país o sol parece não estar tão alto quanto aqui. Ele sempre me parece mais próximo. Não o vejo como aqui, subindo como um pequeno globo. Ele brilha lá com muito mais intensidade. Seus raios, em geral, não são tão finos. Muitas vezes parecem um amplo caminho de luz. Jesus e Seus seguidores permaneceram aqui por uma hora. Nesse momento, as pessoas em Jerusalém estavam todas alertas, maravilhadas com as multidões que avistavam ao redor do Monte das Oliveiras. Fora da cidade, também, multidões se aglomeravam em grupos. Eles consistiam de todos aqueles que haviam saído para encontrar Jesus no Domingo de Ramos. As estradas estreitas logo ficaram lotadas.
- O Senhor foi apenas até o Getsêmani e do Jardim das Oliveiras até o topo do monte. Ele não pisou no caminho onde havia sido preso. A multidão o seguiu como em uma procissão, subindo pelos diferentes caminhos que circundavam o monte. Muitos até passaram pelas cercas e sebes dos jardins. Jesus, a cada instante, brilhava mais intensamente, e Seus movimentos se tornavam mais rápidos. Os discípulos se apressaram para segui-Lo, mas era impossível alcançá-Lo. Quando Ele chegou ao topo da montanha, estava resplandecente como um raio de luz solar branca. Um círculo brilhante, reluzindo em todas as cores do arco-íris, desceu do céu ao Seu redor.
- A multidão pressionada ficou em um amplo círculo do lado de fora, como se se fundisse com ele. O próprio Jesus brilhava ainda mais do que a glória ao Seu redor. Ele colocou a mão esquerda sobre o peito e, erguendo a direita, girou lentamente, abençoando o mundo inteiro. A multidão permaneceu imóvel. Vi todos receberem a bênção. Jesus não a concedeu com a mão aberta e plana, como os rabinos, mas como os bispos cristãos. Com grande alegria, senti Sua bênção sobre o mundo inteiro.
- E agora os raios de luz de cima se uniram à glória que emanava de Jesus, e eu O vi desaparecendo, dissolvendo-se, por assim dizer, na luz do céu, desaparecendo enquanto subia. Perdi de vista Sua cabeça primeiro. Parecia que um sol se perdia em outro, que uma chama entrava em outra, que uma faísca flutuava em uma chama. Era como se alguém estivesse olhando para o esplendor pleno do sol ao meio-dia, embora essa luz fosse mais branca e clara. O dia pleno, comparado a isso, pareceria escuro. Primeiro, perdi de vista a cabeça de Jesus, depois toda a Sua pessoa, e finalmente Seus pés, radiantes de luz, desapareceram na glória celestial. Vi inúmeras almas de todos os lados entrando naquela luz e desaparecendo no alto com o Senhor. Não posso dizer que O vi ficando aparentemente menor e menor, como algo voando no ar, pois Ele desapareceu como que em uma nuvem de luz.
- Daquela nuvem, algo como orvalho, como uma chuva de luz, caiu sobre todos abaixo, e quando não podiam mais suportar o esplendor, foram tomados por espanto e terror. Os Apóstolos e discípulos, que estavam mais próximos de Jesus, ficaram cegos pelo brilho deslumbrante. Eles foram forçados a baixar os olhos, enquanto muitos se prostraram com o rosto no chão. A Santíssima Virgem estava de pé logo atrás deles, olhando calmamente para frente.
- No topo do Monte das Oliveiras, de onde Jesus ascendeu, havia uma rocha plana. Sobre ela, Ele ficou de pé, dirigindo-Se à multidão antes de abençoá-la, e a nuvem de luz O recebeu. As pegadas de Seus pés permaneceram impressas na pedra, e em outra, a marca de uma das mãos da Santíssima Virgem. Já era passado o meio-dia quando a multidão se dispersou completamente. Os Apóstolos e discípulos agora se sentiam sozinhos. A princípio, estavam inquietos e como pessoas abandonadas. Mas, pela presença reconfortante da Santíssima Virgem, foram consolados e, confiando plenamente nas palavras de Jesus de que ela seria para eles uma Medianeira, uma mãe e uma advogada, recuperaram a paz da alma.
GLÓRIA AO PAI
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e sempre, por todos os séculos. Amém.
ORAÇÃO DE FÁTIMA
Ó meu Jesus, perdoai-nos os nossos pecados, livrai-nos do fogo do inferno, levai todas as almas para o céu, principalmente aquelas que mais precisarem da Vossa misericórdia.
A Descida do Espírito Santo
Fruto deste Mistério: O Dom da Sabedoria Divina.
No dia de Pentecostes, o fogo sagrado foi derramado não apenas sobre os Apóstolos e a Santíssima Virgem, mas também sobre os discípulos e as mulheres presentes na antecâmara, e assim a nuvem resplandecente gradualmente se dissolveu como em uma chuva de luz. As chamas desceram sobre cada um em cores diferentes e em diferentes graus de intensidade. Após essa efusão de luz celestial, uma coragem alegre tomou conta da assembleia. Todos estavam cheios de emoção e como que embriagados de alegria e confiança.
PAI NOSSO
Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o Vosso nome. Venha a nós o Vosso reino. Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
AVE MARIA x10
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.
MEDITAÇÕES
- Nos dias seguintes, vi os Apóstolos sempre juntos e a Santíssima Virgem com eles na casa da Última Ceia. Na última refeição de Jesus, e desde então, vi Maria, durante as orações e a fração do pão, sempre em frente a Pedro, que agora ocupava o lugar do Senhor no círculo de oração e nas refeições. Naquela ocasião, tive a impressão de que Maria agora ocupava uma posição de grande importância entre os Apóstolos e que ela estava colocada acima da Igreja. Os Apóstolos se mantinham muito reservados. Não vi ninguém da grande multidão de seguidores de Jesus indo até eles na casa da Última Ceia. Eles se protegiam mais contra a perseguição dos judeus e se dedicavam a orações mais fervorosas e bem regulamentadas do que os discípulos dispersos em grupos pelos outros aposentos da mesma casa. Estes últimos entravam e saíam com mais liberdade. Vi muitos deles também percorrendo devotamente o caminho do Senhor durante a noite.
- Todo o interior da sala da Última Ceia estava, na véspera da festa de Pentecostes, ornamentado com arbustos verdes, em cujos ramos foram colocados vasos de flores. Grinaldas de verde estavam penduradas de um lado para o outro. Os Apóstolos estavam em duas filas voltados para Pedro ao longo de ambos os lados do salão, e, a partir dos salões laterais, os discípulos posicionados atrás dos Apóstolos participavam dos hinos e orações. Quando Pedro partiu e distribuiu o pão que havia abençoado anteriormente, primeiro à Santíssima Virgem, depois aos Apóstolos e discípulos que se aproximaram para recebê-lo, eles beijaram sua mão, incluindo a Santíssima Virgem. Além das santas mulheres, havia na casa da Última Ceia e suas dependências cento e vinte seguidores de Jesus.
- Após a meia-noite, surgiu um movimento maravilhoso em toda a natureza. Ele se comunicou a todos os presentes, que estavam em profunda recolhimento, com os braços cruzados sobre o peito, perto dos pilares da Sala da Ceia e nos salões laterais, orando em silêncio. A quietude tomou conta da casa, e o silêncio reinou por todo o recinto.
- Pela manhã, vi acima do Monte das Oliveiras uma nuvem brilhante e branca de luz descendo do céu e se aproximando da casa. À distância, ela me parecia uma bola redonda carregada por uma brisa suave e quente. Mas, ao se aproximar, parecia maior e flutuava sobre a cidade como uma massa luminosa de neblina até pairar sobre Sião e a casa da Última Ceia. Parecia se contrair e brilhar com um brilho cada vez mais intenso, até que, com um som estridente e rugidor como de vento, desceu como uma nuvem de tempestade flutuando baixo na atmosfera. Vi muitos judeus, que avistaram a nuvem, correndo apavorados para o Templo. Eu mesma senti uma ansiedade infantil sobre onde me esconder se o golpe viesse, pois tudo parecia uma tempestade que de repente se formara, que, em vez de subir da terra, descia do céu, que era luz em vez de escuridão, que, em vez de trovejar, descia com um vento forte. Senti aquele movimento rápido. Era como uma brisa quente, cheia de poder para refrescar e revigorar.
- A nuvem luminosa desceu baixo sobre a casa, e, com o aumento do som, a luz se tornou mais brilhante. Vi a casa e seus arredores com mais clareza, enquanto os Apóstolos, discípulos e mulheres ficavam cada vez mais silenciosos, mais profundamente recolhidos.
- Depois, jorraram da nuvem rugidora correntes de luz branca sobre a casa e seus arredores. As correntes se cruzavam em raios septuplicados, e abaixo de cada interseção se resolviam em finos fios de luz e gotas de fogo. O ponto onde os sete fluxos se cruzavam estava cercado por uma luz de arco-íris, na qual flutuava uma figura luminosa com asas estendidas, ou raios de luz que pareciam asas, presos aos ombros. Naquele mesmo instante, toda a casa e seus arredores foram penetrados pela luz. A lâmpada de cinco braços não brilhava mais.
- Os fiéis reunidos foram arrebatados em êxtase. Cada um involuntariamente jogou a cabeça para trás e ergueu os olhos avidamente para o alto, enquanto em cada boca fluía um rio de luz como uma língua de fogo ardente. Parecia que eles estavam respirando, que estavam bebendo avidamente o fogo, e que seu desejo ardente flamejava de suas bocas para encontrar a chama que entrava.
- Eles se reuniram ao redor da Santíssima Virgem, que era, vi, a única completamente calma, a única que mantinha uma santa e tranquila autoposse. Os Apóstolos se abraçaram e, impulsionados por uma confiança alegre, exclamaram: “O que éramos? O que somos agora?” As santas mulheres também se abraçaram. Os discípulos nos salões laterais foram igualmente afetados, e os Apóstolos se apressaram a ir até eles. Uma nova vida, cheia de alegria, confiança e coragem, havia sido infundida em todos. Sua alegria se manifestou em ações de graças. Eles começaram a orar, agradecer e louvar a Deus com grande emoção. A luz, entretanto, desapareceu. Pedro deu uma instrução aos discípulos e enviou vários deles para as hospedarias dos hóspedes de Pentecostes.
- Um movimento extraordinário tomou conta de toda a natureza. As pessoas boas foram despertadas interiormente, enquanto os ímpios ficaram tímidos, inquietos e ainda mais obstinados. A maioria desses estrangeiros estava acampada aqui desde a Páscoa, porque a distância de suas casas tornava uma viagem de ida e volta entre aquela festa e Pentecostes completamente impraticável. Eles haviam se tornado, por tudo o que viram e ouviram, bastante íntimos e bem dispostos para com os discípulos, de modo que estes, embriagados de alegria, anunciaram a eles o cumprimento da Promessa do Espírito Santo. Então, eles também se tornaram conscientes de uma mudança dentro de suas próprias almas e, ao chamado dos discípulos, se reuniram ao redor do Tanque de Betesda. Na casa da Última Ceia, Pedro impôs as mãos sobre cinco dos Apóstolos que iriam ajudar a ensinar e batizar no Tanque de Betesda. Eles eram Tiago Menor, Bartolomeu, Matias, Tomé e Judas Tadeu. Este último teve uma visão durante sua ordenação. Pareceu-lhe que ele estava abraçando o Corpo do Senhor.
- No oitavo dia após Pentecostes, Pedro, vestido com seu manto episcopal, celebrou a Santa Missa. João e Tiago Menor o serviram. Vi todas as cerimônias realizadas exatamente como Jesus as havia realizado na instituição da Santa Eucaristia: o Ofertório, a colocação do vinho no cálice, a lavagem dos dedos e a Consagração. Os comungantes estavam ajoelhados, diante deles um pano de linho estreito, que dois seguravam de cada lado. Não vi os fiéis participarem do cálice.
GLÓRIA AO PAI
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e sempre, por todos os séculos. Amém.
ORAÇÃO DE FÁTIMA
Ó meu Jesus, perdoai-nos os nossos pecados, livrai-nos do fogo do inferno, levai todas as almas para o céu, principalmente aquelas que mais precisarem da Vossa misericórdia.
A Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria
Fruto deste Mistério: Uma Verdadeira Devoção à Bem-Aventurada Virgem Maria.
Dois discípulos afastaram os arbustos da entrada do túmulo de Maria; todos entraram e se ajoelharam em reverente admiração diante do local de descanso da Bem-Aventurada Virgem. João aproximou-se do leve caixão de vime, que projetava-se um pouco além da borda da rocha, desfez as três faixas cinzentas que o envolviam e as colocou de lado. Quando a luz das tochas iluminou o caixão, viram com espanto e admiração os panos mortuários ainda enrolados como antes, mas vazios. Ao redor do rosto e do peito estavam desfeitos; os envoltórios dos braços estavam ligeiramente afrouxados, mas não desenrolados. Todos entraram na estreita caverna, dois a dois, e viram com assombro as vestes funerárias vazias diante deles. Levantaram os olhos ao Céu, com os braços erguidos, chorando e rezando, louvando o Senhor e Sua Mãe transfigurada (sua verdadeira e querida Mãe também), pronunciando palavras de ternura, conforme o Espírito os inspirava. Devem ter se lembrado daquela nuvem de luz que haviam visto de longe ao voltarem para casa logo após o sepultamento, como ela havia descido sobre o túmulo e depois subido novamente.
PAI NOSSO
Pai nosso, que estais nos céus, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
AVE-MARIA x10
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.
MEDITAÇÕES
- Na noite passada, tive uma grande visão sobre a morte da Bem-Aventurada Virgem, mas quase a esqueci por completo. A Bem-Aventurada Virgem havia atingido a idade de sessenta e quatro anos. Após a Ascensão de Nosso Senhor, Maria viveu por três anos no Monte Sião, três anos em Betânia e nove anos em Éfeso, para onde São João a levou logo após os judeus terem lançado Lázaro e suas irmãs ao mar.
- João já havia construído uma casa para a Bem-Aventurada Virgem antes de trazê-la para cá. Várias famílias cristãs e mulheres santas já se haviam estabelecido ali, algumas em cavernas na terra ou nas rochas, adaptadas com leves estruturas de madeira para servirem de moradias, e outras em frágeis cabanas ou tendas. Tinham vindo para escapar da violenta perseguição. Suas habitações eram como células de eremitas, pois utilizavam o que a natureza lhes oferecia como refúgio. Geralmente, viviam a um quarto de hora de distância uns dos outros. Todo o assentamento parecia uma aldeia dispersa. A casa de Maria era a única construída de pedra.
- Vi Maria tornar-se cada vez mais silenciosa e meditativa; mal tomava alimento. Parecia que estava ali apenas em aparência, como se seu espírito já houvesse partido e todo o seu ser estivesse distante. Nas últimas semanas antes de sua morte, às vezes a via, fraca e envelhecida, sendo conduzida pela casa por sua serva. Uma vez, vi João entrar na casa, também muito envelhecido, magro e abatido. Maria tinha um grande desejo de ver Jerusalém novamente, e o Apóstolo João a levou para lá. Quando chegaram a Jerusalém, ao anoitecer, antes de entrarem na cidade, visitei com eles o Monte das Oliveiras, o Calvário, o Santo Sepulcro e todos os lugares santos ao redor de Jerusalém. Ela estava indescritivelmente triste, suspirando constantemente: "Oh, meu Filho, meu Filho". Quando chegou à porta atrás do palácio, onde havia encontrado Jesus caindo sob o peso da Cruz, também ela caiu ao chão desfalecida, dominada por memórias dolorosas, e seus companheiros pensaram que estava morrendo.
- Antes da Ascensão de seu Filho, a Santa Virgem havia pedido a Ele que não vivesse por muito tempo neste vale de lágrimas, e, em resposta, Jesus lhe dissera, em linhas gerais, quais obras espirituais deveria cumprir antes de partir da terra. Ele também lhe disse que, em resposta às suas preces, os Apóstolos e vários discípulos estariam presentes em sua morte, e o que ela deveria dizer a eles e como deveria abençoá-los. Agora, a Bem-Aventurada Virgem rezava para que os Apóstolos viessem até ela. Vi o chamado ser enviado a eles em várias partes do mundo. Vi todos eles, tanto os mais distantes quanto os mais próximos, serem convocados por visões para virem à Bem-Aventurada Virgem. As indescritíveis longas jornadas dos Apóstolos não foram feitas sem assistência milagrosa do Senhor. Acho que muitas vezes viajaram de forma sobrenatural sem perceber, pois os vi passando por multidões sem que ninguém os notasse.
- Vi a Santa Virgem deitada em um leito baixo e muito estreito, em seu pequeno dormitório, todo revestido de branco, no cômodo atrás e à direita da lareira. Sua cabeça repousava sobre uma almofada redonda. Estava muito fraca e pálida, como se consumida pelo anseio. Seu rosto e todo o seu corpo estavam cobertos por um longo véu; um manto de lã marrom a envolvia. Vi várias mulheres (creio que cinco) entrarem em seu quarto uma a uma e saírem como se estivessem se despedindo dela.
- Ao entardecer, a Bem-Aventurada Virgem percebeu que sua hora estava próxima e, conforme a vontade de Jesus, expressou o desejo de abençoar e se despedir dos Apóstolos, discípulos e mulheres presentes. Seu quarto foi aberto de todos os lados, e ela sentou-se em seu leito, resplandecente de luz. Após orar, a Bem-Aventurada Virgem abençoou cada um, impondo-lhes as mãos cruzadas sobre a testa. Então, falou-lhes novamente, cumprindo tudo o que Jesus lhe havia ordenado em Betânia. Durante a celebração da Santa Missa, Pedro trouxe à Bem-Aventurada Virgem a Sagrada Eucaristia e administrou-lhe a Extrema Unção.
- Para minha grande alegria, vi que a alma de Maria, ao entrar no Céu, foi seguida por uma grande multidão de almas libertadas do Purgatório. Fui consolado ao saber que, a cada ano, no dia da morte de Nossa Senhora, muitas almas que a veneram recebem essa recompensa.
- Hoje vi várias mulheres vindo preparar o corpo para o sepultamento. Vi o caixão sendo colocado sobre um esquife e levado para fora da casa; seis dos Apóstolos serviram como carregadores, enquanto os outros permaneceram ajoelhados em silêncio, derramando muitas lágrimas. Já era o anoitecer, e quatro luzes eram carregadas em hastes ao redor do caixão. Quando os Apóstolos terminaram o trabalho de depositar o santo corpo no túmulo escavado na rocha e fecharam sua entrada, a noite já havia caído. Todos os presentes entraram um a um e colocaram especiarias e flores ao lado do corpo, ajoelhando-se e oferecendo suas orações e lágrimas. Vários dos Apóstolos e santas mulheres permaneceram em vigília durante toda a noite, rezando e cantando no pequeno jardim em frente ao túmulo de pedra.
- Na noite sagrada, vi um grande feixe de luz descer do Céu até o túmulo de Maria. Vi seu corpo ser transfigurado e elevado ao Céu com Nosso Senhor. Quando olhei para a terra novamente, o corpo da Bem-Aventurada Virgem não estava mais lá.
- No dia seguinte, ao anoitecer, o Apóstolo Tomé chegou e chorou como uma criança ao saber que havia chegado tarde demais. Ao abrir o túmulo, os Apóstolos viram que estava vazio. João exclamou: "Vinde, vede e maravilhai-vos, ela já não está aqui!"
GLÓRIA AO PAI
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre. Amém.
ORAÇÃO DE FÁTIMA
Ó meu Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem.
A Coroação da Bem-Aventurada Virgem Maria e a Glória de todos os Anjos e Santos
O fruto deste mistério: Desejo do Paraíso.
Vi através do céu a Jerusalém celeste. Duas nuvens radiantes de luz desceram, das quais surgiram os rostos de muitos anjos. Entre essas nuvens, um caminho de luz derramava-se sobre Maria, e vi uma montanha brilhante que subia dela até a Jerusalém celeste. Ela estendeu os braços para essa montanha com um desejo infinito e vi seu corpo, todo envolto, elevar-se tão alto acima de seu leito que se podia ver por baixo dele. Vi sua alma deixar seu corpo como uma pequena figura de luz infinitamente pura, elevando-se com os braços estendidos pela montanha luminosa até o Céu. Os dois coros de anjos nas nuvens encontraram-se sob sua alma e a separaram de seu santo corpo, que, no momento da separação, afundou novamente no leito com os braços cruzados sobre o peito. Meu olhar seguiu sua alma e a vi entrar na Jerusalém celeste por aquele caminho luminoso e subir ao trono da Santíssima Trindade. Vi muitas almas avançando para saudá-la com alegria e reverência; entre elas, reconheci muitos patriarcas, assim como Joaquim, Ana, José, Isabel, Zacarias e João Batista. A Bem-Aventurada Virgem elevou-se por entre todos eles até o Trono de Deus e de Seu Filho, cujas chagas brilhavam com uma luz que transcendia até mesmo a luz irradiada por Sua Presença. Ele a recebeu com Seu Amor Divino e colocou em suas mãos um cetro, fazendo um gesto em direção à terra, como se indicasse o poder que lhe concedia.
PAI NOSSO
Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o vosso nome. Venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
AVE-MARIA (10 vezes)
Ave, Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.
MEDITAÇÕES
- Os discípulos deixaram o túmulo da Virgem e retornaram à casa pelo Caminho da Cruz, rezando e cantando hinos. Ao voltarem, todos entraram no quarto de Nossa Senhora. João colocou os panos mortuários reverentemente sobre a pequena mesa, diante do local onde Nossa Senhora costumava rezar. Tomé e os outros rezaram novamente no local onde ela morreu. Pedro afastou-se como se estivesse em meditação espiritual; talvez estivesse se preparando, pois depois vi que o altar foi montado diante do local de oração de Nossa Senhora, onde sua cruz estava, e vi Pedro celebrando ali um serviço solene, com os outros em fila atrás dele, rezando e cantando alternadamente. Fizeram do quarto de Maria uma igreja. Sua serva e algumas mulheres continuaram morando na casa; e dois dos discípulos, um dos quais vinha dos pastores além do Jordão, permaneceram ali para proporcionar conforto espiritual aos fiéis da vizinhança.
- Pouco depois, os Apóstolos se separaram para seguir seus caminhos missionários. Bartolomeu, Simão, Judas Tadeu, Filipe e Mateus foram os primeiros a partir para as terras onde iriam pregar, após uma despedida emocionante. Os outros, exceto João, que permaneceu um tempo a mais, seguiram juntos para a Palestina antes de se separarem. Tudo o que descrevi aconteceu em silêncio e tranquilidade. Havia sigilo, mas (diferente de hoje) não havia medo. A perseguição ainda não tinha chegado ao ponto de espiões e informantes, e nada perturbava a serenidade e a paz.
- Fiz uma grande viagem com meu guia, sem saber como. Passamos sobre a cidade dos Mártires (Roma), atravessamos o mar e uma região deserta até um local onde antes ficava a casa de Ana e Maria, e ali deixei a terra. Vi inumeráveis legiões de santos de infinita variedade e, no entanto, em minha alma, eles eram todos um só, vivendo em uma alegria incomparável, todos interpenetrando-se e refletindo-se mutuamente.
- O lugar era como uma abóbada sem fim, cheia de tronos, jardins, palácios, arcos, jardins floridos e árvores, com caminhos reluzentes como ouro e pedras preciosas. No alto, no centro, em esplendor infinito, estava o trono da Divindade. Os Santos estavam agrupados conforme sua relação espiritual: os religiosos em suas ordens, em posição mais alta ou mais baixa, de acordo com seus méritos individuais; os mártires, conforme suas vitórias; e os leigos de todas as classes, conforme seu progresso na vida espiritual e os esforços que fizeram para se santificar. Todos estavam organizados em admirável ordem nos palácios e jardins de beleza indescritível.
- Aqueles que se associaram por esforços semelhantes para se santificarem tinham auréolas da mesma forma, como um hábito espiritual sobrenatural, e eram distinguidos por emblemas de vitória, coroas, grinaldas e palmas, sendo de todas as classes e nações. Entre eles, vi um sacerdote conhecido meu, que me disse: "Sua tarefa ainda não terminou!" Vi também legiões de soldados em trajes romanos e muitas pessoas que conhecia, todas cantando juntas. Juntei-me a eles em um doce cântico. Olhei para a terra, que parecia um pequeno pedaço de terra no meio das águas; mas, onde eu estava, tudo era imenso. Ah! A vida é tão curta, o fim logo chega! Pode-se ganhar tanto — não devo ficar triste! De bom grado e com alegria aceitarei todos os sofrimentos enviados por meu Deus!
- Todos os Santos apareciam com suas características distintivas: muitos Bispos seguravam pequenas igrejas em suas mãos, pois haviam construído igrejas; outros seguravam báculos, pois haviam apenas desempenhado seus deveres como pastores. Ao seu redor havia árvores carregadas de frutos. Vi os Santos em coros, conforme sua natureza e força, trazendo materiais para erguer um trono, trazendo todos os tipos de grinaldas, flores e decorações para ele. Tudo era feito com uma ordem indescritível, como convém a uma natureza isenta de defeito, pecado e morte; tudo parecia brotar espontaneamente.
- Vi uma igreja na terra e, nela, muitas pessoas conhecidas. Acima dela, havia várias outras igrejas, uma sobre a outra, como diferentes andares, cheias de coros angelicais; e, mais acima ainda, estava a Santíssima Virgem cercada pela mais alta ordem, diante do trono da Santíssima Trindade. A graça de Jesus fluía através de Maria para os três Arcanjos, cada um dos quais irradiava três tipos de dons sobre três dos nove coros inferiores. Estes, por sua vez, os derramavam sobre toda a natureza e toda a raça humana. Ali reinavam uma ordem e uma atividade indescritíveis; mas, abaixo, na igreja terrena, tudo era sonolento e negligente em alto grau.
- Vi a Mãe de Deus sendo elevada da Igreja terrena inferior por inumeráveis anjos, levada, por assim dizer, sobre uma coroa de cinco arcos, nos quais ela pairava sobre o altar. A Santíssima Trindade desceu dos céus mais altos e colocou uma coroa sobre a cabeça de Maria. Os coros de anjos e santos cercaram o altar onde os Apóstolos celebravam o Santo Sacrifício. Esses coros estavam organizados como as capelas laterais de uma igreja.
- A cada passo do Bem-Aventurado Redentor durante Sua paixão, Maria havia reunido os méritos infinitos que Ele adquirira por nós e os guardara em seu santíssimo e compassivo coração, esse único e venerável tesouro de todos os dons da salvação, do qual e através do qual, segundo o eterno decreto do Deus Trino, todo fruto e efeito do mistério da Redenção, aperfeiçoado na plenitude dos tempos, seria concedido ao homem caído.
- Do sangue puríssimo deste santíssimo coração foi formado, pelo Espírito Santo, aquele Corpo que hoje, através de mil feridas, derramava Seu Precioso Sangue como preço de nossa Redenção. Durante nove meses, Jesus habitou sob esse coração cheio de graça. Como uma virgem imaculada, Maria O deu à luz, cuidou Dele, velou por Ele e O alimentou em seu seio, para hoje entregá-Lo por nós à mais cruel morte na árvore da Cruz. Assim como o Pai Eterno não poupou Seu Filho Unigênito, mas O entregou por nós, a Bem-Aventurada Mãe, a Mãe de Deus, também não poupou o Bendito Fruto de seu ventre, mas consentiu que Ele, como o verdadeiro Cordeiro Pascal, fosse sacrificado por nós na Cruz. E assim, Maria é, em seu Filho e ao lado Dele, a causa cooperadora de nossa salvação, nossa Redentora, nossa Medianeira e poderosa Advogada junto a Deus, a Mãe da graça e da misericórdia.
GLÓRIA AO PAI
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
ORAÇÃO DE FÁTIMA
Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu, principalmente as que mais precisarem da Vossa misericórdia.
ORAÇÕES FINAIS
SALVE, RAINHA
Salve, Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, salve! A vós bradamos, os degredados filhos de Eva. A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei. E depois deste desterro, mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre. Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria.
Rogai por nós, santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Oremos
Ó Deus, cujo Filho unigênito, por Sua vida, morte e ressurreição, nos adquiriu as recompensas da vida eterna, concedei, nós vos suplicamos, que, meditando sobre estes mistérios do Santíssimo Rosário da Bem-Aventurada Virgem Maria, possamos imitar o que eles contêm e obter o que prometem. Pelo mesmo Cristo, nosso Senhor. Amém.
ORAÇÃO A SÃO MIGUEL ARCANJO
São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate. Sede o nosso refúgio contra as maldades e ciladas do demônio. Ordene-lhe Deus, instantemente o pedimos, e vós, Príncipe da Milícia Celeste, pelo poder divino, precipitai no inferno a Satanás e a todos os espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as almas. Amém.
LEMBRAI-VOS (MEMORARE)
Lembrai-vos, ó piedosíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que recorreram à vossa proteção, imploraram o vosso auxílio e buscaram a vossa intercessão fosse por vós desamparado. Animado, pois, com igual confiança, a vós recorro, ó Virgem das virgens, minha Mãe. A vós venho, diante de vós me prostro, gemendo sob o peso dos meus pecados. Não desprezeis as minhas súplicas, ó Mãe do Verbo Encarnado, mas dignai-vos de as ouvir e atender. Amém.
Que a Assistência Divina permaneça sempre conosco, e que as almas dos fiéis defuntos, pela misericórdia de Deus, descansem em paz. Amém.
Mistérios luminosos
O Batismo de Nosso Senhor no Rio Jordão
O Fruto deste Mistério: Gratidão pelo Dom da Graça.
Vi que os aspirantes ao batismo ficavam na água até a cintura. João pegava água com uma concha e a derramava sobre a cabeça do neófito, enquanto um dos batizados colocava a mão sobre o ombro do convertido. A parte superior do corpo dos neófitos não ficava totalmente nua; uma espécie de lenço branco era colocado ao redor deles, deixando apenas os ombros descobertos. Perto da piscina havia uma cabana onde eles se retiravam para se vestir. Nunca vi mulheres sendo batizadas ali. O Batista usava uma longa veste branca durante a cerimônia. E então Jesus desceu e ficou na água até o peito. Seu braço esquerdo envolvia a árvore, a mão direita estava sobre o peito, e as pontas soltas da faixa de linho branca flutuavam na água. No lado sul, João estava de pé, segurando em sua mão uma concha com margens perfuradas, através das quais a água fluía em três fluxos. Ele se curvou, encheu a concha e derramou a água em três fluxos sobre a cabeça do Senhor: um na parte de trás da cabeça, outro no meio e o terceiro na parte frontal da cabeça e no rosto. Não me lembro claramente das palavras de João ao batizar Jesus, mas eram algo como: “Que o Deus Todo-Poderoso, através do ministério de Seus querubins e serafins, derrame Sua bênção sobre Ti, com sabedoria, entendimento e força!” Não posso afirmar com certeza se essas foram exatamente as palavras que ouvi, mas sei que expressavam três dons, respectivamente para a mente, a alma e o corpo. Nelas estava contido tudo o que era necessário para converter toda criatura, renovada em mente, alma e corpo, ao Senhor.
PAI NOSSO
Pai Nosso que estás nos céus, santificado seja o Vosso nome. Venha a nós o Vosso reino. Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
AVE MARIA x10
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.
MEDITAÇÕES
- Durante os três meses que precederam o batismo do Senhor, João percorreu o país duas vezes anunciando Aquele que estava por vir. Seu progresso foi feito com extraordinário fervor. Ele marchava vigorosamente, seus movimentos eram rápidos, mas sem pressa. Seu caminhar não era tranquilo como o do Salvador. Onde não tinha nada para fazer, eu o via literalmente correndo de campo em campo. Ele entrava em casas e escolas para ensinar e reunia o povo ao seu redor nas ruas e lugares públicos. Vi os sacerdotes e anciãos aqui e ali parando-o e questionando seu direito de ensinar, mas logo, espantados e cheios de admiração, permitiam que ele prosseguisse seu caminho.
- A expressão “Preparar o caminho para o Senhor” não era totalmente figurativa, pois vi João começar sua missão preparando literalmente o caminho e percorrendo as estradas e lugares por onde Jesus e Seus discípulos mais tarde viajariam. Ele limpava as pedras e espinhos, fazia caminhos, colocava tábuas sobre riachos, limpava os canais, cavava poços e reservatórios, colocava bancos, lugares de descanso e abrigos para sombra nos vários lugares onde mais tarde o Senhor descansaria, ensinaria e agiria. Logo ele era cercado por uma multidão a quem exortava com coragem e fervor à penitência e a seguir o Messias, de quem ele se declarava o precursor. Muitas vezes o vi apontando na direção em que Jesus estava passando naquele momento, mas nunca o vi com Jesus.
- Mas João via o Senhor sempre em espírito, pois geralmente estava em estado profético. Ele via Jesus como o cumprimento de sua própria missão, como a realização de sua vocação profética. Jesus não era para João um contemporâneo, nem um homem como ele. Para ele, Jesus era o Redentor do mundo, o Filho de Deus feito homem, o Eterno aparecendo no tempo; portanto, ele não poderia de forma alguma pensar em associar-se a Ele. João também sentia que ele mesmo não era como seus semelhantes, existindo no tempo, vivendo no mundo e conectado a ele; pois ainda no ventre de sua mãe a Mão do Eterno o havia tocado, e pelo Espírito Santo ele havia sido, de uma maneira superior às relações do tempo, trazido para a comunicação com seu Redentor. Quando criança, ele foi arrancado do mundo e, conhecendo apenas o que pertencia ao seu Redentor, permaneceu na mais profunda solidão do deserto até que, como alguém renascido, sério, inspirado e ardente, ele partiu para começar sua maravilhosa missão, sem se preocupar com mais nada. A Judeia agora era para ele o deserto; e assim como antes ele tinha como companheiros as fontes, rochas, árvores e animais, vivendo e se comunicando com eles, agora ele tratava com os homens, com os pecadores, sem nenhum pensamento de si mesmo surgindo em sua mente. Ele vê, ele conhece, ele fala apenas Jesus. Sua palavra é: “Ele vem! Preparem o caminho! Façam penitência! Recebam o batismo! Eis o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo!” No deserto, imaculado e puro como uma criança no ventre da mãe, ele sai de sua solidão inocente e sem mancha como uma criança no seio materno. “Ele é puro como um anjo”, ouvi o Senhor dizer aos Apóstolos. “Nunca a impureza entrou em sua boca, muito menos uma mentira ou qualquer outro pecado saiu dela”.
- João entregou a seus discípulos no Jordão um discurso sobre a proximidade do batismo do Messias. Ele lhes disse que nunca O havia visto, “Mas”, disse ele, “como prova do que digo, vou mostrar-lhes o lugar onde Ele receberá o batismo. Eis que as águas do Jordão se dividirão, e do meio delas surgirá uma ilha”. No mesmo instante, vi as águas do rio se dividindo e, ao nível da superfície, apareceu uma pequena ilha branca de forma circular. Isso aconteceu no local onde os Filhos de Israel haviam cruzado o Jordão com a Arca da Aliança e onde Elias também havia dividido as águas com seu manto. O espanto tomou conta dos espectadores. Eles oraram e cantaram louvores. O lugar onde a Arca da Aliança repousou no Jordão foi exatamente o local onde o poço batismal de Jesus seria cavado.
- Quando João foi informado da aproximação de Jesus, ele se reanimou e, com nova coragem, começou a batizar, apesar das ameaças feitas pelos fariseus e herodianos. Multidões vinham a João, principalmente aqueles que Jesus havia exortado a receber o batismo, entre eles muitos publicanos, mas também Parmenas e seus pais de Nazaré. Quando João falava do Messias, dizendo que logo daria lugar a Ele, suas palavras respiravam tanta humildade que causavam verdadeiro desconforto a seus discípulos. Os discípulos que Jesus havia deixado em Nazaré também vieram a João. Eu os vi com ele em sua tenda conversando sobre Jesus. João estava tão inflamado de amor ardente por Jesus que ficou quase impaciente por Ele não Se declarar abertamente e de forma inequívoca como o Messias. Quando João batizou esses discípulos, recebeu a certeza da proximidade do Messias. Ele viu uma nuvem de luz pairando sobre eles e teve uma visão de Jesus cercado por todos os Seus discípulos. A partir daquele momento, João ficou indescritivelmente alegre e expectante, olhando constantemente para o horizonte para ver se o Senhor já estava à vista.
- Ele já havia batizado muitos, e já era quase dez horas, quando Jesus, por Sua vez, desceu entre os aspirantes ao poço batismal. João se curvou diante dEle, dizendo: “Eu é que devo ser batizado por Ti, e Tu vens a mim?” Jesus respondeu: “Deixa por agora, pois assim nos convém cumprir toda a justiça, que tu Me batizes e Eu seja batizado por ti”. Ele também disse: “Tu receberás o batismo do Espírito Santo e do sangue”. Então João O pediu que O seguisse até a ilha. Jesus respondeu que o faria.
- Enquanto Jesus subia das profundezas do poço batismal, André e Saturnino, que estavam à direita do Batista, jogaram sobre Ele um grande pano de linho com o qual Ele secou Seu corpo. Em seguida, colocaram nEle uma longa veste branca de batismo. Depois disso, Jesus pisou em uma pedra triangular vermelha que ficava à direita da descida para o poço, André e Saturnino colocaram uma mão sobre Seu ombro, enquanto João colocou a sua sobre Sua cabeça. Terminada essa parte da cerimônia, eles estavam prestes a subir os degraus quando a Voz de Deus veio sobre Jesus, que ainda estava sozinho e em oração sobre a pedra. Veio do céu um grande vento impetuoso como um trovão. Todos tremeram e olharam para cima. Uma nuvem de luz branca desceu, e vi sobre Jesus uma figura alada de luz que fluía sobre Ele como um rio. Os céus se abriram, e eu vi uma aparição do Pai Celestial na figura em que Ele é geralmente retratado e, em uma voz de trovão, ouvi as palavras: “Este é o Meu Filho amado, em quem Me comprazo”.
- Jesus estava perfeitamente transparente, totalmente penetrado pela luz; mal se podia olhar para Ele. Vi anjos ao Seu redor. Mas a certa distância, sobre as águas do Jordão, vi Satanás, uma figura escura e negra, como em uma nuvem, e miríades de horríveis répteis e vermes negros se aglomerando ao seu redor. Era como se toda a maldade, todos os pecados, todo o veneno da região tomassem forma visível com a efusão do Espírito Santo e fugissem para aquela figura escura como para sua fonte original. A visão era abominável, mas servia para aumentar o efeito do indescritível esplendor, alegria e brilho que se espalhavam sobre o Senhor e toda a ilha.
- O sagrado poço batismal brilhava e parecia um lago de luz viva. Podia-se ver as quatro pedras que uma vez sustentaram a Arca da Aliança brilhando sob as águas como em exultação; e nas doze ao redor do poço, aquelas sobre as quais os levitas haviam estado, apareciam anjos curvados em adoração, pois o Espírito de Deus havia, diante de toda a humanidade, prestado testemunho ao Fundamento vivo, à preciosa e escolhida Pedra Angular da Igreja, ao redor da qual nós, como tantas pedras vivas, devemos construir um edifício espiritual, um sacerdócio santo, para que assim possamos oferecer um sacrifício espiritual aceitável a Deus por Seu amado Filho, em quem Ele Se compraz.
- João foi tomado pelo Espírito e, apontando para Jesus, exclamou: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” Jesus passou, precedido e seguido por Seus discípulos em grupos. Era de manhã cedo. O povo se apressou ao ouvir as palavras de João, mas Jesus já havia desaparecido. Eles O chamaram com aclamações de louvor, mas Ele já estava longe. Quando voltaram de sua tentativa frustrada de ver Jesus, o povo reclamou com João que Jesus tinha tantos seguidores e que, como haviam ouvido, Seus discípulos já haviam começado a batizar. O que, perguntaram, seria o resultado de tudo aquilo. João respondeu repetindo que logo cederia seu lugar a Jesus, pois ele era apenas um servo e precursor. Essas palavras não foram nada agradáveis aos seguidores de João, que estavam um tanto ciumentos dos discípulos de Jesus.
GLÓRIA AO PAI
Glória ao Pai, e ao Filho, e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre, por todos os séculos dos séculos. Amém.
ORAÇÃO DE FÁTIMA
Ó meu Jesus, perdoai-nos os nossos pecados, livrai-nos do fogo do inferno, levai todas as almas para o céu, principalmente aquelas que mais precisarem da Vossa misericórdia.
O Milagre nas Bodas de Caná
O Fruto deste Mistério: Paciência diante do cumprimento dos Sagrados Desígnios de Deus.
Jesus, neste banquete de casamento, estava, por assim dizer, no meio de Sua comunidade pela primeira vez. Foi ali que Ele realizou Seu primeiro milagre em favor deles e para a confirmação de sua fé. É por isso que esse milagre, a transformação da água em vinho, é registrado como o primeiro em Sua história; assim como a Última Ceia, quando Seus Apóstolos estavam firmes na fé, foi o último. Seus discípulos, Seus parentes, em suma, todos os presentes estavam agora convencidos do poder e da dignidade de Jesus, bem como de Sua missão. Todos creram nEle. A fé tomou posse de cada coração. Todos se tornaram melhores, mais unidos, mais interiores. O mesmo efeito foi produzido em todos que beberam do vinho. No final do banquete, o noivo foi até Jesus e falou com Ele humildemente em particular. Ele disse que agora se sentia morto para todos os desejos carnais e que, se sua noiva consentisse, ele abraçaria uma vida de continência. A noiva também, tendo procurado Jesus sozinha e expressado o mesmo desejo, Jesus chamou os dois diante dEle. Ele falou-lhes sobre o matrimônio, sobre a castidade tão agradável aos olhos de Deus e sobre o fruto cem vezes maior do espírito. Ele mencionou muitos dos Profetas e outras pessoas santas que viveram em castidade, oferecendo seus corpos como um holocausto ao Pai Celestial. Eles haviam assim reconquistado muitas almas desgarradas, ganhando-as como filhos espirituais e adquirindo uma posteridade numerosa e santa.
PAI NOSSO
Pai Nosso que estás nos céus, santificado seja o Vosso nome. Venha a nós o Vosso reino. Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
AVE MARIA x10
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.
MEDITAÇÕES
- Quando Jesus chegou perto de Caná com Seus discípulos, foi recebido com grande deferência por Maria, os pais da noiva, o noivo e outros que haviam saído para encontrá-Lo. Jesus, com Seus discípulos mais próximos, entre eles os futuros Apóstolos, instalou-Se em uma casa isolada pertencente à tia materna do noivo. Todos os parentes de Santa Ana e Joaquim haviam vindo de toda a Galileia para Caná, totalizando mais de cem convidados. Jesus trouxe consigo cerca de vinte e cinco de Seus discípulos.
- Há muito tempo, Jesus, aos doze anos, no banquete das crianças realizado na casa de Santa Ana após Seu retorno do Templo, havia dirigido ao noivo palavras cheias de significado misterioso sobre o tema do pão e do vinho. Ele lhe dissera que, em algum dia futuro, estaria presente em seu casamento. A participação de Jesus neste casamento, como todas as outras ações de Sua vida terrena, tinha, além de seu alto significado místico, motivos exteriores, aparentes e comuns.
- Mais de uma vez, Maria enviara mensageiros a Jesus, pedindo-Lhe que estivesse presente no banquete de casamento. Os amigos e parentes da Sagrada Família, julgando de um ponto de vista humano, faziam discursos como estes: “Maria, a Mãe de Jesus, é uma viúva solitária. Jesus está vagando pelo país, cuidando pouco dela ou de Seus parentes”. Foi por isso, portanto, que Maria estava ansiosa para que Seu Filho honrasse Seus amigos com Sua presença no casamento. Jesus viu o momento presente como uma oportunidade adequada para desfazer suas ideias errôneas. Ele também se comprometeu a fornecer um dos pratos do banquete, e assim Maria foi para Caná antes dos outros convidados e ajudou nos diversos preparativos. Jesus havia se comprometido a fornecer todo o vinho para o banquete, razão pela qual Maria Lhe lembrou ansiosamente que o vinho havia acabado.
- Então vi os convidados do casamento em um jardim, homens e mulheres separados, divertindo-se com conversas e jogos. Os homens estavam reclinados em círculos no chão. No centro, havia todos os tipos de frutas que, de acordo com certas regras, eles jogavam uns nos outros. O lançador visava fazê-la cair em certos buracos ou círculos, enquanto os outros tentavam impedir que isso acontecesse. Vi Jesus com gravidade alegre participando do jogo. Frequentemente, Ele proferia com um sorriso uma palavra de sabedoria que deixava Seus ouvintes maravilhados. Profundamente impressionados, eles a recebiam em silêncio, e os menos rápidos em perceber seu significado pediam explicações ao vizinho. Jesus tinha o círculo interno e decidia os prêmios, que Ele concedia com belas e às vezes surpreendentes observações. Os mais jovens se divertiam correndo e saltando sobre grinaldas de folhas e pilhas de frutas.
- No terceiro dia após a chegada de Jesus, por volta das nove horas da manhã, a cerimônia do casamento foi realizada. A noiva havia sido adornada por suas damas de honra. Seu vestido era semelhante ao usado pela Mãe de Deus em Seu noivado. A cerimônia nupcial foi realizada pelo sacerdote em frente à sinagoga. Os anéis trocados pelo jovem casal haviam sido presenteados ao noivo por Maria após Jesus os ter abençoado.
- A cerimônia do casamento foi seguida pelo banquete nupcial. Jesus havia se comprometido a fornecer o segundo prato do banquete, bem como o vinho, e para tudo isso Sua Mãe e Marta providenciaram. Este segundo prato consistia em aves, peixes, doces de mel, frutas e um tipo de pastelaria que Verônica havia trazido consigo. Quando tudo foi levado e colocado em uma mesa lateral, Jesus levantou-se, deu o primeiro corte a cada prato e depois retomou Seu lugar à mesa. Os pratos foram servidos, mas o vinho acabou. Jesus, enquanto isso, estava ocupado ensinando. Agora, quando a Santíssima Virgem, que havia providenciado essa parte da festa, viu que o vinho havia acabado, foi até Jesus e Lhe lembrou que Ele havia dito que cuidaria do vinho. Jesus, que estava ensinando sobre Seu Pai Celestial, respondeu: “Mulher, não te preocupes, não te perturbes nem a Mim, Minha hora ainda não chegou”.
- Maria era a “Mulher” que dera à luz Aquele a quem agora, como Seu Criador, ela invoca por ocasião da falta de vinho. Como Criador, Ele agora dará uma prova de Sua alta dignidade. Ele mostrará aqui que é o Filho de Deus e não apenas o Filho de Maria. Mais tarde, ao morrer na Cruz, Ele novamente Se dirigiu a Sua Mãe chorosa com o apelativo de Mulher: “Mulher, eis aí teu filho!” designando João. Jesus havia prometido a Sua Mãe que providenciaria o vinho. E aqui vemos Maria começando o papel de Medianeira que ela tem desempenhado desde então. Ela Lhe apresenta a falta de vinho. Mas o vinho que Ele estava prestes a fornecer era mais do que vinho comum; era simbólico daquele mistério pelo qual Ele um dia transformaria o vinho em Seu próprio Sangue. A resposta: “Minha hora ainda não chegou”, continha três significados: primeiro, a hora de fornecer o vinho prometido; segundo, a hora de transformar água em vinho; terceiro, a hora de transformar vinho em Seu próprio Sangue.
- A ansiedade de Maria pelos convidados do casamento agora estava totalmente aliviada. Ela havia mencionado o assunto a Seu Filho, portanto, diz confiantemente aos serventes: “Fazei tudo o que Ele vos disser”. Da mesma forma, a Igreja, a Esposa de Jesus, diz a Ele: “Senhor, Teus filhos não têm vinho”. E Jesus responde: “Igreja” (não Esposa), “não te perturbes, não te inquietes! Minha hora ainda não chegou”. Então a Igreja diz a Seus sacerdotes: “Ouvi Suas palavras, obedecei a todos os Seus comandos, pois Ele sempre vos ajudará!”
- As palavras de Maria a Jesus haviam sido ditas em voz baixa, mas a resposta de Jesus, assim como Sua ordem para tirar água, foi dada em voz alta. Quando as jarras cheias de água foram colocadas, seis no total, em uma mesa lateral, Jesus foi e as abençoou. Ao retomar Seu lugar à mesa, Ele chamou um servo: “Tirai agora e levai ao mestre-sala!” Quando este provou o vinho, aproximou-se do noivo e disse: “Todo homem serve primeiro o bom vinho, e quando já beberam bastante, então o inferior. Mas tu guardaste o bom vinho até agora”.
- Então o noivo e o pai da noiva beberam do vinho, e grande foi seu espanto. Os serventes protestaram que haviam tirado apenas água e que os copos e taças na mesa haviam sido enchidos com a mesma. E agora toda a companhia bebeu. O milagre não causou alarme ou excitação; pelo contrário, um espírito de silencioso temor e reverência caiu sobre eles. Jesus ensinou muito sobre esse milagre.
GLÓRIA AO PAI
Glória ao Pai, e ao Filho, e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre, por todos os séculos dos séculos. Amém.
ORAÇÃO DE FÁTIMA
Ó meu Jesus, perdoai-nos os nossos pecados, livrai-nos do fogo do inferno, levai todas as almas para o céu, principalmente aquelas que mais precisarem da Vossa misericórdia.
A Proclamação do Reino e o Chamado à Conversão
O Fruto deste Mistério: Zelo pelas Almas.
Após o término do Sábado, Jesus foi com Seus discípulos para um pequeno vale perto da sinagoga. Parecia ser um local destinado a passeios ou a um lugar de recolhimento. Havia árvores na frente da entrada, assim como no vale. Os filhos de Maria Cleofas, de Zebedeu e alguns outros discípulos estavam com Ele. Mas Filipe, que era hesitante e humilde, ficou para trás, incerto se deveria ou não seguir. Jesus, que ia à frente, voltou-Se e, dirigindo-Se a Filipe, disse: “Segue-Me!”. Ao ouvir essas palavras, Filipe seguiu alegremente com os outros. Havia cerca de doze naquele pequeno grupo.
PAI NOSSO
Pai Nosso que estás nos céus, santificado seja o Vosso nome. Venha a nós o Vosso reino. Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
AVE MARIA x10
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.
MEDITAÇÕES
- No final da festa, Jesus partiu de Ono com vinte e um discípulos e seguiu para a Galileia. Seu caminho passava pela região onde Jacó possuía um campo e entre aquelas casas de pastores, de uma das quais José e Maria haviam sido duramente expulsos em sua jornada para Belém. Ele visitou os ocupantes da estalagem que haviam oferecido hospitalidade aos santos viajantes e os instruiu; com os da estalagem inóspita, Ele passou a noite e os exortou à conversão. A mulher da casa ainda estava viva, embora acamada. Jesus a curou.
- Jairo havia pedido a Jesus, algum tempo antes, que curasse sua filha doente, e Jesus prometera fazê-lo, embora não naquele momento. Embora sua filha estivesse morta, Jairo enviou um mensageiro ao encontro de Jesus para lembrá-Lo de Sua promessa. Jesus enviou Seus discípulos à frente, marcando um local onde deveriam se encontrar novamente, e Ele mesmo acompanhou o mensageiro de Jairo de volta até ele. Quando entrou na casa de Jairo, a filha estava envolta no sudário, pronta para o sepultamento, com seus amigos chorando ao redor. Jesus ordenou que os vizinhos fossem chamados e que o sudário e os lençóis fossem soltos. Então, tomando a menina morta pela mão, Ele ordenou que ela se levantasse.
- A menina levantou-se e ficou diante dEle. Ela tinha cerca de dezesseis anos e não era boa. Não tinha amor por seu pai, embora ele a valorizasse acima de tudo. Ele era caridoso e piedoso e não se afastava da comunicação com os pobres e desprezados. Isso era uma fonte de aborrecimento para sua filha. Jesus a ressuscitou da morte da alma e do corpo. Ela se reformou e, algum tempo depois, uniu-se às santas mulheres. Jesus advertiu os presentes que não falassem do milagre que haviam testemunhado. Foi pelo mesmo desejo de sigilo que Ele não permitiu que os discípulos O acompanhassem.
- Jesus ensinou em Jezrael e realizou muitos milagres diante de uma grande multidão. Todos os discípulos da Galileia estavam reunidos para encontrá-Lo. Joana Chusa, que havia vindo antes de Jerusalém, visitou Madalena em seu castelo em Magdala para persuadi-la a ir com eles a Jezrael para ver, se não ouvir, o sábio, admirável, eloqüente e belíssimo Jesus, de quem todo o país falava. Madalena cedeu às persuasões das mulheres e, cercada de muita vaidade, acompanhou-as até lá. Enquanto ela estava à janela de uma estalagem olhando para a rua, Jesus e Seus discípulos passaram. Ele olhou para ela gravemente ao passar, com um olhar que penetrou sua alma. Um sentimento incomum de confusão tomou conta dela. Violentamente agitada, ela saiu correndo da estalagem e, impelida por um senso avassalador de sua própria miséria, escondeu-se em uma casa onde leprosos e mulheres afligidas por doenças encontravam refúgio. Madalena fugiu para a casa dos leprosos devido ao intenso sentimento de humilhação despertado em sua alma pelo olhar de Jesus.
- Numerosos doentes e possessos foram trazidos a Ele de toda a região. Ele os curou abertamente diante de todos os Seus discípulos e expulsou os demônios na presença de uma multidão cada vez maior. Mensageiros vieram de Sidônia pedindo-Lhe que voltasse com eles, mas Ele os dispensou gentilmente para um dia futuro. A multidão tornou-se tão grande que, ao final do Sábado, Jesus deixou Cafarnaum com alguns de Seus discípulos e refugiou-Se em uma região montanhosa cerca de uma hora ao norte da cidade. Estava situada entre o lago e a foz do Jordão e era cheia de ravinas. Em uma delas, Ele retirou-Se sozinho para orar.
- Quando Jesus entrou em Betúlia, os possessos começaram a gritar por Ele nas ruas. Ao chegar ao mercado, Ele parou perto de uma cadeira de professor e enviou alguns de Seus discípulos com instruções ao superior da sinagoga para que as portas de todos os lados da escola fossem abertas. Outros foram enviados de casa em casa para chamar os ocupantes para a instrução. A sinagoga era cercada por portas entre as colunas, e era costume abri-las quando a multidão era excepcionalmente grande. Jesus ensinou aqui sobre o pequeno grão de trigo que deve ser lançado na terra. Os fariseus aqui não contradiziam abertamente, mas murmuravam, e Jesus sabia que o faziam porque temiam que Ele celebrasse o Sábado entre eles.
- Naquela noite, vi novamente Jesus orando com os braços estendidos e aparecendo no Mar da Galileia para trazer ajuda em uma tempestade. Desta vez, o perigo era muito maior, e muitos mais barcos estavam em risco. Vi Jesus colocando Sua mão no leme sem que o timoneiro O visse. Os três jovens ricos de Nazaré que antes haviam oferecido em vão seu pedido para serem recebidos como discípulos vieram a Ele novamente, reiterando seu pedido. Quase se ajoelharam diante dEle, mas Ele os dispensou após apontar certas condições que deveriam ser cumpridas antes que Ele permitisse que se unissem a Seus discípulos. Jesus sabia muito bem que suas visões eram inteiramente mundanas e que não podiam entendê-Lo. Eles queriam segui-Lo porque viam nEle um filósofo, um Rabino erudito. Depois de algum tempo em Sua escola, eles poderiam, pensavam, brilhar com uma reputação mais brilhante e honrar sua cidade, Nazaré. Além disso, estavam um tanto irritados por vê-Lo dando preferência aos pobres filhos de Nazaré em vez de a eles.
- Até altas horas da noite, vi Jesus com o velho essênio, Eliud de Nazaré. O santo homem parecia que logo morreria de velhice. Ele não era mais capaz de fazer muito, de fato, estava quase acamado. Jesus inclinou-Se sobre Seu braço à beira da cama e conversou com ele. Eliud estava totalmente absorvido em Deus.
- No Sábado, Jesus ensinou na sinagoga. As passagens lidas da Sagrada Escritura referiam-se à jornada pelo deserto, à divisão da Terra de Canaã e a algo em Jeremias. Jesus interpretou tudo como referindo-se à proximidade do Reino de Deus. Ele falou do murmúrio dos Filhos de Israel no deserto, dizendo que teriam tomado um caminho muito mais curto para a Terra Prometida se tivessem guardado os Mandamentos que Deus lhes deu no Sinai, mas, por causa de seus pecados, foram obrigados a vagar, e aqueles que murmuraram morreram no deserto. E assim também, entre Seus ouvintes presentes, vagariam no deserto e morreriam nele, se murmurassem contra o Reino que agora estava próximo e com ele a misericórdia final de Deus. Sua vida havia sido uma imagem daquela peregrinação no deserto, mas agora deveriam seguir pelo caminho mais curto para o prometido Reino de Deus, que lhes seria mostrado.
- Madalena, com os cabelos soltos e soltando altos lamentos, abriu caminho pela multidão, lançou-se aos pés de Jesus, chorando e gemendo, e perguntou se ainda poderia esperar pela salvação. Os fariseus e discípulos, escandalizados com a cena, disseram a Jesus que Ele não deveria mais permitir que aquela mulher réproba causasse distúrbios em todos os lugares, que Ele deveria mandá-la embora de uma vez por todas. Mas Jesus respondeu: “Deixai-a chorar e lamentar! Vós não sabeis o que está se passando nela”—e voltou-Se para ela com palavras de consolo. Ele disse-lhe para se arrepender de coração, para crer e esperar, pois ela logo encontraria paz. Ela clamou por perdão, confessou suas numerosas transgressões e perguntou repetidamente: “Senhor, ainda há salvação para mim?” Jesus perdoou seus pecados, e ela implorou que Ele a salvasse de outra recaída. Ele prometeu fazê-lo, deu-lhe Sua bênção e falou-lhe sobre a virtude da pureza, também sobre Sua Mãe, que era pura sem mancha. Jesus levou Madalena para se juntar às santas mulheres e disse-lhes: “Ela foi uma grande pecadora, mas, para todo o tempo futuro, será o modelo das penitentes”.
GLÓRIA AO PAI
Glória ao Pai, e ao Filho, e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre, por todos os séculos dos séculos. Amém.
ORAÇÃO DE FÁTIMA
Ó meu Jesus, perdoai-nos os nossos pecados, livrai-nos do fogo do inferno, levai todas as almas para o céu, principalmente aquelas que mais precisarem da Vossa misericórdia.
A Transfiguração do Senhor no Monte Tabor
O Fruto deste Mistério: Adoração diante de Deus Encarnado.
Jesus lhes disse que havia permitido que vissem a Transfiguração do Filho do Homem para fortalecer sua fé, para que não vacilassem quando O vissem entregue pelos pecados do mundo nas mãos dos malfeitores, para que não se escandalizassem ao testemunhar Sua humilhação e para que pudessem, naquele momento, fortalecer seus irmãos mais fracos. Ele novamente aludiu à fé de Pedro, que, iluminado por Deus, havia sido o primeiro de Seus seguidores a penetrar no mistério de Sua Divindade, e falou sobre a rocha sobre a qual Ele construiria Sua Igreja. Então, eles se uniram novamente em oração e, com a luz da manhã, desceram o lado noroeste da montanha.
PAI NOSSO
Pai Nosso que estás nos céus, santificado seja o Vosso nome. Venha a nós o Vosso reino. Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
AVE MARIA x10
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.
MEDITAÇÕES
- Levando consigo Pedro, João e Tiago Maior, Ele subiu a montanha por uma trilha. Eles levaram quase duas horas para subir, pois Jesus parava frequentemente nas diferentes cavernas e lugares memoráveis pela estadia dos Profetas. Ali, Ele lhes explicou muitos mistérios e uniu-se a eles em oração.
- Eles não tinham provisões, pois Jesus havia proibido que trouxessem qualquer coisa, dizendo que seriam saciados abundantemente. A vista do cume da montanha se estendia por toda parte. Havia um grande espaço aberto cercado por um muro e árvores sombreadas. O chão estava coberto de ervas aromáticas e flores perfumadas.
- Jesus continuou Suas instruções. Suas palavras eram extraordinariamente amorosas, como as de alguém inspirado, e os discípulos estavam completamente embriagados por elas. No início de Sua instrução, Ele havia dito que lhes mostraria quem Ele era, que eles O veriam glorificado, para que não vacilassem na fé quando Seus inimigos O zombassem e maltratassem, quando O vissem na morte despojado de toda glória.
- O sol havia se posto e estava escuro, mas os Apóstolos não notaram o fato, tão cativantes eram as palavras e o comportamento de Jesus. Ele se tornou cada vez mais brilhante, e aparições de espíritos angélicos pairaram ao Seu redor. Pedro os viu, pois interrompeu Jesus com a pergunta: “Mestre, o que significa isso?” Jesus respondeu: “Eles Me servem!” Pedro, completamente fora de si, estendeu as mãos, exclamando: “Mestre, não estamos aqui? Nós Te serviremos em tudo!”
- Os Apóstolos estavam prostrados, arrebatados em êxtase mais do que em sono, com o rosto no chão. Então, vi três figuras brilhantes se aproximando de Jesus na luz. Sua chegada parecia perfeitamente natural. Era como alguém que sai da escuridão da noite para um lugar brilhantemente iluminado. Duas delas apareciam em uma forma mais definida, mais corpórea. Elas se dirigiram a Jesus e conversaram com Ele. Eram Moisés e Elias. A terceira aparição não falou palavra. Era mais etérea, mais espiritual. Era Malaquias.
- Ouvi Moisés e Elias saudarem Jesus, e O ouvi falar com eles sobre Sua Paixão e Redenção. Sua presença juntos parecia perfeitamente simples e natural. Moisés e Elias não pareciam velhos ou decrépitos como quando deixaram a terra. Eles estavam, ao contrário, no auge da juventude. Moisés—mais alto, mais grave e mais majestoso que Elias—tinha algo como duas protuberâncias na testa. Ele estava vestido com uma longa túnica. Ele disse a Jesus como estava feliz em vê-Lo, Aquele que o havia conduzido a ele e a seu povo para fora do Egito e que agora estava prestes a redimi-los novamente. Ele se referiu aos numerosos tipos do Salvador em seu tempo e proferiu palavras profundamente significativas sobre o cordeiro pascal e o Cordeiro de Deus.
- Jesus falou com eles sobre todos os sofrimentos que havia suportado até então e sobre tudo o que ainda O aguardava. Ele relatou a história de Sua paixão em detalhes, ponto por ponto. Elias e Moisés frequentemente expressavam sua emoção e alegria. Suas palavras estavam cheias de simpatia e consolo, de reverência pelo Salvador e de louvor ininterrupto a Deus. Eles constantemente se referiam aos tipos dos mistérios dos quais Jesus falava e louvavam a Deus por ter, desde toda a eternidade, agido com misericórdia para com Seu povo. Mas Malaquias permaneceu em silêncio. Os discípulos levantaram as cabeças, contemplaram por muito tempo a glória de Jesus e viram Moisés, Elias e Malaquias. Quando, ao descrever Sua paixão, Jesus chegou à Sua exaltação na Cruz, Ele estendeu os braços ao dizer: “Assim será o Filho do Homem levantado!” Seu rosto estava voltado para o sul, Ele estava completamente penetrado de luz, e Sua túnica brilhava com um brilho branco azulado. Ele, os Profetas e os três Apóstolos—todos foram elevados acima da terra.
- E agora os Profetas se separaram de Jesus, Elias e Moisés desaparecendo em direção ao leste, Malaquias para o oeste, na escuridão. Então Pedro, arrebatado de alegria, exclamou: “Mestre, é bom estarmos aqui! Vamos fazer aqui três tendas: uma para Ti, uma para Moisés e uma para Elias!” Pedro quis dizer que eles não precisavam de outro Céu, pois onde estavam era tão doce e abençoado. Pelas tendas, ele entendia lugares de descanso e honra, as moradas dos santos. Ele disse isso no delírio de sua alegria, em seu estado de êxtase, sem saber o que estava dizendo.
- Quando voltaram ao seu estado normal de vigília, uma nuvem de luz branca desceu sobre eles, como o orvalho da manhã flutuando sobre os campos. Vi os céus se abrirem acima de Jesus e a visão da Santíssima Trindade, Deus Pai sentado em um trono. Ele parecia um sacerdote idoso, e a Seus pés havia multidões de anjos e figuras celestiais. Um fluxo de luz desceu sobre Jesus, e os Apóstolos ouviram acima deles, como um doce e suave suspiro, uma voz pronunciando as palavras: “Este é o Meu Filho amado, em quem Me comprazo. Escutai-O!” Medo e tremor caíram sobre eles. Dominados pelo senso de sua própria fraqueza humana e pela glória que contemplavam, lançaram-se com o rosto no chão. Eles tremeram na presença de Jesus, em cujo favor acabavam de ouvir o testemunho de Seu Pai Celestial.
- Jesus foi até eles, tocou-os e disse: “Levantai-vos, não tenhais medo!” Eles se levantaram e viram Jesus sozinho. Estava se aproximando das três da manhã. O amanhecer cinzento brilhava nos céus, e os vapores úmidos pairavam sobre a região ao pé da montanha. Os Apóstolos permaneceram em silêncio pelo medo do que haviam visto.
GLÓRIA AO PAI
Glória ao Pai, e ao Filho, e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre, por todos os séculos dos séculos. Amém.
ORAÇÃO DE FÁTIMA
Ó meu Jesus, perdoai-nos os nossos pecados, livrai-nos do fogo do inferno, levai todas as almas para o céu, principalmente aquelas que mais precisarem da Vossa misericórdia.
A Instituição da Sagrada Eucaristia
O Fruto deste Mistério: Fé na Presença Real de Cristo no Santíssimo Sacramento.
O partir e distribuir do pão e o beber do mesmo cálice eram costumes antigos em festas de boas-vindas e despedida. Eram usados como sinais de amor fraterno e amizade. Acho que deve haver algo sobre isso nas Escrituras. Hoje, Jesus elevou esse costume à dignidade do Santíssimo Sacramento, pois até então era apenas uma cerimônia simbólica. O lugar de Jesus estava entre Pedro e João. As portas estavam fechadas, pois tudo foi conduzido com segredo e solenidade. Quando a tampa do cálice foi removida e levada de volta ao recesso na parte de trás do Cenáculo, Jesus orou e proferiu palavras muito solenes. Vi que Ele estava explicando a Última Ceia aos Apóstolos, assim como as cerimônias que a acompanhariam. Isso me lembrou de um sacerdote ensinando outros a celebrar a Santa Missa. Durante todo esse tempo, Jesus estava se tornando cada vez mais recolhido. Ele disse aos Apóstolos que agora estava prestes a dar-lhes tudo o que possuía, até mesmo a Si mesmo. Ele parecia estar derramando todo o Seu Ser em amor, e eu O vi se tornando perfeitamente transparente. Ele parecia uma aparição luminosa.
PAI NOSSO
Pai Nosso que estás nos céus, santificado seja o Vosso nome. Venha a nós o Vosso reino. Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
AVE MARIA x10
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.
MEDITAÇÕES
- Antes do amanhecer, Jesus, chamando Pedro e João, falou-lhes longamente sobre o que deveriam ordenar, que preparativos deveriam fazer em Jerusalém para a refeição do cordeiro pascal. Os discípulos haviam questionado Jesus no dia anterior sobre onde essa ceia seria realizada. Jesus disse aos dois Apóstolos que, ao subirem o Monte Sião, encontrariam um homem carregando um cântaro de água, alguém que já conheciam, pois era o mesmo que havia preparado a refeição pascal para Jesus no ano anterior em Betânia. Eles deveriam segui-lo até a casa e dizer-lhe: “O Mestre nos pede que te digamos que Sua hora está próxima. Ele deseja celebrar a Páscoa em tua casa”. Eles então deveriam pedir para ver a sala da ceia, que encontrariam preparada, e ali deveriam preparar tudo o que fosse necessário.
- Judas passou o dia inteiro correndo entre os fariseus e combinando seus planos com eles. Os soldados que deveriam prender Jesus foram até mostrados a ele, e ele organizou suas idas e vindas de forma a justificar sua ausência. Pouco antes da hora da Ceia Pascal, ele retornou ao Senhor. Eu vi todos os seus pensamentos e planos. Quando Jesus falou sobre ele a Maria, vi muitas coisas relacionadas ao seu caráter e comportamento. Ele era ativo e prestativo, mas cheio de avareza, ambição e inveja, paixões que ele não se esforçava para controlar. Ele até realizara milagres e, na ausência de Jesus, curava os doentes. Quando Jesus revelou à Santíssima Virgem o que estava prestes a acontecer com Ele em Sua paixão, ela Lhe suplicou em termos comoventes que a deixasse morrer com Ele. Mas Ele a exortou a suportar sua dor com mais calma do que as outras mulheres, dizendo-lhe ao mesmo tempo que Ele ressuscitaria e nomeou o local onde apareceria a ela. Desta vez, ela não derramou tantas lágrimas, embora estivesse triste além da expressão, e havia algo impressionante em sua profunda gravidade. Como um Filho devoto, Jesus agradeceu por todo o seu amor. Ele a abraçou com Seu braço direito e a pressionou contra Seu peito. Ele disse que celebraria Sua Última Ceia com ela em espírito e nomeou a hora em que ela receberia Seu Corpo e Sangue.
- Jesus e Seus seguidores comeram o cordeiro pascal no Cenáculo em três grupos separados de doze, cada um presidido por alguém que agia como anfitrião. Jesus e os Doze Apóstolos comeram no salão principal; em um dos edifícios laterais perto da entrada no pátio do Cenáculo, as santas mulheres tomaram sua refeição. Três cordeiros haviam sido imolados e aspergidos para elas no Templo. Mas o quarto foi abatido e aspergido no Cenáculo, e foi este que Jesus comeu com os Doze. Judas não estava ciente dessa circunstância. Ele estivera envolvido em vários negócios, entre os quais o plano de trair o Senhor, e consequentemente chegara apenas alguns momentos antes da refeição, após a imolação do cordeiro ter ocorrido.
- O abate do cordeiro para Jesus e os Apóstolos apresentou uma cena muito comovente. Aconteceu na antessala do Cenáculo, com o filho de Simeão, o levita, assistindo. Os Apóstolos e discípulos estavam presentes cantando o Salmo 118. Jesus falou de um novo período que então começava e disse que o sacrifício de Moisés e o significado do cordeiro pascal estavam prestes a ser cumpridos, que por essa razão o cordeiro deveria ser imolado como antigamente no Egito, e que agora, na realidade, eles sairiam da casa da escravidão. Todos os vasos e instrumentos necessários foram preparados. Então, um lindo cordeirinho foi trazido, com uma grinalda ao redor do pescoço, que foi removida e enviada à Santíssima Virgem, que estava a certa distância com as outras mulheres. O cordeiro foi então amarrado, suas costas a uma pequena tábua, com uma corda passada ao redor do corpo. Isso me lembrou de Jesus amarrado à coluna. O filho de Simeão segurou a cabeça do cordeiro, e Jesus o golpeou no pescoço com uma faca, que então entregou ao filho de Simeão para que ele completasse o abate. Jesus parecia hesitante em ferir o cordeiro, como se isso Lhe causasse dor. Seu movimento foi rápido, Sua maneira grave. O sangue foi recolhido em uma bacia, e os serventes trouxeram um ramo de hissopo, que Jesus mergulhou nele. Então, dirigindo-se à porta do salão, Ele marcou as duas ombreiras e a fechadura com o sangue e colocou o ramo ensanguentado acima da verga. Ele então proferiu algumas palavras solenes, dizendo entre outras coisas: “O anjo destruidor passará por aqui. Sem medo ou ansiedade, vocês adorarão neste lugar quando Eu, o verdadeiro Cordeiro Pascal, tiver sido imolado. Uma nova era e um novo sacrifício estão prestes a começar, e eles durarão até o fim do mundo”.
- Jesus, em poucas palavras, repreendeu os Apóstolos pela disputa que surgira entre eles. Ele disse, entre outras coisas, que Ele mesmo era seu servo e que eles deveriam tomar seus lugares nos assentos para que Ele lhes lavasse os pés. Eles obedeceram, observando a mesma ordem que à mesa. Eles sentaram-se nas costas dos assentos, que estavam dispostos em semicírculo, e apoiaram os pés descalços no próprio assento. Jesus foi de um a outro e, da bacia segurada por João, com Sua mão derramou água sobre os pés que Lhe eram apresentados. Então, pegando com as duas mãos a ponta longa da toalha com a qual estava cingido, Ele a passou sobre os pés para secá-los e então passou com Tiago para o próximo. João esvaziou a água após cada um na bacia grande no centro da sala e então retornou ao Senhor com a vazia. Então Jesus novamente derramou água da garrafa segurada por Tiago sobre os pés do próximo, e assim por diante. Durante toda a Ceia Pascal, o comportamento do Senhor foi muito comovente e gracioso, e nessa humilde lavagem dos pés de Seus Apóstolos, Ele estava cheio de amor. Ele não a realizou como se fosse uma mera cerimônia, mas como um ato sagrado de amor brotando diretamente do coração. Com isso, Ele queria expressar o amor que ardia dentro dEle.
- Jesus abençoou os pães da Páscoa e, acho, também o óleo que estava próximo, elevou o prato com os pães com as duas mãos, levantou os olhos para o Céu, orou, ofereceu, colocou-o de volta na mesa e novamente o cobriu. Novamente Jesus orou e ensinou. Suas palavras, brilhando com fogo e luz, saíam de Sua boca e entravam em todos os Apóstolos, exceto Judas. Ele pegou o prato com os pedaços de pão e disse: “Tomai e comei. Este é o Meu Corpo que é dado por vós”. Ao dizer essas palavras, Ele estendeu Sua mão direita sobre ele, como se estivesse dando uma bênção, e enquanto fazia isso, uma luz brilhante emanou dEle. Suas palavras eram luminosas, assim como o Pão, que como um corpo de luz entrou na boca dos Apóstolos. Era como se o próprio Jesus fluísse para dentro deles. Vi todos eles penetrados de luz, banhados em luz.
- Judas sozinho estava nas trevas. Jesus apresentou o Pão primeiro a Pedro, depois a João e, em seguida, fez um sinal para Judas, que estava sentado diagonalmente dEle, para se aproximar. Assim, Judas foi o terceiro a quem Jesus apresentou o Santíssimo Sacramento, mas parecia que a palavra do Senhor voltou da boca do traidor. Fiquei tão aterrorizada com a visão que não consigo descrever meus sentimentos. Jesus disse a Judas: “O que tens a fazer, faze-o depressa”.
- Jesus então ergueu o cálice pelas duas alças até o nível de Seu rosto e pronunciou nele as palavras da consagração. Enquanto fazia isso, Ele estava totalmente transfigurado e, por assim dizer, transparente. Ele estava como se estivesse passando para o que estava dando. Ele fez com que Pedro e João bebessem do cálice enquanto ainda estava em Suas mãos, e então o colocou de volta. Judas também (embora eu não tenha certeza disso) partilhou do cálice, mas ele não retornou ao seu lugar, pois imediatamente deixou o Cenáculo. Os outros pensaram que Jesus lhe havia dado alguma tarefa para executar. Ele saiu sem oração ou ação de graças. E aqui podemos ver quão mal é falhar em agradecer pelo nosso pão diário e pelo Pão que dura para a vida eterna.
- Os movimentos de Jesus durante a instituição do Santíssimo Sacramento foram medidos e solenes, precedidos e seguidos por explicações e instruções. Vi os Apóstolos, após cada um, anotando algumas coisas nos pequenos rolos de pergaminho que carregavam consigo. O virar de Jesus para a direita e para a esquerda estava cheio de gravidade, como Ele sempre estava quando envolvido em oração. Cada ação indicava a instituição da Santa Missa. Vi os Apóstolos, ao se aproximarem uns dos outros e em outras partes dela, curvando-se como os sacerdotes costumam fazer. Jesus agora deu aos Apóstolos uma instrução cheia de mistério. Ele lhes disse como deveriam preservar o Santíssimo Sacramento em memória dEle até o fim do mundo, ensinou-lhes as formas necessárias para fazer uso e comungar dEle, e de que maneira deveriam, gradualmente, ensinar e publicar o Mistério. Ele também lhes disse quando deveriam receber o que restava das Espécies consagradas, quando deveriam dar um pouco à Santíssima Virgem e como eles mesmos deveriam consagrá-las depois que Ele lhes enviasse o Consolador.
- Do centro da mesa, onde estava de pé, Jesus deu um passo para o lado e impôs as mãos sobre Pedro e João, primeiro em seus ombros e depois em suas cabeças. Durante essa ação, eles juntaram as mãos e cruzaram os polegares. Enquanto se curvavam diante dEle (e não tenho certeza se não se ajoelharam), o Senhor ungiu o polegar e o indicador de cada uma de suas mãos com o Crisma e fez o Sinal da Cruz com ele em suas cabeças. Ele lhes disse que essa unção permaneceria com eles até o fim do mundo. Tudo o que Jesus fez na instituição da Santíssima Eucaristia e na ordenação dos Apóstolos foi feito com muito segredo e mais tarde ensinado como um Mistério. Até hoje, permanece essencialmente na Igreja, embora ela, sob a inspiração do Espírito Santo, o tenha desenvolvido de acordo com suas necessidades.
GLÓRIA AO PAI
Glória ao Pai, e ao Filho, e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre, por todos os séculos dos séculos. Amém.
ORAÇÃO DE FÁTIMA
Ó meu Jesus, perdoai-nos os nossos pecados, livrai-nos do fogo do inferno, levai todas as almas para o céu, principalmente aquelas que mais precisarem da Vossa misericórdia.
ORAÇÕES FINAIS
SALVE, RAINHA
Salve, Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, salve! A vós bradamos, os degredados filhos de Eva. A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei. E depois deste desterro, mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre. Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria.
Rogai por nós, santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Oremos
Ó Deus, cujo Filho unigênito, por Sua vida, morte e ressurreição, nos adquiriu as recompensas da vida eterna, concedei, nós vos suplicamos, que, meditando sobre estes mistérios do Santíssimo Rosário da Bem-Aventurada Virgem Maria, possamos imitar o que eles contêm e obter o que prometem. Pelo mesmo Cristo, nosso Senhor. Amém.
ORAÇÃO A SÃO MIGUEL ARCANJO
São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate. Sede o nosso refúgio contra as maldades e ciladas do demônio. Ordene-lhe Deus, instantemente o pedimos, e vós, Príncipe da Milícia Celeste, pelo poder divino, precipitai no inferno a Satanás e a todos os espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as almas. Amém.
LEMBRAI-VOS (MEMORARE)
Lembrai-vos, ó piedosíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que recorreram à vossa proteção, imploraram o vosso auxílio e buscaram a vossa intercessão fosse por vós desamparado. Animado, pois, com igual confiança, a vós recorro, ó Virgem das virgens, minha Mãe. A vós venho, diante de vós me prostro, gemendo sob o peso dos meus pecados. Não desprezeis as minhas súplicas, ó Mãe do Verbo Encarnado, mas dignai-vos de as ouvir e atender. Amém.
Que a Assistência Divina permaneça sempre conosco, e que as almas dos fiéis defuntos, pela misericórdia de Deus, descansem em paz. Amém.
Mistérios da esperança
A Criação de Todas as Coisas em Vista de Cristo e Sua Santa Encarnação
Fruto deste Mistério: Temor ao Plano de Deus.
Tive uma grande visão sobre o mistério da Santa Missa e vi que todo o bem que existiu desde a criação se deve a ela. Vi o Alfa e o Ômega, e como tudo está contido no Ômega. Compreendi o significado do círculo na forma esférica da Terra e dos corpos celestes — a auréola das aparições e a Hóstia Sagrada. A conexão entre os mistérios da Encarnação, da Redenção e do Santo Sacrifício da Missa também me foi mostrada, e vi como Maria abarcou o que os próprios céus não poderiam conter.
PAI NOSSO
Pai Nosso que estais nos céus, santificado seja o Vosso nome. Venha a nós o Vosso reino. Seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
AVE MARIA x10
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.
MEDITAÇÕES
- Vi diante de mim um espaço ilimitado e resplandecente, acima do qual flutuava um globo de luz brilhando como um sol. Senti que era a Unidade da Trindade. Em minha mente, chamei-o de "A ÚNICA VOZ" e observei-o produzindo seus efeitos. Abaixo do globo de luz surgiram círculos concêntricos de coros radiantes de espíritos, maravilhosamente brilhantes, fortes e belos. No início, todos os espíritos estavam perdidos em contemplação fora de si mesmos, mas logo alguns deles repousaram em si mesmos. Naquele instante, vi essa parte dos coros cintilantes ser arremessada para baixo, sua beleza mergulhada na escuridão, enquanto os outros, aglomerando-se rapidamente, preencheram seus lugares vazios. Agora, os anjos bons ocupavam um espaço menor. Não os vi deixando seus lugares para perseguir e combater os coros caídos. Os anjos maus repousaram em si mesmos e caíram, enquanto aqueles que não seguiram seu exemplo se aglomeraram em seus lugares vazios. Tudo isso foi instantâneo.
- Imediatamente após a oração dos fiéis coros e aquele movimento na Divindade, vi abaixo de mim, não muito longe e à direita do mundo das sombras, outro globo escuro surgir. Fixei meus olhos firmemente nele. Contemplei-o como se estivesse em movimento, crescendo cada vez mais. Pontos brilhantes irrompiam sobre ele e o circundavam como faixas luminosas. Aqui e ali, eles se estendiam em planícies mais brilhantes e amplas, e naquele momento vi a forma da terra estabelecendo limites para a água. Nos lugares brilhantes, vi um movimento como de vida, e na terra vi a vegetação brotando e miríades de seres vivos surgindo. Agora, todas as outras partes da imagem desapareceram. O céu ficou azul, o sol irrompeu, mas vi apenas uma parte da Terra iluminada e brilhante. Aquele local era encantador, glorioso, e pensei: "Aqui é o Paraíso!"
- Era como se o sol subisse mais alto nos céus, como se a manhã brilhante estivesse despertando. Era a primeira manhã. Nenhum ser criado tinha conhecimento dela, e parecia que todas aquelas coisas criadas estavam lá desde sempre em sua inocência imaculada. À medida que o sol subia mais alto, vi as plantas e árvores crescendo cada vez mais. As águas tornaram-se mais claras e santas, as cores mais puras e brilhantes — tudo era indescritivelmente encantador. A criação não era então como é agora. Plantas, flores e árvores tinham outras formas. Agora, elas são selvagens e disformes em comparação com o que eram, pois todas as coisas estão agora completamente degeneradas. Vi rosas, brancas e vermelhas, e pensei nelas como símbolos da Paixão de Cristo e de nossa Redenção. Vi também palmeiras e outras árvores, altas e frondosas, que lançavam seus galhos para longe, como se formassem telhados.
- Vi Adão sendo criado, não no Paraíso, mas na região onde Jerusalém foi posteriormente situada. Vi-o emergir cintilante e branco de um monte de terra amarela, como se saísse de um molde. E então vi Adão sendo levado para um jardim, para o Paraíso. Vi Adão no Paraíso, entre as plantas e flores, e não longe da fonte que jorrava em seu centro. Ele estava despertando, como se de um sono. Embora sua pessoa fosse mais semelhante à carne do que ao espírito, ele era deslumbrantemente branco. Ele não se maravilhava com nada, nem ficou espantado com sua própria existência.
- Perto da árvore, junto à água, surgiu uma colina. Nela, vi Adão reclinado sobre seu lado esquerdo, com a mão esquerda sob o rosto. Deus enviou um sono profundo sobre ele, e ele foi arrebatado em visão. Então, de seu lado direito, do mesmo lugar onde o lado de Jesus foi aberto pela lança, Deus tirou Eva. Vi-a pequena e delicada. Mas ela rapidamente cresceu até ficar adulta. Ela era extremamente bela. Se não fosse pela Queda, todos nasceriam da mesma maneira, em sono tranquilo. Adão estendeu a mão para Eva. Eles deixaram o local encantador da criação de Eva e percorreram o Paraíso, olhando para tudo, regozijando-se com tudo. Aquele lugar era o mais alto do Paraíso. Tudo era mais radiante, mais resplandecente lá do que em qualquer outro lugar.
- Quando Eva foi formada, vi que Deus deu algo, ou permitiu que algo fluísse sobre Adão. Era como se correntes de luz jorrassem da Divindade, aparentemente em forma humana, da testa, boca, peito e mãos. Elas se uniram em um globo de luz que entrou no lado direito de Adão, de onde Eva havia sido tirada. Apenas Adão o recebeu. Era o germe da Bênção de Deus, que era tripla. A Bênção que Abraão recebeu do anjo foi uma. Era de forma semelhante, mas não tão luminosa.
- Vi o coração de Adão muito semelhante ao dos homens de hoje, mas seu peito estava cercado por raios de luz. No meio de seu coração, vi um halo de glória cintilante. Nele havia uma pequena figura, como se segurasse algo em sua mão. Acho que simbolizava a Terceira Pessoa da Divindade. Das mãos e pés de Adão e Eva, saíam raios de luz. Seus cabelos caíam em cinco mechas brilhantes, duas das têmporas, duas atrás das orelhas e uma da parte de trás da cabeça. Sempre pensei que, pelas Chagas de Jesus, foram reabertos no corpo humano portais fechados pelo pecado de Adão. Fui levada a entender que Longinus abriu no lado de Jesus a porta da regeneração para a vida eterna, portanto ninguém entrou no Céu enquanto aquela porta estava fechada.
- Os raios cintilantes na cabeça de Adão denotavam sua abundante fecundidade, sua glória — uma beleza brilhante que é restaurada às almas e corpos glorificados. Nosso cabelo é a glória arruinada, extinta; e assim como este cabelo nosso é para raios de luz, assim é nossa carne atual para a de Adão antes da Queda. Os raios de sol ao redor da boca de Adão faziam referência a uma santa posteridade de Deus, que, se não fosse pela Queda, teria sido efetuada pela palavra falada.
- No centro do jardim cintilante, vi uma extensão de água na qual havia uma ilha conectada à terra oposta por um cais. Tanto a ilha quanto o cais estavam cobertos por árvores belíssimas, mas no meio da ilha havia uma mais magnífica que as outras. Ela se elevava acima delas, como se as guardasse. Suas raízes se estendiam por toda a ilha, assim como seus galhos, que eram largos abaixo e afunilavam para um ponto acima. Seus ramos eram horizontais, e deles surgiam outros como pequenas árvores. As folhas eram finas, o fruto amarelo, repousando em um cálice folhoso como uma rosa em botão. Era algo como um cedro. Não me lembro de ter visto Adão, Eva ou qualquer animal perto daquela árvore na ilha. Mas vi belos pássaros brancos de aparência nobre e os ouvi cantando em seus galhos. Aquela Árvore era a Árvore da Vida.
- O primeiro homem era uma imagem de Deus, ele era como o Céu; tudo era um nele, tudo era um com ele. Sua forma era uma reprodução do Protótipo Divino. Ele estava destinado a possuir e desfrutar a Terra e todas as coisas criadas, mas mantendo-as de Deus e dando graças por elas.
GLÓRIA AO PAI
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e sempre, por todos os séculos. Amém.
ORAÇÃO DE FÁTIMA
Ó meu Jesus, perdoai-nos os nossos pecados, livrai-nos do fogo do inferno, levai todas as almas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem da Vossa misericórdia.
A Promessa do Redentor e da Co-Redentora
Fruto deste Mistério: Gratidão a Deus.
Certa vez, quando o desastre da Queda me foi mostrado em imagens simbólicas, vi Eva no ato de sair do lado de Adão e, mesmo então, estendendo o pescoço em direção ao fruto proibido. Ela correu rapidamente para a árvore e a abraçou. Em uma imagem oposta, vi Jesus nascido da Virgem Imaculada. Ele correu direto para a Cruz e a abraçou. Vi a posteridade obscurecida e arruinada por Eva, mas novamente purificada pela Paixão de Jesus. Pelas dores da penitência, o mal do amor próprio deve ser arrancado da carne.
PAI NOSSO
Pai Nosso que estais nos céus, santificado seja o Vosso nome. Venha a nós o Vosso reino. Seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
AVE MARIA x10
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.
MEDITAÇÕES
- Vi a queda dos anjos na minha infância e, desde então, dia e noite, temia sua influência. Pensava que eles deviam causar grande mal à Terra, pois estão sempre ao seu redor. É bom que não tenham corpos, caso contrário, obscureceriam a luz do sol. Nós os veríamos flutuando ao nosso redor como sombras. Após aquela ação dos coros angélicos, senti-me segura de que eles permaneceriam firmes, que nunca cairiam. Foi-me revelado que Deus, em Seu julgamento, em Sua sentença eterna contra os anjos rebeldes, decretou o reinado da contenda até que seus tronos vazios sejam preenchidos. Mas preencher esses tronos parecia-me quase impossível, pois levaria tanto tempo. A contenda, no entanto, será sobre a Terra. Não haverá contenda no Céu, pois Deus assim o ordenou. Depois de receber essa garantia, não pude mais simpatizar com Lúcifer, pois vi que ele se lançou abaixo por sua própria vontade livre e má. Também não pude sentir tanta raiva de Adão. Pelo contrário, senti grande compaixão por ele, porque pensei: "Assim foi ordenado." Vi Eva se aproximar de Adão e oferecer-lhe o fruto. O interior do fruto era vermelho-sangue e cheio de veias. Vi Adão e Eva perdendo seu brilho e diminuindo em estatura. Foi como se o sol se pusesse.
- Ao receberem o fruto, Adão e Eva ficaram, por assim dizer, intoxicados, e seu consentimento para o pecado operou neles uma grande mudança. Era a serpente neles. Sua natureza impregnou a deles, e então vieram o joio entre o trigo. Antes, o homem era dotado da realeza da natureza, mas agora tudo nele se tornou natureza. Ele agora é um de seus escravos, um mestre conquistado e acorrentado. Ele agora deve lutar e combater a natureza — mas não consigo expressar isso claramente. Era como se o homem antes possuísse todas as coisas em Deus, seu Criador e seu Centro; mas agora ele fez de si mesmo o centro, e elas se tornaram seu senhor.
- Uma vez, tive uma visão grande e conectada do pecado e de todo o plano da Redenção. Vi todos os mistérios de forma clara e distinta, mas é impossível para mim colocar tudo em palavras. Vi o pecado em suas inúmeras ramificações, desde a queda dos anjos e a queda de Adão até os dias atuais, e vi todas as preparações para o reparo e a redenção até a vinda e a morte de Jesus. Jesus mostrou-me a extraordinária mistura, a impureza intrínseca de todas as criaturas, bem como tudo o que Ele havia feito desde o início para sua purificação e restauração.
- A humanidade a princípio contava dois, depois três, e finalmente tornou-se inumerável. Eles haviam sido imagens de Deus; mas após a Queda, tornaram-se imagens de si mesmos, imagens que se originaram no pecado. O pecado os colocou em comunicação com os anjos caídos. Eles buscavam todo o seu bem em si mesmos e nas criaturas ao seu redor, com as quais os anjos caídos tinham conexão; e dessa mistura interminável, desse afundamento de suas nobres faculdades em si mesmos e na natureza caída, brotou a maldade e a miséria múltiplas.
- Meu esposo mostrou-me isso de forma clara, distinta, inteligível, mais claramente do que se vê as coisas da vida cotidiana. Na época, pensei que uma criança poderia compreender, mas agora não consigo repetir. Ele mostrou-me todo o plano da Redenção, com a maneira como seria efetuado, bem como tudo o que Ele mesmo havia feito. Vi que não é correto dizer que Deus não precisava ter se tornado homem, não precisava ter morrido por nós na Cruz. Vi que Ele fez o que fez em conformidade com Sua própria infinita perfeição, Sua misericórdia e Sua justiça; e ainda assim, que não há necessidade em Deus, Ele faz o que faz, Ele é o que é!
- Após a Queda do homem, Deus revelou aos anjos Seu plano para a restauração da raça humana. Vi o trono de Deus. Vi a Santíssima Trindade e um movimento nas Pessoas Divinas. Vi os nove coros de anjos e Deus anunciando-lhes o modo pelo qual restauraria a raça caída. Vi a inexprimível alegria e jubilo dos anjos com o anúncio. Acima dos anjos no Céu, vi a imagem da Virgem. Não era Maria no tempo; era Maria na eternidade, Maria em Deus.
- Vi em imagens o mistério da Redenção, desde a Promessa até a plenitude dos tempos, e em imagens laterais vi influências contrárias em ação. Por fim, sobre a rocha brilhante, vi uma igreja grande e magnífica. Era a Igreja Una, Santa, Católica, que traz em si mesma a salvação do mundo inteiro. A conexão dessas imagens umas com as outras e sua transição de uma para outra era maravilhosa. Mesmo o que era mau e oposto ao fim em vista, mesmo o que foi rejeitado pelos anjos como inadequado, foi feito servil ao desenvolvimento da Redenção.
- Vi Melquisedeque como um anjo e um tipo de Jesus, como um sacerdote na Terra; na medida em que o sacerdócio está em Deus, ele era um anjo sacerdote da hierarquia eterna. Vi-o preparando, fundando, edificando e separando a família humana, e agindo como um guia para eles. Vi também Enoque e Noé, o que representavam, o que efetuavam; por outro lado, vi o império do Inferno sempre ativo e as infinitamente variadas manifestações e efeitos de uma idolatria terrena, carnal e diabólica. E vi em todas essas manifestações formas e figuras pestilentas semelhantes, levando, por assim dizer, por uma necessidade secreta e inata e um processo ininterrupto de dissolução ao pecado e à corrupção. Dessa maneira, vi o pecado e as figuras proféticas e prefigurativas da Redenção que, em seu modo, eram imagens do poder divino, assim como o próprio homem é imagem de Deus. Tudo me foi mostrado, desde Abraão até Moisés, desde Moisés até os Profetas, também a maneira como estavam conectados e sua referência a tipos semelhantes em nossos dias.
- Vi Adão e Eva chegarem à Terra, seu lugar de penitência. Oh, que cena comovente — aquelas duas criaturas expiando sua falta sobre a Terra nua! Adão havia sido autorizado a trazer um ramo de oliveira do Paraíso, e agora ele o plantou. Mais tarde, a Cruz foi feita de sua madeira. Adão e Eva estavam indescritivelmente tristes. Onde os vi, mal conseguiam vislumbrar o Paraíso, e estavam constantemente descendo mais e mais. Parecia que algo girava, e eles finalmente chegaram, através da noite e da escuridão, ao lugar miserável e desolado onde tinham que fazer penitência.
- Por fim, tive uma visão na Terra, como Deus havia mostrado a Adão; isto é, que uma Virgem surgiria e restauraria a ele a salvação que ele havia perdido. Adão não sabia quando isso aconteceria, e vi sua profunda tristeza porque Eva lhe dava apenas filhos. Mas, finalmente, ela teve uma filha.
GLÓRIA AO PAI
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e sempre, por todos os séculos. Amém.
ORAÇÃO DE FÁTIMA
Ó meu Jesus, perdoai-nos os nossos pecados, livrai-nos do fogo do inferno, levai todas as almas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem da Vossa misericórdia.
O Nascimento da Virgem Imaculada Maria a São Joaquim e Santa Ana
Fruto deste Mistério: Amor à Santa Pureza.
Quando Maria nasceu, vi-a ao mesmo tempo diante da Santíssima Trindade no Céu e na Terra, nos braços de Ana. Vi a alegria de toda a corte celestial. Vi todos os seus dons e graças revelados a ela de maneira sobrenatural. Muitas vezes tenho tais visões, mas são para mim indescritíveis e, para outros, ininteligíveis; por isso, guardo silêncio a respeito delas. Maria também foi instruída em inúmeros mistérios. Quando essa visão terminou, a criança chorou na Terra. Vi a notícia do nascimento de Maria anunciada também no Limbo, e contemplei os transportes de alegria com que foi recebida pelos Patriarcas, especialmente por Adão e Eva, que se regozijaram porque a Promessa feita a eles no Paraíso agora se cumpria. Vi também que os Patriarcas aumentaram em graça, sua morada tornou-se mais iluminada e menos restrita, e eles começaram a exercer uma influência maior na Terra. Era como se todas as suas boas obras, toda a sua penitência, todos os esforços de sua vida, todos os seus desejos e aspirações tivessem finalmente dado fruto. Toda a natureza, animada e inanimada, homens e animais, foram movidos à alegria, e ouvi um canto doce. Mas os pecadores foram tomados de angústia e remorso. Vi, especialmente ao redor de Nazaré e em outras partes da Palestina, muitas almas possessas que, na hora do nascimento de Maria, ficaram perfeitamente furiosas. Elas soltaram gritos horríveis e foram atiradas e lançadas de um lado para o outro. Os demônios gritavam dentro delas: “Precisamos sair! Uma virgem nasceu, e há na Terra tantos anjos que nos atormentam. Precisamos sair, e nunca mais ousaremos possuir esses seres humanos!”.
PAI NOSSO
Pai Nosso que estais nos céus, santificado seja o Vosso nome. Venha a nós o Vosso reino. Seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
AVE MARIA x10
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.
MEDITAÇÕES
- Entre os anjos, notei uma espécie de custódia na qual todos trabalhavam. Ela tinha a forma de uma torre, e nela estavam gravados todos os tipos de símbolos misteriosos. Perto dela, de cada lado, estavam duas figuras, cujas mãos unidas a abraçavam. A cada instante, ela se tornava maior e mais magnífica. Vi algo de Deus passando pelos coros angélicos e entrando na custódia. Era uma Coisa Sagrada brilhante, e ela se tornava mais claramente definida à medida que se aproximava da custódia. Pareceu-me ser o germe da Bênção divina para uma descendência pura, que havia sido dada a Adão, mas retirada quando ele estava prestes a responder a Eva e a consentir em comer o fruto proibido. Era a Bênção que foi novamente concedida a Abraão, retirada de Jacó, depositada por Moisés na Arca da Aliança e, finalmente, recebida por Joaquim, o pai de Maria, para que Maria pudesse ser tão pura e imaculada em sua Conceição quanto Eva ao sair do lado de Adão adormecido.
- Ana era especialmente querida por seus pais. Vi-a quando criança. Ela não era extraordinariamente bela, embora mais bonita do que algumas outras. Sua beleza não podia ser comparada à de Maria, mas ela era extraordinariamente piedosa, infantil e inocente. Ela era a mesma em todas as idades, como vi, como jovem, como mãe e como uma pequena avó. Sempre que via uma velha camponesa muito infantil, pensava: “Ela é como Ana”. Quando tinha cinco anos, Ana foi levada ao Templo, como Maria foi mais tarde. Lá, ela permaneceu doze anos, retornando para casa no seu décimo sétimo ano. Cerca de dezoito meses depois, Ana, então com dezenove anos, casou-se com Heli, ou Joaquim. Ela fez isso em obediência à direção espiritual de um Profeta. Por causa da proximidade da vinda do Salvador, ela se casou com Joaquim, da Casa de Davi, pois Maria deveria pertencer à Casa de Davi; caso contrário, ela teria que escolher seu esposo entre os levitas da tribo de Aarão, como todos de sua raça haviam feito. Ela teve muitos pretendentes e, no momento da decisão do Profeta, ainda não conhecia Joaquim. Ela o escolheu apenas por direção sobrenatural.
- E agora o santo casal começou a vida conjugal. Seu único objetivo era, por uma vida agradável a Deus, atrair sobre si a bênção pela qual suspiravam. Vi ambos indo e vindo entre seus rebanhos. Eles os dividiam em três partes e levavam a melhor para o Templo. Os pobres recebiam a segunda parte, e a pior era mantida para si mesmos. Eles agiam da mesma maneira com tudo o que lhes pertencia.
- Ana tinha a certeza, a firme crença de que a vinda do Messias estava muito próxima, e que ela mesma estaria entre os Seus parentes segundo a carne. Sua oração era contínua, e ela constantemente buscava maior pureza. Haviam-lhe revelado que ela daria à luz uma criança de bênção. Durante dezenove anos e cinco meses após o nascimento dessa primeira criança, Joaquim e Ana foram estéreis. Eles viviam em oração e sacrifício contínuos, em mortificação e continência.
- A ansiedade de ambos e seu anseio pela bênção prometida haviam atingido o ápice. Muitos de seus conhecidos os repreendiam por causa de sua esterilidade, que atribuíam a alguma maldade. Joaquim muitas vezes permanecia longe com seu rebanho, quando Ana já havia suplicado a Deus que não a separasse de Joaquim, seu piedoso esposo, embora Ele tivesse permitido privá-la de filhos. Um anjo apareceu a ela. Ele pairou acima dela no ar. Disse-lhe para acalmar seu coração, pois o Senhor ouvira sua oração; que ela deveria na manhã seguinte ir com duas de suas servas ao Templo de Jerusalém; que lá, sob o Portão Dourado, entrando pelo lado do vale de Josafá, ela encontraria Joaquim, que já estava a caminho; que a oferta de Joaquim seria aceita, que sua oração seria ouvida e que ele (o anjo) também havia aparecido a Joaquim. O anjo também orientou Ana a levar algumas pombas como oferta e prometeu que o nome da criança que ela logo conceberia seria revelado a ela.
- Ana agradeceu ao Senhor e voltou para casa. Quando, após sua longa oração, ela adormeceu em seu leito, vi uma luz descendo sobre ela. A luz a envolveu, sim, até a penetrou. Vi-a, por uma percepção interior, acordar tremendo e sentar-se ereta. Perto dela, à direita, ela viu uma figura luminosa escrevendo na parede em grandes caracteres hebraicos brilhantes. Li e entendi a escrita palavra por palavra. Era algo assim: que ela deveria conceber, que o fruto de seu ventre seria totalmente especial e que a Bênção recebida por Abraão seria a fonte dessa concepção. Vi a ansiedade de Ana sobre como comunicar tudo isso a Joaquim; mas o anjo a tranquilizou, contando-lhe sobre a visão de Joaquim.
- O anjo disse a Joaquim: “Ana conceberá uma criança imaculada, da qual nascerá o Redentor do mundo”. O anjo também lhe disse para não se entristecer por sua esterilidade, que não era uma desgraça para ele, mas uma glória, pois o que sua esposa conceberia não seria dele, mas através dele, um fruto de Deus, o ponto culminante da Bênção dada a Abraão. Vi que Joaquim não conseguia compreender essas palavras. Então, o anjo o levou para trás da cortina que ocultava a grade diante do Santo dos Santos. O espaço entre a cortina e a grade permitia que ele ficasse de pé. Então, o anjo segurou diante do rosto de Joaquim uma bola brilhante que refletia como um espelho. Joaquim soprou sobre ela e olhou para dentro. Vi-a pairando no ar e, como se através de uma abertura, inúmeras e maravilhosas imagens entraram nela. Eram como um mundo inteiro, uma imagem surgindo da outra. No ponto mais alto aparecia a Santíssima Trindade, e abaixo, de um lado, estavam o Paraíso, Adão e Eva, a Queda, a Promessa de um Redentor, Noé, a Arca, cenas relacionadas a Abraão e Moisés, a Arca da Aliança e numerosos símbolos de Maria. Vi cidades, torres, portais, flores, todos maravilhosamente conectados por raios de luz como pontes. Todos eram atacados e combatidos por bestas e espíritos, que, no entanto, eram repelidos por todos os lados pelos fluxos de luz que irrompiam sobre eles.
- Vi Joaquim e Ana abraçando-se em êxtase. Eles estavam cercados por hostes de anjos, alguns flutuando sobre eles carregando uma torre luminosa como a que vemos nas imagens da Ladainha de Loreto. A torre desapareceu entre Joaquim e Ana, ambos envoltos em luz e glória brilhantes. No mesmo momento, os céus acima deles se abriram, e vi a alegria da Santíssima Trindade e dos anjos pela Conceição de Maria. Tanto Joaquim quanto Ana estavam em um estado sobrenatural. Aprendi que, no momento em que se abraçaram e a luz brilhou ao seu redor, a Conceição Imaculada de Maria foi realizada. Também me disseram que Maria foi concebida exatamente como a concepção teria sido realizada, não fosse pela queda do homem.
- Ana sentiu que sua hora estava próxima e desejou que as parentes rezassem com ela. Todas se retiraram atrás de uma cortina que ocultava um oratório. Ana abriu as portas de um pequeno armário embutido na parede. Ela se ajoelhou diante do santuário, uma das mulheres de cada lado e a terceira atrás dela. Novamente ouvi-as recitando um Salmo. Acho que a sarça ardente no Horeb foi mencionada nele. E agora uma luz sobrenatural começou a encher a câmara e a pairar ao redor de Ana. As três mulheres caíram prostradas como se estivessem atordoadas. Ao redor de Ana, a luz assumiu a forma exata da sarça no Horeb, de modo que não pude mais vê-la. A chama fluía para dentro, e de repente vi Ana recebendo em seus braços a criança brilhante, Maria. Ela a envolveu em seu manto, apertou-a contra o coração, colocou-a no banco diante das relíquias e continuou sua oração.
- Então ouvi a criança chorar e vi Ana tirando um pouco de linho de baixo do grande véu que a envolvia. Ela envolveu a criança primeiro em cinza e depois em vermelho, deixando o peito, os braços e a cabeça descobertos, e então a sarça luminosa desapareceu. As santas mulheres se levantaram e, com alegre surpresa, receberam a criança recém-nascida em seus braços. Elas choraram de alegria. Todas entoaram um hino de louvor enquanto Ana segurava a criança no alto. Vi a câmara novamente cheia de luz e miríades de anjos. Eles anunciaram o nome da criança, cantando: “No vigésimo dia, esta criança será chamada Maria”. Então cantaram Glória e Aleluia. Ouvi todas essas palavras. Uma das mulheres foi chamar Joaquim. Ele entrou, ajoelhou-se ao lado do leito de Ana, e suas lágrimas caíram em torrentes sobre a criança. Então ele a pegou, ergueu-a e entoou um cântico de louvor semelhante ao de Zacarias. Ele proferiu palavras que expressavam seu desejo de morrer agora e aludiu à Bênção dada por Deus a Abraão e aperfeiçoada nele, também à raiz de Jessé.
GLÓRIA AO PAI
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e sempre, por todos os séculos. Amém.
ORAÇÃO DE FÁTIMA
Ó meu Jesus, perdoai-nos os nossos pecados, livrai-nos do fogo do inferno, levai todas as almas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem da Vossa misericórdia.
A Apresentação de Maria no Templo como Menina
Fruto deste Mistério: O Dom da Piedade.
Quando Maria entrou no templo, vi acima do coração de Maria a glória e o Mistério da Arca da Aliança. No início, parecia exatamente como a Arca da Aliança; e, por fim, como o próprio Templo. Do Mistério e diante do peito de Maria, surgiu um cálice semelhante ao da Última Ceia; acima dele e logo em frente à sua boca apareceu um pão marcado com uma cruz. Raios de luz irradiavam ao seu redor, e neles brilhavam seus vários tipos e símbolos. As imagens misteriosas da Ladainha de Loreto e os outros nomes e títulos de Maria vi alinhados por toda a escadaria e ao seu redor. De seus ombros, à direita e à esquerda, estendiam-se um ramo de oliveira e um ramo de cedro em forma de cruz acima de uma elegante palmeira com um pequeno tufo de folhas que ficava diretamente atrás dela. Nos espaços entre essa cruz verdejante, apareciam todos os instrumentos da Paixão de Cristo. Sobre a visão pairou o Espírito Santo, uma figura alada de glória, de aparência mais humana que semelhante a uma pomba. Os céus se abriram acima de Maria, e o ponto central da Jerusalém Celestial, a Cidade de Deus, flutuou sobre ela com todos os jardins, palácios e moradas dos futuros santos. Anjos em miríades pairaram ao redor, e a glória que a cercava estava repleta de rostos angélicos. Ah, quem pode expressar isso! Variedade infinita, mudança incessante, todas essas imagens seguindo rapidamente umas às outras e, por assim dizer, surgindo umas das outras. Inúmeros detalhes dessa visão eu esqueci. Todo o esplendor e magnificência do Templo, a parede ricamente ornamentada diante da qual Maria estava — tudo ficou escuro e sombrio. O Templo inteiro desapareceu, pois apenas Maria e sua glória eram visíveis.
PAI NOSSO
Pai Nosso que estais nos céus, santificado seja o Vosso nome. Venha a nós o Vosso reino. Seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
AVE MARIA x10
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.
MEDITAÇÕES
- Maria tinha três anos e três meses quando fez o voto de se unir às virgens no Templo. Ela era muito delicada e tinha cabelos dourados que tendiam a enrolar nas pontas. Ela já era tão alta quanto uma criança de cinco ou seis anos aqui em nosso país. Vi na casa de Ana os preparativos para a admissão de Maria no Templo. Isso foi feito em uma grande festa. Cinco sacerdotes haviam se reunido de Nazaré, Séforis e outros lugares, entre eles Zacarias e um filho do irmão do pai de Ana. Eles estavam prestes a realizar uma cerimônia sagrada sobre a criança Maria, uma espécie de exame para ver se ela era suficientemente madura em mente para ser admitida no Templo. Além dos sacerdotes, estavam presentes a irmã de Ana de Séforis e sua filha mais velha, Maria Heli com seu filho, e várias outras meninas e parentes.
- As vestes usadas pela criança nesta festa foram cortadas pelos próprios sacerdotes, e as diferentes partes foram rapidamente costuradas pelas mulheres presentes. A criança foi vestida com elas em certos momentos, enquanto era submetida a uma série de interrogatórios. A cerimônia era em si muito grave e solene, embora os rostos dos sacerdotes idosos fossem às vezes iluminados por sorrisos de admiração às expressões e respostas da pequena Maria, e frequentemente era interrompida pelas lágrimas de Joaquim e Ana. Três trajes completos foram preparados para Maria e colocados nela em diferentes momentos durante a cerimônia, enquanto as perguntas e respostas continuavam. Tudo isso aconteceu em uma grande sala ao lado do salão de jantar.
- Os sacerdotes agora fizeram à criança todas as perguntas relativas à disciplina imposta no Templo. Maria então repetiu sua decisão de abster-se de carne, peixe e leite, de usar apenas uma certa bebida preparada com a medula de uma cana embebida em água. Maria expressou sua resolução de abster-se também de especiarias e frutas, com exceção de um tipo de fruta amarela que cresce em cachos. Eu as conheço bem. Crianças e pessoas pobres as comem naquele país. Ela disse também que se deitaria no chão duro e se levantaria três vezes por noite para orar. Ao ouvir isso, Ana e Joaquim choraram, e o idoso Joaquim apertou sua filha nos braços, dizendo: “Ah, minha filha, isso é muito difícil! Se você viver uma vida tão mortificada, eu, seu pobre velho pai, nunca mais a verei”. Essa cena foi muito comovente. Os sacerdotes responderam à criança que ela deveria, como as outras, se levantar apenas uma vez durante a noite, e estabeleceram outras condições mais brandas para ela.
- Finalmente, Maria foi abençoada pelos sacerdotes. Vi-a radiante de luz enquanto estava no pequeno altar, dois sacerdotes de cada lado dela e um à sua frente. Eles seguravam rolos de escrita e oraram sobre a criança, com as mãos estendidas sobre ela. Naquele momento, tive uma visão maravilhosa na criança Maria. Ela parecia, em virtude da bênção, tornar-se transparente. Nela havia uma glória, um halo de esplendor indescritível, e naquele halo apareceu o Mistério da Arca da Aliança, como em um vaso de cristal cintilante. Vi o coração de Maria se abrir como as portas de um templo, e a Coisa Sagrada da Arca da Aliança, em torno da qual um tabernáculo de pedras preciosas de múltiplos significados havia sido formado como um trono celestial, entrando em seu coração através dessa abertura, como a Arca da Aliança no Santo dos Santos, como a custódia no tabernáculo. Vi que, com isso, a criança Maria foi glorificada; ela pairou acima da terra. Com a entrada desse Sacramento no coração de Maria, que imediatamente se fechou sobre Ele, a visão desapareceu, e vi a criança toda penetrada por fervor ardente. Durante essa visão maravilhosa, vi que Zacarias recebeu uma certeza interior, uma advertência celestial de que Maria era o vaso escolhido do Mistério. Dele ele recebera um raio que aparecera figurativamente em Maria.
- Vi Joaquim, Ana e sua filha mais velha ocupados durante a noite arrumando e preparando para a viagem ao templo. Vi também dois meninos presentes. Eles não eram humanos. Eles apareceram ali de forma sobrenatural e com um significado espiritual. Eles carregavam estandartes longos enrolados em bastões com botões nas duas extremidades. O maior dos dois meninos veio até mim com seu estandarte desfraldado, leu e explicou-o para mim. A escrita parecia totalmente estranha para mim, as letras douradas invertidas. Uma letra representava uma palavra inteira. A língua soava desconhecida, mas eu a entendi da mesma forma. Ele me mostrou em seu rolo a passagem referente à sarça ardente de Moisés. Ele me explicou como a sarça queimava, mas não era consumida; assim agora a criança Maria estava inflamada com o fogo do Espírito Santo, mas em sua humildade ela não sabia disso. Significa também a Divindade e a Humanidade em Jesus, e como o fogo de Deus se uniu à criança Maria. O ato de tirar as sandálias, ele explicou assim: “A Lei agora será cumprida. O véu é retirado, e a essência aparece”. O pequeno estandarte em seu bastão significava, como ele me disse, que Maria agora começava seu curso, sua carreira, para se tornar a Mãe do Redentor. O outro menino parecia estar brincando com seu estandarte. Ele pulava e corria com ele. Com isso, significava-se a inocência de Maria. A grande Promessa será cumprida nela, repousa sobre ela, e ainda assim ela brinca como uma criança nesse destino sagrado. Não consigo expressar a beleza desses meninos. Eles eram diferentes de todos os outros presentes, e estes últimos não pareciam vê-los.
- Além de Ana, havia cerca de seis parentes com seus filhos e alguns homens que as acompanhavam. Joaquim guiava o animal no qual a criança Maria às vezes montava. A pequena procissão foi acompanhada por aparições dos Profetas. Quando Maria saiu correndo de casa, eles me mostraram um lugar em seus rolos, onde estava declarado que, embora o Templo fosse realmente magnífico, Maria continha em si uma magnificência ainda maior. Maria se alegrava por estar agora tão perto do Templo. Joaquim a abraçou, chorando e dizendo: “Eu nunca mais a verei!”. Durante a refeição, Maria ia de um lado para o outro. Várias vezes ela se reclinou ao lado de Ana à mesa ou ficou atrás dela com o braço em volta de seu pescoço.
- Vi a chegada da procissão em Jerusalém. Zacarias e os outros homens já haviam ido ao Templo, e agora Maria foi conduzida até lá pelas mulheres e virgens. Ana e sua filha mais velha, Maria Heli, com a filha pequena desta, Maria Cleofas, caminhavam à frente; então vinha Maria em seu segundo traje, o vestido e manto azul-celeste, seu pescoço e braços adornados com grinaldas, e o castiçal enfeitado com flores em sua mão. De cada lado caminhavam três meninas com castiçais semelhantemente enfeitados. Elas estavam vestidas de branco bordado com ouro e usavam mantos azulados. Estavam completamente cobertas de grinaldas, até os braços estavam entrelaçados com flores. Em seguida, vinham as outras virgens e meninas, cerca de vinte no total, todas vestidas lindamente, mas de maneira um pouco diferente, embora todas usassem mantos.
- Após o sacrifício ser oferecido, que Joaquim havia fornecido, um altar portátil foi montado sob o portal arqueado, e diante dele foram colocados alguns degraus. Zacarias e Joaquim, com alguns sacerdotes e dois levitas, entraram do pátio do altar dos holocaustos, carregando rolos e materiais de escrita, enquanto Ana levava Maria aos degraus diante do altar. Maria ajoelhou-se nos degraus, enquanto Joaquim e Ana, colocando as mãos sobre sua cabeça, proferiram algumas palavras referentes à oferta de sua filha, que foram escritas pelos dois levitas. Então, um dos sacerdotes cortou uma mecha de cabelo da cabeça da criança e a lançou sobre uma panela de brasas vivas, após o que colocou sobre ela um véu marrom. Durante essa cerimônia, as meninas cantaram o Salmo 44, Eructavit cor meum; os sacerdotes, o Salmo 49, Deus deorum Dominus; e os meninos tocavam seus instrumentos musicais.
- E agora os sacerdotes conduziram a Santíssima Virgem por uma longa escadaria na parede que separava o santuário do resto do Templo. Atrás de Maria e do outro lado da parede, um sacerdote estava de pé no altar do incenso, apenas metade de sua pessoa visível do ponto onde Maria e seus acompanhantes estavam colocados. Através de uma abertura feita para esse fim, podia-se lançar incenso sobre o altar sem entrar no pátio. O sacerdote que agora estava no altar do incenso era um santo homem idoso. Enquanto ele oferecia o sacrifício e a nuvem de incenso subia ao redor de Maria, tive uma visão que cresceu em magnitude até finalmente encher todo o Templo e obscurecê-lo.
- Após a celebração entre as meninas do templo, Maria foi conduzida à sua cela, a mais próxima do Santo dos Santos. Eu já havia visto muitas vezes a criança Maria tomada por um santo anseio pelo Messias e dizendo: “Oh, o Menino prometido nascerá logo? Oh, se eu pudesse ver esse Menino! Oh, se eu estiver viva quando Ele nascer!”, e ela derramava lágrimas de saudade pelo Salvador prometido. Maria foi criada no Templo sob os cuidados das matronas e ocupava-se com bordados, com todos os tipos de trabalhos ornamentais e com a limpeza das vestes sacerdotais e dos vasos pertencentes ao Templo. De suas celas, as virgens podiam ver o Templo e oravam e meditavam. Elas eram, pelo fato de seus pais as terem colocado lá, totalmente dedicadas ao Senhor. Ao atingirem uma certa idade, eram dadas em casamento, pois havia entre os israelitas mais esclarecidos a piedosa, embora secreta, esperança de que de uma virgem dedicada a Deus nasceria o Messias.
GLÓRIA AO PAI
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e sempre, por todos os séculos. Amém.
ORAÇÃO DE FÁTIMA
Ó meu Jesus, perdoai-nos os nossos pecados, livrai-nos do fogo do inferno, levai todas as almas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem da Vossa misericórdia.
Os Castos Esponsais de Maria e José
Fruto deste Mistério: Honra à Santa Castidade de São José.
Os esponsais de Nossa Senhora e São José ocorreram, creio eu, no dia 23 de janeiro. Eles foram celebrados em Jerusalém, no Monte Sião, em uma casa frequentemente usada para tais festas. As sete virgens que deveriam deixar o Templo com Maria já haviam partido. Elas foram chamadas de volta para acompanhar Maria em sua jornada festiva a Nazaré, onde Ana já havia preparado sua pequena casa. A festa de casamento durou sete ou oito dias. As mulheres e as virgens, companheiras de Maria no Templo, estavam presentes, assim como muitos parentes de Joaquim e Ana, e duas filhas de Gofna. Muitos cordeiros foram abatidos e oferecidos em sacrifício.
PAI NOSSO
Pai Nosso que estais nos céus, santificado seja o Vosso nome. Venha a nós o Vosso reino. Seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
AVE MARIA x10
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.
MEDITAÇÕES
- José era o terceiro de seis irmãos. Seus pais moravam em uma grande mansão fora de Belém. Era a antiga casa de Davi, mas no tempo de José apenas as paredes principais ainda existiam. O nome de seu pai era Jacó. Quando José tinha talvez oito anos, ele era muito diferente de seus irmãos, muito talentoso e aprendia rapidamente; mas era simples em seus gostos, gentil, piedoso e sem ambições. Os outros meninos costumavam pregar-lhe todo tipo de brincadeiras e batiam nele à vontade, mas ele suportava tudo com paciência.
- Os pais de José não estavam muito satisfeitos com ele. Eles gostariam que ele, por causa de seus talentos, se preparasse para uma posição no mundo. Mas ele era muito desapegado para tais objetivos, não tinha desejo algum de se destacar. Ele talvez tivesse cerca de doze anos quando eu o via frequentemente além de Belém, em frente à Gruta da Manjedoura, orando com algumas mulheres judias muito piedosas e idosas. José era profundamente piedoso; ele orava muito pela vinda do Messias.
- Pouco antes de ser chamado a Jerusalém para seus esponsais com Maria, José teve a ideia de preparar um oratório mais isolado em sua casa. Mas um anjo apareceu a ele em oração e disse-lhe para não fazer isso; que, assim como nos tempos antigos, o Patriarca José se tornou, por designação de Deus, o administrador dos celeiros do Egito, agora a ele o celeiro da Redenção seria confiado. Em sua humildade, José não conseguia compreender o significado disso e, por isso, entregou-se à oração.
- Havia outras sete virgens que estavam com Maria para serem dispensadas do Templo e dadas em casamento. Por isso, Santa Ana foi a Jerusalém para estar com Maria, que estava triste com a ideia de deixar o Templo. Mas ela foi informada de que deveria se casar.
- O sacerdote orava sentado diante de um rolo de escrituras, e em visão sua mão foi colocada sobre aquele versículo no Profeta Isaías (Is. 11:1) em que está escrito que sairá uma vara da raiz de Jessé e uma flor brotará de sua raiz.
- Então vi que todos os homens solteiros da Casa de Davi foram convocados ao Templo. Muitos deles apareceram em trajes festivos, e Maria foi conduzida à sua presença. Vi um entre eles, um jovem muito piedoso da região de Belém, que sempre orara ardentemente para ser permitido servir ao advento do Messias. Grande era seu desejo de se casar com Maria. Mas Maria chorou; ela não queria tomar um marido. Então, o sumo sacerdote deu a cada um dos pretendentes um ramo que deveria ser segurado na mão durante a oferta de oração e sacrifício. Depois disso, todos os ramos foram colocados no Santo dos Santos, com o entendimento de que aquele cujo ramo florescesse seria o marido de Maria.
- Agora, quando aquele jovem piedoso que tanto desejava se casar com Maria viu que seu ramo, junto com todos os outros, não havia florescido, ele se retirou para um salão fora do Templo e, com os braços erguidos a Deus, chorou amargamente. Os outros pretendentes deixaram o Templo, e aquele jovem correu para o Monte Carmelo, onde, desde os dias de Elias, eremitas haviam morado. Ele se estabeleceu no monte e lá passou seus dias em oração pela vinda do Messias.
- Vi os sacerdotes, depois disso, procurando em diferentes rolos de escrituras em busca de outro descendente da Casa de Davi, um que não se apresentara entre os pretendentes à mão de Maria. E lá eles descobriram que, entre os seis irmãos de Belém, um era desconhecido e ignorado. Eles o procuraram e assim descobriram o retiro de José, a seis milhas de Jerusalém, perto de Samaria. Era um lugar pequeno, perto de um riacho. Lá José morava sozinho em uma casa humilde perto da água e trabalhava como carpinteiro sob outro mestre. Ele foi informado de que deveria ir ao Templo. Ele foi, portanto, vestido com suas melhores roupas. Um ramo foi dado a ele. Quando ele estava prestes a colocá-lo sobre o altar, ele floresceu no topo em uma flor branca como um lírio. Ao mesmo tempo, vi uma luz como o Espírito Santo pairando sobre ele. Ele foi então levado a Maria, que estava em seu aposento, e ela o aceitou como seu esposo.
- Tive uma visão clara de Maria em seu vestido de noiva. Ana havia trazido todas as roupas bonitas, mas Maria era tão modesta que só com relutância permitiu que a vestissem com elas. A Santíssima Virgem tinha cabelos castanho-avermelhados, sobrancelhas escuras, finas e arqueadas, uma testa muito alta, olhos grandes e voltados para baixo com longos cílios escuros, um nariz reto e uma boca adorável em torno da qual brincava uma expressão muito nobre. Ela era de altura média e se movia com muita suavidade e gravidade, parecendo muito tímida em suas ricas vestes.
- Depois, vi José e Maria na casa de Nazaré. José tinha um aposento separado na frente da casa, um quarto triangular deste lado da cozinha. Tanto Maria quanto José eram tímidos e reservados na presença um do outro. Eles eram muito quietos e cheios de oração.
GLÓRIA AO PAI
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Assim como era no princípio, agora e sempre, por todos os séculos. Amém.
ORAÇÃO DE FÁTIMA
Ó meu Jesus, perdoai-nos os nossos pecados, livrai-nos do fogo do inferno, levai todas as almas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem da Vossa misericórdia.
ORAÇÕES FINAIS
SALVE, RAINHA
Salve, Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, salve! A vós bradamos, os degredados filhos de Eva. A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei. E depois deste desterro, mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre. Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria.
Rogai por nós, santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Oremos
Ó Deus, cujo Filho unigênito, por Sua vida, morte e ressurreição, nos adquiriu as recompensas da vida eterna, concedei, nós vos suplicamos, que, meditando sobre estes mistérios do Santíssimo Rosário da Bem-Aventurada Virgem Maria, possamos imitar o que eles contêm e obter o que prometem. Pelo mesmo Cristo, nosso Senhor. Amém.
ORAÇÃO A SÃO MIGUEL ARCANJO
São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate. Sede o nosso refúgio contra as maldades e ciladas do demônio. Ordene-lhe Deus, instantemente o pedimos, e vós, Príncipe da Milícia Celeste, pelo poder divino, precipitai no inferno a Satanás e a todos os espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as almas. Amém.
LEMBRAI-VOS (MEMORARE)
Lembrai-vos, ó piedosíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que recorreram à vossa proteção, imploraram o vosso auxílio e buscaram a vossa intercessão fosse por vós desamparado. Animado, pois, com igual confiança, a vós recorro, ó Virgem das virgens, minha Mãe. A vós venho, diante de vós me prostro, gemendo sob o peso dos meus pecados. Não desprezeis as minhas súplicas, ó Mãe do Verbo Encarnado, mas dignai-vos de as ouvir e atender. Amém.
Que a Assistência Divina permaneça sempre conosco, e que as almas dos fiéis defuntos, pela misericórdia de Deus, descansem em paz. Amém.